
O barulho das rodas das carretas rasgando o asfalto do Anel Rodovi�rio impressiona e indica que os ve�culos pesados est�o em alta velocidade, pouco antes do acesso ao Bairro Buritis, Regi�o Oeste de Belo Horizonte. O trecho no sentido Vit�ria faz parte dos cinco quil�metros da temida descida do Bet�nia, palco de trag�dias que s� foram controladas por conta dos seis radares instalados nesse peda�o da rodovia. O problema � que um desses equipamentos, posicionado a alguns metros da entrada para o Buritis, foi retirado por conta de uma batida h� mais de dois meses e n�o tem data para ser recolocado. A situa��o abriu brecha para abusos e cria um cen�rio de inseguran�a para quem usa o Anel diariamente. Enquanto motoristas d�o seta para a direita, sinalizando que pretendem entrar no bairro da Regi�o Oeste, aqueles que j� se acostumaram com a aus�ncia da fiscaliza��o eletr�nica aceleram e chegam a buzinar impacientes para quem reduz, antes de frear bruscamente para evitar uma batida.
Para o gerente comercial Vitor Figueiredo, de 51 anos, a inseguran�a agora faz parte do trajeto. “A entrada e a sa�da do Buritis pelo Anel n�o possuem �rea de escape e os acessos s�o feitos em 90 graus com rela��o � rodovia, o que demanda diminuir a velocidade. Para quem j� conhece a situa��o, o jeito � reduzir bem antes, para n�o correr o risco de ser surpreendido por caminh�es. Est� muito perigoso”, afirma. A dimens�o do problema pode ser vista pelas marcas de frenagem no asfalto da pista do lado direito do Anel no sentido Vit�ria. O pavimento foi recapeado recentemente pela Via 040, concession�ria respons�vel pelo trecho, e boa parte da faixa da direita j� est� bem marcada pelas freadas bruscas. Outro problema que a aus�ncia do radar causa � a falta de organiza��o da circula��o. Com o equipamento, normalmente motoristas se mant�m nas faixas por um certo per�odo. Sem o aparelho, � comum ver as mudan�as repentinas em alta velocidade.

DEMORA CRITICADA O coordenador do Departamento de Transportes da Fumec, M�rcio Aguiar, afirma que um problema desse tipo n�o pode levar tanto tempo para ser solucionado. “Desse jeito, aquele segmento est� totalmente exposto a um acidente grave, que pode ocorrer a qualquer momento. Esse conserto precisa ser urgente, dado o hist�rico do Anel Rodovi�rio na descida do Bet�nia”, afirma o professor. O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) informa que “a empresa detentora do contrato de manuten��o e gerenciamento dos radares est� trabalhando na recupera��o do equipamento avariado”. Segundo o �rg�o, os danos foram grandes e ser� necess�rio substituir boa parte dos componentes. “Por isso, os trabalhos n�o t�m data para terminar”, diz o texto.
A Via 040, concession�ria que assumiu essa parte do Anel Rodovi�rio h� um ano, informa que n�o pode interferir em um local onde j� existe um contrato em vig�ncia com o Dnit. O tenente-coronel Ledwan Cotta, comandante do Batalh�o de Pol�cia Militar Rodovi�ria (BPMRv), diz que vai chamar o Dnit e a Via 040 para conversar e ver quais solu��es podem ser implantadas para reduzir os problemas mostrados pelo Estado de Minas.
Mem�ria
Palco de trag�dias
Em 28 de janeiro de 2011, Leonardo Faria Hil�rio, de 24 anos, conduzia uma carreta carregada com 37 toneladas de trigo pelo Km 6 do Anel Rodovi�rio, no Bairro Bet�nia, Oeste da capital, e provocou um dos mais graves acidentes j� ocorridos no trecho. A per�cia da Pol�cia Civil apontou que ele estava a 115 km/h, em um per�metro que hoje � regulamentado para 60 km/h. A velocidade foi suficiente para arrastar 14 ve�culos que estavam parados no tr�nsito antes de atingir um caminh�o-ba�. Cinco pessoas morreram, entre elas a pequena Ana Fl�via Gibosky, de 2 anos. Outras 12 ficaram feridas. A prima de Ana, Laura Gibosky, na �poca com 4 anos, ficou 159 dias internada no hospital antes de receber alta.