
O constrangimento provocado por moradores de rua na Pra�a da Liberdade, um dos principais cart�es-postais de Belo Horizonte, que atrai turistas pelo seu conjunto arquitet�nico e por ser um dos mais importantes circuitos culturais do pa�s, levou o secret�rio de estado da Cultura, Angelo Oswaldo, a pedir apoio da prefeitura da capital para resolver o problema conjuntamente. Em reuni�o na quarta-feira com representantes do Minist�rio P�blico e das pol�cias Militar e Civil, foram discutidas estrat�gias de inclus�o social dos andarilhos. Um novo encontro est� marcado para 6 de maio para definir um plano de a��o.
Segundo a secret�ria municipal de pol�ticas sociais, Luzia Ferreira, a reuni�o foi uma solicita��o de Angelo Oswaldo, para quem a situa��o tem atrapalhado a frequ�ncia na pra�a, causado constrangimento aos servidores e usu�rios do espa�o do p�blico, al�m de pequenos furtos, atitudes suspeitas, uso abusivo de �lcool e de drogas il�citas. “Isso tem criado dificuldades, segundo o secret�rio, pois o lugar � muito frequentado por crian�as e adolescentes”, informou Luzia Ferreira. A reuni�o ocorreu na Biblioteca P�blica Luiz de Bessa, que fica na pra�a e tamb�m vem sendo prejudicada pela presen�a dos moradores em situa��o de rua, segundo ela.
Na tarde de ontem, v�rios andarilhos ocupavam o sagu�o do anexo da biblioteca p�blica, onde espalham colch�es para dormir e atrapalham a passagem. Agressivos, ontem eles reagiram � presen�a da equipe do Estado de Minas com amea�as. “Eles tomam banho e lavam suas roupas nas fontes luminosas da pra�a. N�o podemos fazer nada, pois somos proibidos de recolher os pertences pessoais deles. A fiscaliza��o da prefeitura s� pode recolher fog�es e outros objetos que caracterizam moradia”, reclama o guarda municipal C�lio Rafael de Souza. Segundo ele, constantemente moradores de rua s�o abordados usando drogas. “Somos desacatados e acionamos a Pol�cia Militar para conduzi-los � delegacia. Constantemente somos acionados por pessoas v�timas de perturba��o do sossego. Eles ficam aqui direto, de dia e de noite, e sempre aparecem novatos”, disse o guarda.
A estudante de arquitetura Karine Helena Mota, de 25, disse que �s vezes fica imposs�vel estudar na biblioteca p�blica, por causa do barulho feito pelos moradores de rua. “O ambiente � muito desagrad�vel. Eles intimidam a gente. J� presenciei assalto no meio da tarde e fico com medo”, reclamou.
A corretora D�ris Arantes, de 50, mora no Edif�cio Niemeyer, em frente a pra�a, e reclama que os moradores de rua chegam a armar barracas na pra�a. “Eu me sinto intimidada. Meu filho sai para a escola e fico preocupada. H� pessoas que usam muita droga e quando se passa por eles � aquele cheiro forte. � noite, ficam gritando, brigando entre si e quebrando garrafas. J� reclamamos diversas vezes com a prefeitura, que n�o resolve nada. Alega que n�o pode tir�-los � for�a. Al�m de tudo, eles urinam na pra�a e o cheiro � horr�vel. Turistas chegam e encontram essa situa��o desagrad�vel”, desabafa.
A secret�ria Luzia Ferreira disse que est�o sendo planejadas a��es espec�ficas e que as abordagens aos moradores em situa��o de rua pelas equipes de assist�ncia social, psicologia e sa�de da prefeitura ser�o mais intensivas. “Vamos sensibiliz�-los a ir para alguns dos locais oferecidos pelo munic�pio, que s�o muitos, desde o Centro de Refer�ncia, onde eles podem passar o dia e tomar banho, at� os abrigos para dormir”, disse a secret�ria, lembrando alternativas como programas de qualifica��o profissional e encaminhamento ao emprego, bolsa-moradia e uma casa para aqueles que receberam alta hospitalar.

Dar teto � o desafio
O Censo da Popula��o de Rua do ano passado aponta em torno de 1,8 mil pessoas nessa situa��o na capital, das quais 1,4 mil apenas na Regi�o Centro-Sul, boa parte no hipercentro. O levantamento aponta que 60% desses moradores n�o s�o de Belo Horizonte. Muitos s�o de outros estados e h� cidad�os at� de outros pa�ses. Todos foram inclu�dos em um cadastro �nico, para que possam tirar documentos, e recebem carteira para tomar caf� da manh�, almo�ar e jantar nos restaurantes populares gratuitamente.
“Orientamos as pessoas que queiram ajud�-los para que fa�am contato com as secretarias de Assist�ncia Social e Pol�ticas Sociais, para discutirnmos a melhor forma de auxiliar. At� para que essa ajuda seja no sentido de criar condi��es para que esses cidad�os possam reconstruir as suas vidas e deixar as ruas. A gente n�o acredita que a rua seja um espa�o digno para as pessoas morarem, onde est�o sujeitas � viol�ncia, �s intemp�ries e � degrada��o humana de forma em geral”, disse a secret�ria municipal de pol�ticas sociais, Luzia Ferreira. Segundo ela, muitas dessas pessoas s�o dependentes de �lcool e drogas, com dificuldade de rela��o familiar. H� tamb�m portadores de sofrimento mental que muitas vezes s�o expulsos de casa pelas fam�lias.
Considerados esses aspectos e as a��es na �rea de assist�ncia social, a secret�ria n�o descarta um endurecimento de a��es no caso da Pra�a da Liberdade. “Decidimos fazer uma a��o mais permanente e mais intensiva neste momento, com apoio de todos os �rg�os. Ficou claro que os atos il�citos na Pra�a da Liberdade t�m afetado a todos. As pol�cias Civil e Militar t�m que nos apoiar nesse trabalho, pois o fato de ser morador em situa��o de rua n�o d� a ningu�m o direito de praticar atos il�citos. Qualquer cidad�o deve estar sujeito � lei”, afirmou Luzia Ferreira.
ACOLHIMENTO Para apoiar as interven��es relacionadas � popula��o de rua, ser� inaugurada amanh� a Unidade de Acolhimento F�bio Alves dos Santos, na Avenida Nossa Senhora de F�tima, 3.076, no Bairro Carlos Prates, Regi�o Oeste de Belo Horizonte. Trata-se de uma moradia tempor�ria para adultos do sexo masculino que deixaram as ruas e foram encaminhados ao emprego regular, com carteira assinada.