Professor da UFV faz post pol�mico sobre estupro e causa revolta entre universit�rios

Um grupo de alunos da Universidade Federal de Vi�osa (UFV), na Zona da Mata, se reuniu na tarde de ontem com um advogado para discutir den�ncias e definir a��es contra o professor e chefe do Departamento de Comunica��o Social da institui��o, Joaquim Sucena Lannes, em raz�o de uma s�rie de declara��es pol�micas feitas por ele em sala de aula e nas redes sociais. No caso mais recente, o docente se tornou alvo de revolta dos estudantes ao postar coment�rio considerado apologia � viol�ncia. Segundo os alunos, foi enviado � universidade pedido de abertura de sindic�ncia para apurar a postura do professor e ainda dever� ser formalizada den�ncia ao Minist�rio P�blico Federal (MPF) pela incita��o ao crime de estupro.

O post foi publicado na p�gina pessoal de Lannes no Facebook na �ltima segunda-feira. Ao comentar uma not�cia falsa, em que um juiz teria libertado um ladr�o e sido assaltado por ele logo em seguida, o professor escreveu: “Bem feito. Tomara que futuramente este marginal entre na casa do juiz, estupre a mulher dele, a filha e outras mulheres da fam�lia dele. A� quem sabe ele possa ver quem merece ficar solto e quem merece ficar preso. Bem feito!”.

Alunos indignados com o coment�rio fizeram uma c�pia da postagem, que circulou pelas redes sociais. No pr�prio Facebook, o professor comentou sobre as manifesta��es de revolta. “Engra�ado. Algumas pessoas acharam que o meu pensamento � errado. Mas � s� uma reflex�o. A pol�cia prende meliantes, ladr�es, estupradores, etc. (...) Depois, um juizinho vem e solta o meliante para fazer mais. (...) N�o gostou? Levem o meliante pra casa e deem carinho a ele. O protejam”, respondeu Lannes em outro coment�rio. Ap�s a repercuss�o, ele apagou os posts.

A postagem fez com que um grupo de alunos se mobilizasse a fim de se posicionar contra a atitude do professor. Segundo uma estudante do quinto per�odo de comunica��o social da UFV, que prefere n�o se identificar, este n�o � um caso isolado e o professor j� teria feito outras declara��es pol�micas tanto por meio das redes sociais, quanto em sala de aula. “Temos v�rias den�ncias de falas preconceituosas feitas por ele. Eu mesma presenciei quando ele disse n�o ter nenhum problema com homossexualidade, desde que n�o ocorresse em sala de aula. Ele disse em tom de brincadeira, mas � opressivo, ainda mais por termos homossexuais em nossa turma”, considera a jovem.

Um jornalista e ex-aluno do professor na UFV, que n�o quer ter o nome divulgado, tamb�m condena a conduta de Lannes.  "As postagens do professor no Facebook apenas ilustram pr�ticas conden�veis dele em ambiente acad�mico. Pr�ticas que h� muito tempo revoltam os estudantes e que envolvem ass�dio moral, discursos preconceituosos, machistas e homof�bicos. N�o bastassem as situa��es vexat�rias, o professor � fechado ao di�logo e se orgulha de transformar a sala de aula em um espa�o ditatorial".

Desabafo
Joaquim Sucena Lannes decidiu se manifestar por meio de sua advogada. Segundo Marin�s Alchieri, o docente afirma que sabia que a not�cia era falsa e que usou a rede social apenas para fazer um desabafo em rela��o � viol�ncia. “Ele disse que se expressou mal, mas que tudo o que disse foi no sentido contr�rio do que est�o tentando fazer parecer”, informou a advogada. Segundo ela, em momento nenhum Lannes pretendeu incitar a pr�tica de estupro e usou apenas uma situa��o fict�cia, com personagens falsos, para expressar sua revolta em rela��o � viol�ncia.

Em nota divulgada nesta quarta-feira, o Centro Acad�mico do Curso de Jornalismo (Cajor) se manifestou contra a declara��o de Lannes na rede social. “O Cajor, em conson�ncia com o movimento estudantil da universidade, repudia qualquer ato que incite a viol�ncia dentro e fora do campus”, diz o documento.

Procurada pela reportagem, a UFV informou que “n�o se manifesta sobre coment�rios de professores, t�cnicos administrativos e estudantes em ambientes particulares, como perfis de redes sociais". O em.com.br voltou a procurar a universidade no in�cio da noite para comentar o pedido de abertura de sindic�ncia (informado pelos alunos �s 18h), mas ningu�m foi encontrado.