
Depois da primeira noite dormindo em fam�lia – com a amada Ol�via Palito e seus 10 filhotes, Xerife desapareceu. O c�o vira-lata, que h� mais de tr�s meses montou vig�lia na porta de uma resid�ncia na Rua Turquesa, no Bairro Prado, � espera de viver junto � cadela, foi acolhido pela funcion�ria p�blica Tatiana Azeredo Coutinho Ferreira, dona de Ol�via, para estar de prontid�o �s 7h de ontem, quando seria levado por um t�xi-dog. Ele seria encaminhado para ado��o. Mas Xerife n�o chegou nem mesmo a conhecer o novo lar. Apanhado pelo t�xi-dog na porta da casa onde Ol�via mora desde fevereiro, para seguir a uma cl�nica no Bairro Cidade Nova, onde seria castrado, tomaria banho e faria teste de leishmaniose, o c�o fugiu quando a motorista abriu a porta do ve�culo. A fuga imp�s um novo cap�tulo � saga entre Xerife, tamb�m conhecido por Lord Voldemort (personagem de Harry Porter), e a cadela Ol�via. Na casa da funcion�ria p�blica, a pergunta �: “Ser� realmente o destino do c�o viver ao lado da ‘amada’?” A fam�lia ainda acredita que o vira-latas ir� voltar e tenta achar uma solu��o para que os dois n�o mais se separem.
O desafio, at� ent�o, era lidar com o tri�ngulo amoroso entre o casal e o c�o Kurt Cobain – cachorro de 11 anos que tamb�m mora na casa de Tatiana e “morre de ci�mes” do rival Xerife. Al�m do mais, com a ninhada de 10 filhotes, Tatiana n�o via condi��es de abrigar mais um animal em casa. A funcion�ria p�blica conta que foram v�rias as tentativas de conseguir um lar adotivo, sem sucesso. “O que ele queria mesmo era ficar aqui. Sempre fica batendo a patinha no port�o, pedindo para a gente abrir e faz festa quando v� Ol�via. Mas j� temos muitos c�es”, justifica.
Agora, a ang�stia passou a ser outra. Na tarde de ontem, Tatiana e a m�e, a dentista aposentada Cleuza Azeredo Coutinho, de 69, tentavam imaginar onde estaria Xerife. “Para onde ele pode ter ido? Ele � um c�o dif�cil, arredio. Quando a mo�a veio buscar, explicamos isso a ela. Agora, para voltar, vai ser dif�cil, porque vai ter que passar pelo T�nel (da Lagoinha) e pela Via Expressa”, conjecturou Cleuza. Pela manh�, Tatiana passou tr�s horas percorrendo o Bairro Cidade Nova, na tentativa de encontrar Xerife, sem sucesso. “Vou voltar l� com Ol�via, para ver se eles sentem o cheiro um do outro”, disse.
Tatiana mora em Bras�lia e vem para Belo Horizonte nos fins de semana. Est� decidida de que, na viagem de volta, vai levar Kurt para o Distrito Federal. Nas entrelinhas, d� a deixa para que a m�e adote Xerife e ponha fim ao sofrimento do vira-lata, que vive � espera de Ol�via na grade marron da casa no Prado.
FUGA Essa n�o foi a primeira vez que Xerife fugiu, depois de ser retirado da porta da casa de Ol�via. No bairro, a hist�ria j� � conhecida e muita gente tentou levar o c�o pra casa, mas ele se recusa. “Uma vez, levei ele para vacinar e o veterin�rio contou que umas seis pessoas j� levaram ele � clin�ca, na tentativa de adot�-lo, mas ele sempre fugia”, lembrou Tatiana. Na quarta-feira, ele escapou da coleira de um agente de endemias do Centro de Controle de Zoonoses da prefeitura, que foi ao local captur�-lo, depois de den�ncias an�nimas de que poderia atacar os pedestres. Dona Cleuza n�o esconde o carinho que tem pelo animal, mas explica a dificuldade em ficar com o bicho, por quest�es de sa�de. “N�o estou muito bem. Esse tanto de cachorro d� muito trabalho. Vamos ver se ele vai voltar”, deixa o assunto no ar.
As protetoras de animais que estavam intermediando a ado��o de Xerife e os tratamentos na cl�nica no Bairro Cidade Nova tamb�m est�o preocupadas com o futuro de Xerife. Uma delas, que preferiu n�o se identificar, disse temer pela situa��o em que o bicho se encontra. “No Prado, pelo menos, ele j� conhecia o bairro, as pessoas. Agora est� em um lugar estranho. Estamos angustiadas, porque n�o sabemos como e o qu� ele est� passando”, disse. As protetoras est�o avaliando quais provid�ncias ser�o tomadas junto ao servi�o de t�xi-dog, contratado para buscar Xerife. “A motorista foi alertada de que ele era arisco e n�o se precaveu para evitar que ele fugisse. Foi uma irresponsabildiade”, avalia.