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Estado de Minas

Pai que luta contra o c�ncer realiza sonho de levar filha �nica ao altar

Representante comercial encontra for�as para enfrentar uma longa luta contra um linfoma e realizar o sonho de testemunhar o casamento da filha


postado em 04/05/2015 06:00 / atualizado em 04/05/2015 07:54

"Viu que present�o Deus reservou para mim? Ele est� de p�!" - Veridiana Viana, noiva (foto: Juarez Rodrigues/EM/DA Press)

O amor incondicional pela �nica filha, Veridiana Viana, levou o pai dela, Klinger Figueiredo Viana, de 60 anos, portador de c�ncer de linfoma n�o Hodgking, um dos tipos mais agressivos da doen�a, a encontrar for�as para superar a dor e conseguir levar a noiva at� o altar da Igreja de S�o Jos�, no Centro de Belo Horizonte. O casamento foi celebrado na noite de s�bado, em meio a muita emo��o dos convidados. O p�blico n�o conteve o entusiasmo ao ver Klinger de p�, atravessando firme a nave da igreja restaurada, extremamente elegante no terno cinza, enfeitado com uma rosa branca na lapela.


“Viu que present�o Deus reservou para mim? Ele est� de p�!”, derramou-se Veridiana, sob  risco de borrar a maquiagem antes mesmo de entrar na igreja, ao som dos acordes da marcha nupcial. Cerca de 15 minutos antes da hora marcada para o casamento, a noiva j� aguardava a chegada dos convidados dentro de um imponente Rolls Royce preto. O carro estava posicionado de frente para a porta principal, de modo que a noiva pudesse vigiar os passos do pai e tamb�m do noivo, o engenheiro Fernando Henrique dos Santos.

Ao contr�rio de muitos casamentos, em que se cria suspense para ver se o noivo realmente honrar� o compromisso, neste existiam d�vidas em rela��o � entrada do pai da nubente. At� o �ltimo segundo, ningu�m sabia dizer se Klinger daria conta de apoiar a filha at� a subida ao altar. Recostado em um carro, debilitado, ele esperava do lado de fora a chegada do grande momento. Estava amparado pela oncologista Maria Nunes �lvares, que acompanha de perto o andamento do caso cr�nico. “Como acima de tudo est� Deus, pode-se dizer que � um milagre a recupera��o do paciente, que ali�s � uma pessoa muito simp�tica, de �timo cora��o. A fam�lia � muito especial”, elogiou a m�dica, presente � cerim�nia. Segundo ela, a sobrevida m�dia deste tipo de c�ncer est� em torno de tr�s anos, ante os oito anos enfrentados por Klinger.

Convalescente das �ltimas tr�s cirurgias, no intervalo de seis meses, Klinger, que � representante comercial, estava hospitalizado at� o in�cio da semana passada, com a ajuda de sonda e cadeira de rodas. Em poucos dias, reuniu energia para se levantar da cama e apoiar o sonho maior de Veridiana. Em todas as ocasi�es importantes da vida da filha ele fez quest�o de estar junto. Estava internado nas v�speras do anivers�rio de 15 anos da menina, mas se recuperou a tempo de dan�ar a valsa. Da mesma forma, teve uma reca�da perto da formatura da mo�a, mas aprumou-se a ponto de v�-la recebendo o canudo de ge�grafa e engenheira ambiental.

"Gra�as a Deus n�o desisto da vida. Vou fazendo o gosto da minha filha" - Klinger Figueiredo Viana, pai da noiva (foto: Juarez Rodrigues/EM/DA Press)


Desde que foi diagnosticado com c�ncer, em 2006, Klinger j� foi submetido a cerca de 200 sess�es de quimioterapia, testou todos os tipos de medicamentos indicados para o caso e se submeteu a retiradas de tumores. Desenganado pelos m�dicos, atravessou cinco pneumonias, duas tromboses e quatro acidentes vasculares cerebrais (AVCs). Ele se tornou estudo de caso cl�nico em faculdades de medicina de Minas. “Em todos os grandes eventos da minha vida, disseram que meu pai n�o iria, mas ele sempre deu jeito de estar comigo”, confiava Veridiana na primeira entrevista concedida ao Estado de Minas, h� seis meses. Na ocasi�o, ela se negava a antecipar o casamento religioso em fun��o da doen�a do pai. Concordou apenas em adiantar o civil. “J� vi noivas que est�o na minha situa��o simularem casamentos de mentirinha s� para entrar na igreja de bra�os dados com o pai. Eu me recuso a fazer isso. Quer dizer que, depois que me casar, meu pai est� liberado para morrer? Nada disso”, desabafou ela, na �poca.

“Gra�as a Deus, n�o desisto da vida. Vou fazendo o gosto da minha filha, que � maravilhosa, e tamb�m do meu genro, Fernando. Se eles quiseram assim, ent�o vamos em frente”, confessou Klinger, pouco antes de se abrirem as portas principais da S�o Jos�. Ele tamb�m aproveitou a deixa para desejar a ambos sorte igual � que teve ao se casar com Helena Cristofolo, nem mais, nem menos. Novamente, ele contou com a compreens�o da esposa. Em vez de entrar duas vezes, uma com a mulher e outra com a filha, Klinger decidiu fazer uma �nica viagem at� o altar. Com os cabelos brancos e eleg�ncia natural, Helena entrou de bra�os dados com o afilhado, o sobrinho Jo�o Pedro, de 19.

Antes da apoteose da noiva, de bra�os dados ao pai, pisaram no tapete vermelho as cinco madrinhas em tons vermelhos, no estilo norte-americano, amigas de cada fase da vida de Veridiana. Em seguida veio a figura da porta-alian�as, que, em vez de crian�as, era representada pela av� materna da noiva, Genira, de 74 anos. Radiante, a av� ofereceu a todos os presentes um ros�rio fabricado pelas pr�prias m�os, feito de fuxicos brancos.

ORGULHO NOS BRA�OS DO PAI
  O auge da cerim�nia aconteceu finalmente com a apari��o da noiva, que n�o escondeu o orgulho de estar de bra�os dados com o pai. P� ante p�, acenando para os conhecidos, Klinger se manteve altivo durante os mais de 50 metros do corredor principal. S� se sentou depois de entregar a filha ao noivo. “Veridiana estava com medo de o pai n�o conseguir entrar. Mas ele foi at� o fim, firme e forte. Seus olhos se encheram de l�grimas ao passar a noiva para o Fernando. Quem estava bem perto, viu”, confidenciou uma das madrinhas.

Ao lado de Helena, sempre sentado no primeiro banco, o pai da noiva assistiu por inteiro � missa relativamente r�pida, que n�o se prolongou por mais de 40 minutos. Presenciou Veridiana e Fernando trocando as alian�as, com a promessa de permanecerem juntos para sempre, na sa�de e na doen�a, na alegria e na tristeza. Felizes da vida, os noivos agradaram aos presentes com um gesto de extrema delicadeza. Por meio da equipe do cerimonial, fizeram chegar �s m�os de cada convidado o ter�o de fuxicos, al�m de uma c�psula de vidro contendo min�sculas sementes de mostarda. Dentro, havia a seguinte mensagem: “Em verdade vos digo: se tiverdes f� como um gr�o de mostarda, nada vos ser� imposs�vel (Mateus 17,20)”. Menor de todas as sementes, o gr�o de mostarda germina uma grande �rvore, quando posto em solo f�rtil.

 


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