
No Aeroporto Internacional Tancredo Neves, em Confins, na Grande BH, o transporte de passageiros contratado pelo aplicativo Uber ainda n�o � uma amea�a para os taxistas. Mas os motoristas particulares contratados pela internet est�o dando preju�zo assim mesmo, principalmente para aqueles que saem da capital com destino ao terminal a�reo. A maior guerra dos taxistas em Confins � com os “piolhos”, como s�o chamados os motoristas que chegam em carros executivos e oferecem corridas por um pre�o mais acess�vel. Muitas vezes essa concorr�ncia acaba em agress�o f�sica, admitem os pr�prios taxistas, que est�o partindo para a briga. “Os piolhos invadem o terminal e batem nos taxistas. Um colega meu teve o bra�o quebrado. A gente desce do carro e parte para a briga tamb�m”, conta T�lio Corr�a, de 43 anos, taxista de uma cooperativa.
Os t�xis de Belo Horizonte somente podem levar passageiros para o aeroporto de Confins, mas t�m que retornar vazios, explica Rita Luziete, coordenadora operacional de uma cooperativa de t�xi da capital. “O Uber est� dando preju�zo para todo mundo em BH. S�o motoristas particulares que est�o tomando os passageiros das cooperativas de t�xi e dos taxistas conhecidos como carecas, que trabalham por conta pr�pria e que n�o est�o ligados a uma central de r�dio”, reclama Rita.
Em janeiro, uma briga entre taxistas e piolhos quase acabou em morte no aeroporto de Confins. Segundo a Pol�cia Militar, 12 taxistas revoltados partiram para cima de dois piolhos, que conseguiram fugir em um Corolla e dispararam quatro tiros em dire��o aos taxistas. Ningu�m foi ferido. Segundo a PM, at� hoje, ainda h� muita desaven�a entre eles, que at� chegam a descer dos carros para discutir, quando reconhecem os desafetos.
Ontem, o taxista Edilson Borges de Lima, de 45, ficou revoltado com tr�s piolhos que pegaram seis passageiros que tinham acabado de desembarcar de um avi�o. “Anotei a placa do carro de um deles e passei para a PM, para a minha cooperativa e para todos os meus colegas”, disse ele, que afirmou ter descoberto mais uma t�tica dos piolhos para driblar a fiscaliza��o. Um clandestino, usando terno e gravata, fica no setor de desembarque do aeroporto segurando uma placa, com o nome de uma empresa, simulando esperar por algu�m espec�fico. “O piolho abordou seis passageiros, combinaram o pre�o da viagem e telefonou para dois comparsas que estavam de carro nas imedia��es. O homem de terno saiu para apanhar o Sentra preto dele no estacionamento e retornou com mais dois carros. Cada carro pegou dois passageiros e foram embora”, denuncia o taxista. Enquanto os passageiros aguardavam pelos piolhos, Edilson conta que se aproximou e fingiu conhec�-los da empresa citada na placa. “Disseram que n�o eram da empresa e que n�o conheciam o homem de terno. Combinaram a viagem ali na hora”, disse o taxista.
O taxista T�lio Corr�a conta que os piolhos costumam ficar perto dos caixas eletr�nicos, onde abordam passageiros que chegam de avi�o e sacam dinheiro. “Tamb�m ficam perto das bilheterias dos �nibus executivos. Quando s�o tr�s pessoas juntas na fila, que pagariam um total de R$ 69 de �nibus, eles oferecem a viagem pelo pre�o de um t�xi – R$ 112. Alegam que de �nibus v�o ter que pagar outro deslocamento no Centro de BH e prometem deix�-las em casa ou qualquer outro lugar”, conta T�lio. Se a pessoa achar caro, eles fazem por R$ 90, segundo T�lio.
USU�RIOS Passageiros ouvidos ontem pelo Estado de Minas est�o divididos entre a rapidez no deslocamento de t�xi e o conforto dos �nibus executivos. Muitos tamb�m levam em conta o pre�o das passagens. A de �nibus custa R$ 23. De t�xi, em torno de R$ 112.
A aut�noma Paula Viana, de 32, sempre viaja de avi�o e prefere ir para Confins de t�xi. “Quando venho no meu carro e pego o avi�o, o estacionamento fica muito caro”, disse. Paula considera o pre�o do �nibus executivo bem mais acess�vel, mas reclama que tem gastos com t�xi da sua casa para o terminal de embarque, no Centro de BH, e do terminal de �nibus para casa, quando volta. “Dependendo de quantas pessoas viajam com voc�, vale muito mais ir de t�xi direto”, observa.
Ontem, um vigilante de uma empresa terceirizada contratada pela BH Airport, que administra o terminal, disse estar atento � presen�a dos piolhos. “S�o oito vigilantes para orientar os passageiros. A gente informa sobre os �nibus e t�xis credenciados. Tamb�m falamos dos riscos do transporte clandestino, pois se acontecer algum imprevisto na viagem, eles v�o ficar sem qualquer assist�ncia”, disse o vigilante, que pediu para n�o ser identificado. “Os piolhos s�o muitos. Quando identificamos um, chamamos a pol�cia”, disse. A Pol�cia Militar informou que os carros clandestinos s�o apreendidos e multados, mas n�o informou dados estat�sticos.