Guilherme Parana�ba e Jo�o Henrique do Vale
O relat�rio feito pela consultoria das empresas CGP e RCK para a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) em mais tr�s viadutos da Pedro I indicou que todos os seis elevados constru�dos para o alargamento da avenida apresentaram erros de c�lculo e estruturais. As interven��es sugeridas buscam adequar as constru��es � atualiza��o de uma das regras da Associa��o Brasileira de Normas T�cnicas (ABNT), de acordo com o presidente do Instituto Brasileiro de Avalia��es e Per�cias de Engenharia de Minas Gerais (Ibape/MG), Cl�menceau Chiab. O estudo, apresentado ontem ao Minist�rio P�blico de Minas Gerais (MPMG), sugeriu o monitoramento das estruturas. Segundo o promotor Eduardo Nepomuceno, da Promotoria de Justi�a de Defesa do Patrim�nio P�blico de BH, as obras nos elevados devem gerar custo extra de aproximadamente R$ 1 milh�o aos cofres p�blicos.
O estudo para corre��es nos viadutos Oscar Niemeyer, Monte Castelo e Jo�o Samaha, que foi apresentado ontem a Nepomuceno, aponta a��es que ser�o detalhadas nos pr�ximos seis meses pelas pr�prias CGP e RCK, conforme o contrato celebrado com a PBH, segundo o chefe da Superintend�ncia de Desenvolvimento da Capital (Sudecap), Humberto Abreu. “O contrato que temos garante o detalhamento das a��es. Depois, vamos chamar a Cowan e fazer os ajustes. Na hora em que forem apontadas as responsabilidades pelo inqu�rito civil, vamos cobrar o ressarcimento dos respons�veis”, diz Humberto Abreu.
Por meio de nota, a Sudecap, informou que a prefeitura avaliar� a melhor forma de viabilizar a execu��o das interven��es. “Os projetos para as interven��es nos tr�s elevados est�o sendo desenvolvidos pela CGP e o prazo previsto para a conclus�o � de 180 dias.”
De acordo com o relat�rio, os viadutos Oscar Niemeyer, Monte Castelo e Jo�o Samaha, al�m do Montese e Gil Nogueira, que tamb�m fazem parte do conjunto de estruturas da Pedro I, apresentaram erros de c�lculo, al�m de outros problemas. O Batalha do Guararapes foi implodido. “Basicamente os erros apontados se referem a problemas estruturais, como arma��o e erros de c�lculos, que, segundo o trabalho da consultoria, n�o comprometem a estrutura e a estabilidade, mas exigem as corre��es, para evitar fissuras nas estruturas dos viadutos e para aumentar a durabilidade das obras”, explica Nepomuceno.
A Sudecap vai contratar um projeto executivo que vai detalhar qual interven��o ser� feita em cada viaduto. Esse estudo deve ser feito pelas pr�prias empresas CGP e RCK, que fizeram a consultoria. “A obra (de corre��o) no Gil Nogueira foi or�ada pela Sudecap em R$ 267 mil. Verificando caso a caso, dentro desse mesmo padr�o, podemos dizer que esse valor seja um par�metro para cada obra. Al�m disso, tem o valor da contrata��o dessa revis�o, que foi de R$ 200 mil, ent�o, temos um gasto extra de, aproximadamente, R$ 1 milh�o, em raz�o de um servi�o que foi malfeito”, afirma Nepomuceno. O MP informou que, futuramente, deve fazer uma an�lise t�cnica nos viadutos.
Hist�rico Todos os elevados constru�dos do zero pelas empresas Consol Engenheiros Consultores (projeto) e Construtora Cowan (obras) dentro da Meta 2 de implanta��o do BRT Ant�nio Carlos/Pedro I, denominada “Alargamento da Avenida Pedro I”, apresentaram problemas. A al�a sul do Batalha dos Guararapes caiu em julho de 2014, matando duas pessoas e ferindo 23. O Montese se deslocou 27 cent�metros e demorou nove meses para ser inaugurado. E o Gil Nogueira precisou de novos aparelhos de apoio por conta de erro no desenho do projeto.
O presidente do Ibape/MG, Cl�menceau Chiabi, explica que, no geral, a atualiza��o no ano passado da norma t�cnica 6118, da ABNT, fez com que os engenheiros que revisaram os projetos dos tr�s �ltimos viadutos encontrassem diverg�ncias. “Quando houve essa verifica��o eles acharam diferen�as de par�metros de c�lculos. Esse relat�rio da RCK n�o indica que est� tudo caindo, muito pelo contr�rio. Ele indica que n�o existe risco, mas s�o adequa��es que eles entendem como necess�rias”, afirma o especialista. Ele ainda avalia que as atitudes ser�o tomadas levando em considera��o o hist�rico, pois a margem de seguran�a usada para os c�lculos j� considera pelo menos o dobro da capacidade de carga dos viadutos.
No caso do Oscar Niemeyer, que liga os bairros Santa Am�lia e Itapo� pela Avenida Portugal, na Regi�o da Pampulha, Chiabi explica que o relat�rio aponta uma possibilidade de trincas no encontro do viaduto com as estruturas de conten��o em cada uma das extremidades com o passar do tempo. “O mais convencional � acrescentar vergalh�es de a�o e concreto, sem desmanchar o que j� est� feito, colocando mais por uma quest�o de durabilidade”, diz o engenheiro. Al�m disso, o projeto a ser detalhado nos pr�ximos 180 dias deve apontar tamb�m uma solu��o para diminuir a vibra��o da estrutura e, consequentemente, aumentar o tempo sem a necessidade de manuten��o.
O caso do Jo�o Samaha, que liga � Pedro I, no Bairro Planalto (Norte) � Rua Jo�o Samaha, no Bairro S�o Jo�o Batista (Venda Nova) � o mesmo do Oscar Niemeyer, no que diz respeito � vibra��o da estrutura. “A ideia � fazer reformas na estrutura para que ele vibre menos. Ele tem potencial de vibrar um pouco mais e se desgastar mais facilmente”, diz Cl�menceau Chiabi. Por fim, no Monte Castelo, que liga dois pontos da rua de mesmo nome entre os bairros Itapo� e Santa Branca (Pampulha), a solu��o inicial � simplesmente monitorar o comportamento da estrutura, pois, segundo o presidente do Ibape/MG, o relat�rio fala em uma possibilidade de atrito lateral de estaca. “N�o � que a estaca est� inferior, o viaduto n�o cedeu nada. O relat�rio da RCK descreve que n�o h� risco e sugere o monitoramento, pois houve diferen�a de crit�rio de c�lculo.”
A Sudecap, por meio de nota, informou que, no caso do Gil Nogueira, “a Consol concordou com a necessidade da interven��o sugerida pela CGP e RCK e se prontificou a detalhar a solu��o.” Entretanto, para os demais viadutos, o �rg�o declarou que “n�o houve tal concord�ncia e a Consol afirma serem desnecess�rias medidas corretivas.”
PROBLEMAS E SOLU��ES
Dados apresentados pelo MP com base no relat�rio das empresas CGP E RCK
Viaduto Monte Castelo
» Aus�ncia de arma��o de fretagem na cabe�a dos pilares
» Comprimento das estacas inferior
» Erro na mem�ria de c�lculo
» Armadura de casalhamento menor, com risco de fissuras no caix�o
» Armadura de fretagem menor para a protens�o
» Coeficiente de seguran�a nas estacas � menor que a norma NBR6122/2010
Sugest�o
» Monitoramento cont�nuo de recalques ou prova de carga para comprovar efici�ncia das estacas
Viaduto B – Oscar Niemeyer
» Erro na mem�ria de c�lculo
» Comprimento das estacas inferior
» Bloco B1 com arma��o inferior, reduzindo o fator de seguran�a
» Encontro E1 com arma��o de flex�o inferior
» Aus�ncia de arma��o de fretagem na cabe�a dos pilares
» Armadura de cisalhamento menor, com risco de aparecimento de fissuras
» Armadura de fretagem menor para a protens�o
» Inconsist�ncias no bloco B1 e estacas E1 e E3
» Necessidade de refor�o estrutural no bloco B1
Sugest�o
» Monitoramento de fissuras e cont�nuo de recalques do pilar P1, enquanto n�o realiza o refor�o
» Realiza��o de refor�o estrutural com inje��es de argamassa e medi��es de deslocamento no sentido fluxo.
Jo�o Samaha
» Necessidade de corre��o de c�lculo
» Aus�ncia de arma��o de fretagem dos pilares
» Sem armadura min�ma nos encontros
» Aparelhos de apoio dos pilares P1, P2 e encontro E2 com esfor�os suspensos aos padr�es
» Armadura de fretagem menor para a protens�o
Sugest�o
» Necessidade de refor�o estrutural no primeiro e segundo v�os
» Vistoria e trocas dos aparelhos de apoio