PBH cobra dos propriet�rios manuten��o de cal�adas, mas institui��es t�m passeios malconservados

Se, por um lado, a Prefeitura de Belo Horizonte cobra dos moradores e empres�rios o zelo para manter as cal�adas com um modelo padr�o e, consequentemente, uma cidade mais harm�nica, por outro, h� exemplos de desleixo da pr�pria administra��o municipal com seus passeios. A reportagem do EM flagrou problemas de conserva��o de cal�adas em pelo menos quatro im�veis de responsabilidade da PBH. Praticamente todo o per�metro do Parque Municipal Fazenda Lagoa do Nado, na Regi�o da Pampulha, tem problemas de passeios malcuidados. Na cal�ada do pr�dio da Regional Pampulha, o problema se repete. O Zool�gico de Belo Horizonte n�o tem passeio bem estruturado em praticamente toda a Avenida Ant�nio Francisco Lisboa, que d� acesso a uma das portarias. No Hospital Odilon Behrens, parte do piso t�til que circunda toda a unidade est� se soltando.

Um dos problemas em �reas da PBH que chama a aten��o � a situa��o do passeio do Zool�gico. Uma das portarias est� posicionada na Avenida Otac�lio Negr�o de Lima, onde a situa��o � normal e o passeio est� bem cuidado. A outra portaria fica na Avenida Ant�nio Francisco de Lisboa, mas a cal�ada s� ganha um padr�o consider�vel a cerca de 100 metros da entrada. Ao longo da avenida, existe �rea bem demarcada do passeio, mas n�o h� revestimento de concreto ou de algum tipo de ladrilho para que pedestres passem de maneira uniforme. O passeio est� com a terra exposta e � natural encontrar ondula��es e desn�veis. Fontes do EM informaram que fiscais da pr�pria prefeitura chegaram a notificar a Funda��o Zoobot�nica para regularizar o passeio.

N�o muito longe dali, o passeio do Parque Municipal Fazenda Lagoa do Nado, no Bairro Itapo�, Regi�o da Pampulha, tamb�m apresenta problemas. Praticamente todas as �rvores no passeio que circunda a �rea verde t�m ra�zes que j� estouraram parte da cal�ada. Mas, al�m disso, h� problemas generalizados em �reas sem o conflito com as �rvores. Na Rua General Ephig�nio Ruas Santos, por exemplo, os buracos se juntaram e criaram uma �rea grande sem revestimento.
A dona de casa Marta Oliveira, de 55 anos, � moradora da rua e reclama da situa��o. “As cal�adas do parque est�o prec�rias. Tem partes altas e outras baixas, o que traz risco para a passagem de pessoas idosas. Deveria ser feito um plano de reforma, para que os pedestres pudessem ficar nas cal�adas com seguran�a”, afirma.

A cal�ada do pr�dio onde funciona a Regional Pampulha j� � naturalmente estreitada pelo ponto de �nibus da Avenida Ant�nio Carlos. Mas, ao lado do ponto, um buraco chama a aten��o. O passeio do Hospital Odilon Behrens tamb�m precisa de manuten��o. Apesar de o concreto estar bem nivelado e de praticamente todo o per�metro da unidade contar com o piso t�til, em alguns lugares os ladrilhos que orientam os deficientes visuais se soltaram.

OUTRO LADO A Regional Pampulha informou que o dano na cal�ada foi causado por uma obra de implanta��o do Move na Avenida Ant�nio Carlos e a empresa respons�vel j� foi notificada para providenciar o conserto. J� a Funda��o de Parques Municipais informou que est� em fase de renova��o o contrato de manuten��o do Parque Lagoa do Nado. As interven��es necess�rias para adequar os passeios ser�o programadas.

J� a Funda��o Zoo-Bot�nica disse que est� implantando passeio em todo o per�metro da �rea do zool�gico. A pr�xima etapa ser� na Avenida Ant�nio Francisco Lisboa, que j� conta com projeto e recursos assegurados, aguardando licita��o, e prevista para o segundo semestre. Tamb�m est� prevista a constru��o de um estacionamento para 250 vagas no local. A Regional Noroeste n�o retornou os contatos sobre a situa��o do piso t�til do entorno do Hospital Odilon Behrens.

Obra recente j� tem estragos

Um dos 20 corredores inclu�dos no projeto Amar BH para receber uma for�a-tarefa de vistorias e fiscaliza��o da prefeitura e que foi deixado de lado com outros 18 � a Avenida Pedro I, importante liga��o entre a Linha Verde e a Avenida Ant�nio Carlos, nas regi�es Norte, Pampulha e Venda Nova. O que mais chama a aten��o nessa via � que, por mais que ela tenha os mesmos problemas de outros corredores, v�rias interven��es foram feitas na Pedro I para duplica��o e adequa��o ao BRT/Move. Isso significa que muitos passeios foram reconstru�dos e j� est�o com o modelo considerado padr�o, o que, em tese, representaria um avan�o em rela��o a outros corredores. Mas, mesmo assim, n�o � dif�cil observar problemas nas obras rec�m-conclu�das, que j� demandam consertos.

Nas imedia��es das esta��es do Move Cristiano Guimar�es, o passeio est� praticamente todo pronto no sentido Centro da Pedro I. Mas v�rios pontos est�o com buracos inacabados ou com afundamentos e ondula��es, que indicam problemas na conten��o da encosta da avenida. Para a presidente da Associa��o dos Moradores e Comerciantes da Pedro I, Vilarinho e Adjac�ncias, Ana Cristina Drumond, a situa��o � cr�tica, pois indica problemas em um futuro pr�ximo. “Se um ano depois da obra j� est� acontecendo isso, imagina mais para frente. Um pedestre pode sofrer um s�rio acidente ao andar por ali”, afirma a moradora da regi�o.

Al�m da parte nova, passeios antigos da Pedro I sofrem com os mesmos problemas de outras avenidas da cidade. Pr�ximo ao cruzamento com a Rua Professor Aimor� Dutra, no Bairro S�o Jo�o Batista, em Venda Nova, os buracos tomam conta. Uma das cal�adas da regi�o est� coberta apenas com brita e n�o h� acabamento que defina os limites do passeio.

Segundo a Superintend�ncia de Desenvolvimento da Capital (Sudecap), a corre��o dos passeios e o paisagismo est�o em fase de conclus�o na Pedro I. Como a Caixa Econ�mica Federal reteve pagamentos da obra, o contrato ficou temporariamente paralisado, mas a situa��o foi regularizada e a previs�o de t�rmino das interven��es � o segundo semestre deste ano. A Construtora Cowan, empresa respons�vel pela obra, alega que a prefeitura solicitou que n�o fosse instalado o passeio padr�o no sentido bairro da Pedro I at� a solu��o definitiva de instala��es subterr�neas no local. J� no sentido Centro, a Cowan responsabiliza as concession�rias de servi�os p�blicos, que danificaram o passeio constru�do no formato padr�o para instala��o de cabos, caixas e tampas. Sobre os demais problemas, a prefeitura diz que est� concluindo o planejamento da nova configura��o do projeto Amar BH para retomar a for�a-tarefa nos corredores anunciados em 2013. (GP)

Palavra de especialista

S�rgio Myssior,
Arquiteto e urbanista

Evolu��o demorada
“� uma pena que o projeto Amar BH n�o tenha evolu�do nos �ltimos dois anos significando a melhoria das cal�adas da cidade, mas nunca � tarde para coloc�-lo para funcionar. Na �poca do lan�amento, elogiei muito a iniciativa, porque era um trabalho urban�stico integrado, que teria o objetivo de humanizar os passeios e deixar a cidade mais harm�nica. Cuidar das ruas e das cal�adas � essencial para esse objetivo. Essa quest�o de acessibilidade e da melhoria de passeios deveria ser o primeiro degrau da cidadania. A retomada de um espa�o deteriorado serve at� para trabalhar a autoestima do cidad�o para que ele possa contribuir para a conserva��o do espa�o p�blico.”