
O post foi publicado na p�gina pessoal de Lannes na �ltima segunda-feira. Ao comentar uma not�cia falsa, em que um juiz teria libertado um ladr�o e sido assaltado por ele logo em seguida, o professor escreveu: “Bem feito. Tomara que futuramente este marginal entre na casa do juiz, estupre a mulher dele, a filha e outras mulheres da fam�lia dele. A� quem sabe ele possa ver quem merece ficar solto e quem merece ficar preso. Bem feito!”.
Alunos indignados com o coment�rio fizeram uma c�pia da postagem, que circulou pelas redes sociais. No pr�prio Facebook, o professor comentou sobre as manifesta��es de revolta. “Engra�ado. Algumas pessoas acharam que o meu pensamento � errado. Mas � s� uma reflex�o. A pol�cia prende meliantes, ladr�es, estupradores, etc. (...) Depois, um juizinho vem e solta o meliante para fazer mais. (...) N�o gostou? Levem o meliante pra casa e deem carinho a ele. O protejam”, respondeu Lannes em outro coment�rio. Ap�s a repercuss�o, ele apagou os posts.
Na quarta-feira, Joaquim Sucena Lannes decidiu se manifestar por meio de sua advogada. Marin�s Alchieri, informou ontem � reportagem que o docente afirma que sabia que a not�cia era falsa e que usou a rede social apenas para fazer um desabafo em rela��o � viol�ncia. “Ele disse que se expressou mal, mas que tudo o que disse foi no sentido contr�rio do que est�o tentando fazer parecer”, informou a advogada. Segundo ela, em momento nenhum Lannes pretendeu incitar a pr�tica de estupro e usou apenas uma situa��o fict�cia, com personagens falsos, para expressar sua revolta em rela��o � viol�ncia.
A postagem fez com que um grupo de alunos se mobilizasse a fim de se posicionar contra a atitude do professor. Pessoas ouvidas pelo em.com.br na tarde passada disseram que este n�o � um caso isolado, e que o professor j� teria feito outras declara��es pol�micas tanto nas redes sociais quanto no ambiente acad�mico.
Em nota divulgada na quarta-feira, o Centro Acad�mico do Curso de Jornalismo (Cajor) se manifestou contra a declara��o de Lannes na rede social. “O Cajor, em conson�ncia com o movimento estudantil da universidade, repudia qualquer ato que incite a viol�ncia dentro e fora do campus”, diz o documento. Docentes do setor chefiado pelo professor tamb�m se pronunciaram. “Os professores do Departamento de Comunica��o Social da Universidade Federal de Vi�osa v�m a p�blico manifestar seu posicionamento veementemente contr�rio a todo tipo de viol�ncia, incita��o ao �dio, preconceito, ass�dio ou discrimina��o de qualquer natureza”, diz a nota publicada no site do departamento. Ainda segundo o texto, os professores aguardam o desenvolvimento dos fatos para se posicionar sobre situa��es espec�ficas.
O pedido de abertura da sindic�ncia foi enviado � universidade por um grupo de estudantes. Eles ainda pretendem formalizar uma den�ncia no Minist�rio P�blico Federal (MPF) por incita��o ao crime de estupro. Em nota, assinada pela reitora Nilda de F�tima Ferreira Soares, a UFV ressalta que “n�o considera leg�timo exigir pensamento un�nime dos membros da comunidade universit�ria, muito menos impedir que se manifestem na esfera particular sobre qualquer assunto” mas, “ciente das liberdades democr�ticas e firme na defesa dos direitos individuais, a Institui��o lamenta manifesta��es que seguramente n�o refletem o pensamento da maioria de seus membros”. Leia a nota na �ntegra:
A Reitoria da Universidade Federal de Vi�osa (UFV) vem a p�blico manifestar-se sobre o recente epis�dio de den�ncia contra um de seus professores, em raz�o de declara��es publicadas em perfil particular nas redes sociais, com o objetivo de esclarecer o posicionamento da Institui��o e demais encaminhamentos administrativos com rela��o ao fato.
A administra��o n�o considera leg�timo exigir pensamento un�nime dos membros da comunidade universit�ria, muito menos impedir que se manifestem na esfera particular sobre qualquer assunto. Todavia, ciente das liberdades democr�ticas e firme na defesa dos direitos individuais, a Institui��o lamenta manifesta��es que seguramente n�o refletem o pensamento da maioria de seus membros.
Sendo assim, reafirmamos o compromisso da administra��o superior da UFV em combater todas as formas de opress�o, dentro e fora dos campi. Em nossa gest�o, a viol�ncia n�o pode ser relativizada e n�o ser�! Este compromisso ultrapassa nosso papel na Reitoria e deve ser incorporado como um pressuposto da vida coletiva na defesa de direitos fundamentais. Essa foi e ser� a nossa defesa.
Ap�s o protocolo de of�cio de estudantes � dire��o do Centro de Ci�ncias Humanas, Letras e Artes (CCH), foi determinada a abertura de uma sindic�ncia para apurar os fatos, conforme previsto no Regimento e no Estatuto da UFV. Apenas dessa forma a Institui��o ser� capaz de assegurar amplo direito de defesa �s partes envolvidas, refor�ando os princ�pios democr�ticos que pautam nossas a��es.
Nilda de F�tima Ferreira Soares
Reitora da Universidade Federal de Vi�osa