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Estado de Minas

�rea do Centro de BH com o maior n�mero de assaltos fica em frente a comando policial

Pesquisa da Secretaria de Estado de Defesa Social mostra que o Hipercentro da capital concentra quase 10% dos assaltos praticados na cidade


postado em 10/07/2015 06:00 / atualizado em 10/07/2015 07:25

Praça da Rodoviária abriga a sede da Região Integrada de Segurança Pública e o maior índice de roubos na região central de BH (foto: Beto Novaes/EM/D.A PRESS )
Pra�a da Rodovi�ria abriga a sede da Regi�o Integrada de Seguran�a P�blica e o maior �ndice de roubos na regi�o central de BH (foto: Beto Novaes/EM/D.A PRESS )
 

O Hipercentro de Belo Horizonte � o lugar favorito dos ladr�es, com maior concentra��o de roubos na Pra�a Rio Branco (da Rodovi�ria) – exatamente onde est�o instalados os comandos das pol�cias Militar e Civil na sede da Regi�o Integrada de Seguran�a P�blica (Risp). A constata��o vem de levantamento da Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds), que analisou todos os roubos e tentativas em BH entre janeiro de 2014 e 31 de maio deste ano. A �rea mais central da cidade concentra quase 10% de todos os assaltos (veja mapa) e � a principal zona quente para esse tipo de ocorr�ncia. Outras oito regi�es da capital tamb�m se destacam, como o entorno do Shopping Esta��o (Venda Nova), Minas Shopping (Nordeste) e Via Shopping (Barreiro). A arma de fogo � o meio mais usado, por�m, com menos frequ�ncia no Hipercentro do que nas regi�es mais perif�ricas. Considerando apenas os roubos consumados, s�o mais de 50 mil casos no per�odo, o que, segundo a Seds, equivale a 95% do universo pesquisado.

Nos contornos das pra�as da Rodovi�ria, Sete e da Esta��o, a incid�ncia de roubos � considerada alta, com taxa de 2,7 assaltos por metro quadrado. Mais da metade (60%) de todos os casos est�o nas �reas dessas pra�as, sendo a da Rodovi�ria a mais frequentada por ladr�es, seguida da Pra�a Sete e da Pra�a da Esta��o. � medida que se afasta desses limites, a incid�ncia dos roubos varia de m�dia (1,8 por metro quadrado) para baixa (0,9 por metro quadrado). Nessa �rea, a maioria esmagadora dos casos ocorreu com pedestres, que representam 73% de todos os assaltos. Considerados os motoristas de ve�culos e passageiros de �nibus e t�xis, indiv�duos s�o v�timas em 85% dos roubos. O com�rcio representa 7% do total no Hipercentro.

A segunda maior zona quente de roubos em BH est� no entorno do Shopping Esta��o, na Regi�o de Venda Nova, com 3,5% de todos os assaltos e tentativas. No local, o fluxo de pedestres, que s�o alvo em 61% dos casos, � intenso devido ao centro de compras, mas tamb�m motivado pela proximidade de  faculdades e da Esta��o Vilarinho do Metr� e do Move, que concentra milhares de passageiros todos os dias. Outro local que se destaca de forma negativa � a Avenida Nossa Senhora do Carmo, considerada a terceira zona quente de roubos em BH, com 2,5% das ocorr�ncias. �reas residenciais tamb�m aparecem no ranking, como o Bairro Cidade Nova (Nordeste), que est� na sexta posi��o, com 1,2% dos assaltos, e o Cora��o Eucar�stico (Noroeste), nono colocado na lista das zonas quentes de roubos, com 0,6% das ocorr�ncias.

O coronel reformado da PM Alberto Luiz, consultor em seguran�a p�blica, diz que o Hipercentro se destaca pela disponibilidade de alvos para o roubo. O grande problema, segundo ele, � a falta de integra��o entre o efetivo de diferentes unidades da pr�pria Pol�cia Militar. “N�o h� um planejamento integrado para as a��es de unidades como Batalh�o de Tr�nsito, Cavalaria, Rotam e a 6ª Companhia do 1º Batalh�o. O lan�amento do efetivo tem que ser pensado de forma integrada, para aumentar a visibilidade policial. �s vezes, acontece de um suspeito passar ao lado de algum policial que n�o seja da unidade da �rea e nada acontecer, pois falta essa integra��o”, afirma.

COMPLICADO A delegada titular da Regional Centro da Pol�cia Civil, Adriana Monteiro, admite que o Hipercentro de BH � uma �rea mais dif�cil de atuar, devido � quantidade de pessoas circulando e �s oportunidades para os assaltantes. “O grande problema � a popula��o flutuante. S�o 2,5 milh�es de pessoas por dia e esse fluxo muito intenso acaba gerando uma concentra��o das ocorr�ncias. E normalmente as pessoas n�o t�m v�nculos com o Centro, o que dificulta as investiga��es”, afirma a policial.

Segundo ela, no mesmo per�odo do levantamento da Seds foram conclu�dos 1.331 inqu�ritos policiais na regi�o, a maioria relacionada a furtos e roubos. “Estamos aumentando as opera��es na �rea e tamb�m dando prioridade � identifica��o dos autores dos roubos. O Judici�rio tamb�m tem convertido as pris�es em flagrante em preventiva, nos casos de reincid�ncia.”
O comandante do 1º Batalh�o da PM, tenente-coronel Vitor Augusto Ara�jo, respons�vel pelo policiamento no Centro, disse que a unidade tem desenvolvido opera��es coordenadas pela Seds, em conjunto com as pol�cias Civil e Federal, Corpo de Bombeiros, Guarda Municipal, receitas Federal e Estadual, BHTrans e Prefeitura de BH, e que o foco principal tem sido a Pra�a da Rodovi�ria e seu entorno. “Desde 11 de junho, v�rias atividades est�o sendo realizadas com o objetivo de controlar a criminalidade, especialmente o roubo e o furto a transeuntes, n�meros que nos preocupam, pois � o nosso maior �ndice”, informou.

Ainda de acordo com o oficial, de 1º de janeiro a 8 de julho, militares do 1º BPM detiveram 3.946 suspeitos de diversos crimes e contraven��es. “Por tudo isso, podemos afirmar que o Hipercentro da capital � um local seguro”, afirmou. Por�m, o militar adverte que os cidad�os devem adotar cuidados b�sicos de seguran�a, como n�o ostentar objetos de valor, n�o transportar grandes quantidades de dinheiro e ter o controle de malas, bolsas e demais objetos pessoais.

Zonas quentes para roubos tentados e consumados em BH e as porcentagens em cada área (clique para ampliar)(foto: Arte EM)
Zonas quentes para roubos tentados e consumados em BH e as porcentagens em cada �rea (clique para ampliar) (foto: Arte EM)
Pra�a da Rodovi�ria e tamb�m do roubo


“Se cochilar aqui, j� era. Eles levam celular, carteira, correntinha, bolsa... e at� pensamento. Se o cara estiver pensando em cifr�o, � capaz de roubarem tamb�m”, comenta o seguran�a de uma das tr�s drogarias que cercam a Pra�a Rio Branco, mais conhecida como Pra�a da Rodovi�ria, na regi�o central da cidade. Luiz Cordeiro, chefe de seguran�a da rede de farm�cias, h� 15 anos no ramo, concorda com o subordinado. Chega a propor um desafio: “Basta ficar parado aqui neste ponto, por cerca de meia hora, para voc� ver algu�m ser assaltado”.

Ontem n�o era o melhor dia para fazer o teste. Em fun��o de uma blitz de tr�nsito, o trecho contava com dezenas de policiais do regimento da cavalaria e da Pol�cia Militar, baseados em um trailer da pol�cia comunit�ria, estacionado no centro da pra�a. “Precisava ter mais policiamento, e mais constante. Dia sim, dia n�o a PM vem. Quando d� 18h, vai embora, deixando as pessoas vulner�veis nos pontos de �nibus”, explica o dono de uma relojoaria, que pede anonimato.

Na loja de cal�ados vizinha, o funcion�rio novato j� foi assaltado, com menos de um m�s e meio de servi�o. “No s�bado retrasado, eu estava chegando para abrir a loja, por volta de 9h30, quando tr�s apareceram. Puxaram minha mochila e tentaram tomar o celular, mas n�o deixei levar. ‘� meu celular, cara!’ Amea�aram me cortar e me bateram, mas consegui sair e entrei na loja da esquina, onde tem fiscais trabalhando como seguran�as. Eles ainda ficaram me esperando por uma meia hora, mas depois foram embora”, diz o vendedor.

Nesses casos, segundo Cordeiro, o assaltante desaparece por uma, duas semanas, mas depois volta a atuar no mesmo ponto. Geralmente, os furtos sustentam o v�cio do crack, que tomou conta das imedia��es da rodovi�ria. “A criminalidade aumentou muito nos �ltimos tempos. O que mais chama a aten��o � o modo de opera��o dos bandidos. Eles v�m em grupo de tr�s ou quatro. Um fica estudando a v�tima e o outro d� o pulo. O terceiro fica parado no meio do caminho, impedindo a pessoa de fugir”, afirma o chefe da seguran�a, que comanda a equipe de seis vigilantes 24 horas.

Outro golpe comum na pra�a da rodovi�ria � tentar furtar pedestres desavisados, que chegam dos �nibus no interior mineiro ou passam pelas imedia��es com mochilas penduradas nas costas. “Eles j� s�o treinados. Abrem o fecho da mochila sem que a pessoa perceba. Tiram o celular, a carteira e ainda conferem para ver se tem algo de valor. Se n�o tiver, costumam at� devolver”, conta o seguran�a. “Ontem, por volta das 13h, um malandro inventou de roubar um desses meninos que vendem celular roubado. Na hora, uns 10 cercaram o ladr�o e come�aram a bater. Ele s� escapou de ser linchado por que � esperto e simulou um desmaio”, descreve.

Com cabelos louros compridos e blusa com estampa de on�a, B�rbara, de 24 anos, caminhava apressada a caminho do terminal rodovi�rio. Levava duas malas cor-de-rosa, de rodinhas. Prestes a embarcar no �nibus em dire��o a Curvelo, a professora revelou que evita atravessar a Pra�a Rio Branco. Aponta para o lugar onde foi roubada, em 2013, por tr�s homens armados: “Levaram o celular e bolsa com todos os documentos. Um deles puxou a correntinha de bijuteria, que custou a sair. Acho que ele ficou nervoso e me deu uma coronhada na cabe�a. Fiz o boletim de ocorr�ncia. Meses depois, em abril deste ano, me chamaram para fazer o reconhecimento dos ladr�es, mas eu j� n�o me lembrava de mais nada”.

FEIRA DO CRIME Em 26 de abril, o Estado de Minas j� havia denunciado a feira clandestina comprodutos de diversos tipos, sem nota fiscal, que funciona na Pra�a Rio  ranco, em frente ao edif�cio da PM e da Pol�cia Civil. Receptadores negociavamno local mercadorias roubadas e furtadas comatravessadores, livremente, em um dos pontos mais movimentados da capital. A reportagem flagrou 52 envolvidos, entre negociadores, olheiros e “murinhos”, como s�o chamados os que usam o pr�prio corpo para bloquear a vis�o das transa��es.


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