
O compositor Fernando Brant morreu na noite desta sexta-feira (12/6), em Belo Horizonte, aos 68 anos, de complica��es decorrentes de uma cirurgia de transplante de f�gado. Submetido a uma primeira opera��o na ter�a passada, o m�sico teve rejei��o ao �rg�o transplantado e passou por um segundo transplante, na madrugada de sexta. Ao longo do dia, sua sa�de se deteriorou. A fam�lia confirmou a morte por volta das 21h40. Fernando deixa duas filhas, Isabel e Ana Luisa, e tamb�m um terceiro, Di�genes, seu 'filho do cora��o'. Ele deixa tamb�m dois netos e a esposa, Leise.
O enterro de Fernando Brant ser� neste s�bado, no Cemit�rio do Bonfim.
Relembre a carreira de Fernando Brant
Fernando Rocha Brant nasceu em Caldas, no Sul de Minas, em 9 de outubro de 1946. Veio para Belo Horizonte aos 10 anos. Na inf�ncia, estudou no Grupo Bar�o Rio Branco, no Col�gio Estadual Central e no Col�gio Arnaldo, de onde se lembrava com carinho: “Era um neg�cio muito r�gido, aquele neg�cio de castigo depois da aula, coisa assim. Mas era um col�gio que tinha campo de futebol, piscina, jogava-se finca, bola de gude, que era tudo de terra em volta das salas de aula. Hoje est� tudo cimentado”, disse Fernando em um depoimento ao Museu Clube da Esquina.

Conheceu M�rcio Borges e Milton Nascimento na noite de Belo Horizonte. Os parceiros de Clube da Esquina tiveram afinidade imediata. “E o Milton � que depois me falou: “Eu vou ser amigo desse cara a�”. Pouco tempo depois, na porta do Maleta, o Z� Fernando nos apresentou. A� a gente entrou no bar, sentamos � mesa e come�amos a conversar. Depois fomos em outro, na pra�a Raul Soares. E n�s passamos a noite inteira assim, conversando, rindo pra danar, e ficamos amigos. As duas vers�es est�o certas, elas se completam”.
Milton se mudou para S�o Paulo em 1965, mas encontrava-se com Brant e Borges de 15 em 15 dias. Em um desses encontros, pediu para o amigo Fernando escrever uma letra para uma melodia triste que havia composto. De in�cio, Brant relutou, mas a insist�ncia de Bituca acabou por convenc�-lo e assim nasceu 'Travessia'.
Brant custou para mostrar a letra ao parceiro. No escrit�rio do pai, em casa, entregou a "encomenda" e os dois tomaram um vinho de Caldas para comemorar. Consta que o viol�o, emprestado por uma das irm�s de Fernando, ganhou o aut�grafo de Bituca. A parceria n�o venceu o Festival Internacional da Can��o (FIC), no Rio de Janeiro.'Travessia' ficou em segundo lugar, mas conquistou o Brasil.
O Clube da Esquina surgiu no fim dos anos 60, uma �poca marcada pela ditadura. Milton, Fernando, Ronaldo, M�rcio e L� Borges, o jovem montes-clarense Beto Guedes, Toninho Horta e o tr�s-pontano Wagner Tiso souberam mesclar samba, toada, cantoch�o, jazz e rock. Fernando Brant assinava a letra de 'Para Lennon e McCartney', parceria com L� e M�rcio Borges – conex�o po�tica com o pop internacional. 'Aqui � o pa�s do futebol', parceria com Milton, j� trazia o Fernando engajado politicamente, que falava do Brasil vazio nas tardes de domingo, de olho no futebol e esquecido das agruras do cotidiano – e da pol�tica.
Em 1973, o disco 'Milagre dos peixes' contava com lirismo aperfei�oado de Fernando Brant. Ele driblou a censura com a faixa-t�tulo, feita em parceria com Milton Nascimento: "E eu apenas sou/ um a mais/ um a mais/ a falar desta dor/ a nossa dor".
Depois disso foram dezenas de discos e cl�ssicos escritos pelo letrista. 'Can��o da Am�rica', 'Maria, Maria' ,'Ponta de areia', 'Nos bailes da vida', 'Ra�a' e 'Encontros e despedidas' s�o alguns exemplos. Militante da palavra, foi cronista do caderno EM Cultura, do Estado de Minas, at� o ano passado. O livro 'O clube dos gamb�s'(Record) reuniu alguns textos publicados no EM. Casado com Leise Brant, o compositor deixa �rf�s as filhas, Izabel e Ana Luiza, e milhares de f�s.