(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Tratamento de esgoto � insuficiente e n�o impede contamina��o do Velho Chico

Na gest�o da bacia do Rio S�o Francisco, at� mesmo iniciativas positivas, como a constru��o de ETEs, s�o incompletas. Algumas n�o passaram da promessa e outras s�o ineficazes, como a de Tr�s Marias


02/06/2015 06:00 - atualizado 02/06/2015 18:16

Ribeirão Marmelada é o mais poluído da bacia, segundo levantamento do Igam
Ribeir�o Marmelada � o mais polu�do da bacia, segundo levantamento do Igam (foto: Beto Novaes/EM/D.A Press)

�nicas a��es que especialistas consideraram concretas dentro das pol�ticas de despolui��o do Rio S�o Francisco, a constru��o e opera��o de esta��es de tratamento de esgoto (ETEs) s�o incompletas e n�o impedem o envenenamento das �guas do Velho Chico e de seus afluentes. Um dos mais recentes desastres ecol�gicos propiciados pela polui��o, somada � redu��o dr�stica da quantidade de �gua e a manobras na usina hidrel�trica de Paulo Afonso, na Bahia, foi o surgimento de uma mancha de algas t�xicas, as cianobact�rias, que alcan�ou 28 quil�metros de extens�o, entre a Bahia e Alagoas. Devido a ela, teve de ser interrompida a capta��o de �gua de oito munic�pios alagoanos, no fim do m�s passado. O quadro come�a a ser pintado em Minas, onde o Rio da Integra��o Nacional nasce e recebe 70% de seu volume. De acordo com levantamento do Estado de Minas sobre dados de qualidade de �gua da bacia do Alto S�o Francisco, entre a nascente, na Serra da Canastra, e a primeira grande represa, em Tr�s Marias, todas as 25 amostras estudadas pelo Instituto Mineiro de Gest�o das �guas (Igam) em 2014 apresentaram contamina��es acima dos n�veis tolerados pelo Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama).

Pelas amostras analisadas pelo Igam, h� contamina��o de �leos e graxas em todos os corpos h�dricos da bacia, um indicativo de despejos industriais e dom�sticos que prejudicam o abastecimento humano e animal e a vida aqu�tica, por reduzir a quantidade de oxig�nio da �gua. O afluente mais polu�do do Rio S�o Francisco � o Ribeir�o Marmelada, que passa pela cidade de Abaet�, de 23.500 habitantes, antes de desaguar. Nesse curso d’�gua foram encontradas concentra��es t�picas de lan�amentos de esgoto, como f�sforo, em n�vel 206,6% acima do estabelecido pelo Conama, al�m da bact�ria Escherichia coli, em concentra��o 5.274% superior � toler�vel, um indicativo de ambiente prop�cio � transmiss�o de doen�as.

De acordo com a Companhia de Desenvolvimento do Vale dos Rios S�o Francisco e Parna�ba (Codevasf), 39 (68%) das 57 ETEs prometidas desde 2008 foram conclu�das em Minas, ainda que nem todas estejam em funcionamento. Uma das que n�o sa�ram do papel foi a de Abaet�. O projeto foi acordado com a prefeitura em 2010 e custou R$ 443 mil. A obra, no valor de  R$ 35 milh�es, nunca foi licitada. Em Iguatama, primeira cidade cortada pelo Rio S�o Francisco, a ETE, que custou R$ 2 milh�es, tamb�m nunca funcionou, segundo a Codevasf pelo fato de a prefeitura local n�o ter terminado as liga��es de esgoto. Dejetos tamb�m caem sem tratamento em S�o Roque de Minas, Lagoa da Prata e Bambu�. Ap�s Tr�s Marias, no Norte de Minas, h� problemas de lan�amentos de esgoto em Buritizeiro, que tem 28 mil habitantes, e Pirapora, de 56 mil, ambas sem ETE .



Segundo a Codevasf, “at� o momento foram implantados aproximadamente 1,1 milh�o de metros de redes coletoras, interceptores, redes de recalques e emiss�rios, al�m de 39,5 mil liga��es domiciliares”. “Ap�s a conclus�o das obras, o total de investimento ultrapassar� R$ 500 milh�es de recursos do Programa de Acelera��o do Crescimento. A popula��o beneficiada ser� de aproximadamente 880.000 pessoas”, informa a empresa.

Em Tr�s Marias, a ETE que foi constru�da pelo governo federal e repassada para a opera��o da Copasa � alvo de uma a��o civil p�blica, por n�o conseguir tratar nem 60% do esgoto que chega � planta. A empresa de saneamento tenta na Justi�a evitar uma multa di�ria pela polui��o, e informou que “assumiu a opera��o da ETE de Tr�s Marias em setembro de 2010 e, desde ent�o, busca o aprimoramento da esta��o”. “Para 2016, est� prevista no plano de investimentos da Copasa uma obra de amplia��o da ETE de Tr�s Marias no valor de R$ 1,7 milh�o”, informou.

O Estado de Minas procurou a assessoria de imprensa do ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva, para que se manifestasse sobre a raz�o de a revitaliza��o do Rio S�o Francisco n�o ter prosseguido em sua gest�o. Questionou tamb�m as promessas de recupera��o da bacia, que foram feitas ao frei dom Luiz Cappio, bispo de Barra (BA), que fez greve de fome em 2005 e s� a suspendeu quando o ent�o presidente prometeu interromper a transposi��o do rio e despolu�-lo. Nenhuma resposta foi dada at� o fechamento desta edi��o.

A partilha da sede

O Estado de Minas encerra hoje a s�rie “Transposi��o de problemas”, iniciada no domingo para mostrar que as promessas de revitaliza��o do Rio S�o Francisco foram abandonadas, e que  as obras de envio de �gua para o Nordeste, atrasadas, at� hoje apenas tomaram �gua de sertanejos que deveriam abastacer. No domingo, o EM mostrou a seca nos reservat�rios, a quebra de safras e desastres ecol�gicos, como a prolifera��o de algas t�xicas que suspendeu o abastecimento em oito munic�pios alagoanos. Ontem, a s�rie revelou a esperan�a de ambientalistas de que as represas de Tr�s Marias e Sobradinho passassem a ser usadas apenas para regular o rio, mas iniciativas que deveriam reduzir a depend�ncia das hidrel�tricas pararam. Em Casa Nova (BA), um parque e�lico que custou R$ 240 milh�es nunca acendeu uma l�mpada.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)