
Em a��es de vigil�ncia e repress�o pela aduana brasileira, em 2014, a Receita Federal apreendeu 9 toneladas de maconha, 700 quilos de coca�na, 43 quilos de crack e 248 mil comprimidos de ecstasy. O montante faz parte do trabalho da institui��o no combate �s drogas em todo o pa�s. Em campo, destaca-se a atua��o de c�es farejadores. Os 25 agentes K9 (termo usado pelas autoridades dos EUA para definir as unidades que usam esses animais), c�es pastores, desde 2009, aumentam o rigor na fiscaliza��o em territ�rio brasileiro. Treinados diariamente, os quatro patas s�o especialistas em revelar os mais criativos modos de oculta��o. Em Confins, na Grande BH, a capa preta Ivy, de 3 anos, � a mascote da Receita no Aeroporto Internacional Tancredo Neves. Desde a Copa do Mundo, a cadela pastor-alem�o refor�a a varredura pela seguran�a p�blica em Minas Gerais. O trabalho da Receita � feito em parceira com outros �rg�os de seguran�a, como a Pol�cia Federal.
Pesando 26 quilos, f�lego de filhote e for�a bruta da melhor fase adulta, Ivy tem rotina entre 3 e 4 horas de opera��es di�rias. Quando a K9 n�o est� trabalhando, ela treina. N�o h� bocado de maconha, coca�na, crack e ecstasy que a cadela n�o d� conta de localizar. D�cil, a agente n�o age com viol�ncia. Ao identificar a droga, a pastor, bem comportada, se senta e espera a companheira de opera��o. Paula Santos Almeida, de 39 anos, � a parceira oficial de Ivy. As duas formam a equipe especial sob o comando do inspetor-chefe, Orlando Soares dos Santos. Em Confins, a m�dia di�ria de rastreamento de volumes � de 250 no embarque e 400 no desembarque.
A atua��o “educada e cuidadosa” de Ivy, segundo Orlando, � fundamental para a filosofia de discri��o e respeito ao passageiro. “A miss�o da aduana brasileira, em primeiro lugar, � a seguran�a da sociedade. Em segundo, a arrecada��o”, ressalta o inspetor. O trabalho da cadela n�o est� restrito aos bastidores, pelas esteiras, ve�culos e compartimentos de bagagens. A K9 tamb�m circula pelos sal�es e corredores do aeroporto. A agente capa preta, elegante, de pelagem bem cuidada que s� ela, de olhar e express�o amig�veis, � atra��o especialmente para as crian�as no sagu�o. Durante a opera��o acompanhada pela reportagem do Estado de Minas, a cadela arrancou sorrisos de meninos e meninas. Os adultos mais desconfiados n�o demoram para perceber que o trabalho de Ivy – ao menos para ela – n�o passa de uma grande brincadeira.

CUMPLICIDADE
“A Ivy, agora, inventou de brincar com as pedras”, conta Paula. A analista tribut�ria, cuidadora e companheira de trabalho, precisa ter preparo f�sico de atleta para acompanhar a K9. O carinho e a cumplicidade entre as duas � de impressionar. Logo que Paula entra no canil, nos limites do s�tio aeroportu�rio, Ivy salta �s alturas. Quer brincar. Visivelmente feliz, a cadela apanha a pedra de quase um palmo para mostrar para a parceira. Brinca aqui e ali, faz o reconhecimento da equipe visitante e saracoteia para a sess�o de fotos. Ao ver o carro da patrulha, sob a orienta��o da companheira de miss�o, Ivy salta para a casinha no banco de tr�s. Esperta, conhece o caminho e a rotina da brincadeira de vigil�ncia e repress�o.
A a��o de Ivy n�o se limita ao aeroporto. A agente acaba de participar ativamente de a��o em Tr�s Marias, na Regi�o Central de Minas. A K9 esteve na companhia de outro funcion�rio da Receita, o t�cnico fazend�rio Gladyston Corr�a, de 56. Na opera��o, entre 7 e 11 de abril, foram apreendidos 82 quilos de maconha. Havia droga at� no estepe do autom�vel verificado. A agente, de faro infal�vel, brinca pela recompensa. O trabalho na estrada mineira foi em parceria com a Pol�cia Rodovi�ria Federal (PRF). Nos treinamentos com Paula, nas depend�ncias do aeroporto, Ivy identifica sem vacilar as drogas “plantadas” pela companheira. Gladyston, f� da K9, elogia: “A Ivy � muito inteligente. O trabalho dela � uma divers�o”.
Inova��o tecnol�gica
Ivy e a agente tribut�ria Paula Santos Almeida n�o est�o sozinhas no combate �s drogas na aduana no aeroporto de Confins. A Receita Federal conta com t�cnicos especializados e equipamento de raio-x com tecnologia de ponta, que varre eletr�nicos, moeda estrangeira, pedras preciosas e semipreciosas, materiais cir�rgicos, equipamentos m�dicos e drogas. Durante os 15 minutos, de tempo m�dio, de desembara�o das bagagens, os volumes passam por pente fino em opera��es sistem�ticas. No trabalho de bastidores, de acordo com o inspetor-chefe Orlando dos Santos, todo o cuidado � pouco pela seguran�a e conforto dos passageiros. Tanto quanto o apuro para identificar qualquer tipo de irregularidade.
De acordo com Santos, al�m da K9 e dos computadores de varredura, novos sistemas para dar celeridade ao desembara�o e monitorar suspeitos est�o aumentando a efici�ncia da Receita Federal no Brasil. “O e-DBV, aplicativo para Android e iOS, � uma declara��o eletr�nica para os viajantes internacionais”, explica. Orlando fala com entusiasmo, ainda para este ano, de um sistema avan�ado de informa��o, com leitura facial, que vai acompanhar todo o tr�nsito de passageiros sob suspeita. “O que vai permitir que o agente aborde apenas aquele que deve ser abordado”, ressalta. Para o ano que vem, o n�mero de c�es treinados, como Ivy, deve dobrar. Ser�o 50 agentes especiais.
Saiba mais/Aduana brasileira
A administra��o aduaneira – ou aduana – atua no controle e na fiscaliza��o de pessoas, mercadorias e ve�culos que entram e saem do pa�s. A aduana � um �rg�o do Estado que tem fun��es diretamente relacionadas � seguran�a p�blica, com o combate aos crimes de contrabando de armas, muni��es, drogas, descaminho e pirataria. No Brasil, de PIB na casa dos US$ 2,39 trilh�es, com 197 milh�es de habitantes e 8,5 milh�es de quil�metros quadrados, s�o 16,9 mil de fronteiras terrestres e 7,4 mil de orla mar�tima. Os servi�os aduaneiros contam com 41 terminais de carga em aeroportos; 209 instala��es portu�rias; 34 pontos de fronteira; 66 portos secos
e 7 centros log�sticos no interior do pa�s.