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Estado de Minas

EM registra derrubada de vegeta��o nativa da mata atl�ntica na regi�o do Rio Doce

Reportagem do EM flagra devasta��o da mata atl�ntica no entorno do parque estadual da regi�o, considerado a maior reserva do bioma em Minas. Agress�o � floresta reduz volume de nascentes e acelera degrada��o do curso d'�gua


postado em 13/07/2015 11:00 / atualizado em 13/07/2015 11:04


Marli�ria, Dion�sio e Tim�teo
– Dois roncos de motores acelerando rompem a vegeta��o densa, de onde apenas o pio estridente das seriemas escapava. Movimentando a correia de l�minas contra os troncos de perobas, vinh�ticos e coqueiros, duas motosserras v�o pondo abaixo as esp�cimes da mata atl�ntica, uma das florestas mais devastadas do mundo e detentora da maior biodiversidade do pa�s. A cena flagrada pelo Estado de Minas ocorre nos flancos do Parque Estadual do Rio Doce, a maior reserva de mata atl�ntica remanescente em Minas Gerais, com 35.970 hectares e a um dia de a unidade completar 64 anos – 14 de julho. O absurdo se torna ainda mais evidente porque, apesar de o bioma ser protegido por lei, o desmatamento se d� em �rea de prote��o ambiental. Dentro do parque, nascentes e cursos que alimentam o Rio Doce dependem de conserva��o e mostram que a devasta��o da floresta acelera a degrada��o do manancial que, de t�o combalido, n�o chega sequer ao mar por sua foz original, como mostrou ontem a reportagem do Estado de Minas.


As mazelas da mata atl�ntica e do Rio Doce s�o causadas pelos mesmos problemas, de acordo com o coordenador regional do Instituto Mineiro de Gest�o das �guas (Igam), Wyllian Giovane de Melo. “A devasta��o da mata atl�ntica – que � o bioma que predomina em 98% da Bacia do Rio Doce – teve 95% de sua extens�o dizimada”, disse. Contudo, a falta de repress�o contra quem destr�i a mata permite que ainda ocorram desmatamentos em �reas emblem�ticas, como o parque estadual.
Para encontrar essa devasta��o a reportagem do EM se valeu de imagens de sat�lites que mapearam a cobertura florestal da regi�o. Ao conferir comparativamente a extens�o dessa vegeta��o ao longo dos �ltimos 10 anos foi poss�vel identificar grandes clareiras sendo abertas recentemente em �reas antes de selva fechada. S� no entorno do parque, esse levantamento permitiu identificar 19 �reas devastadas entre 2014 e 2015, somando 114 hectares ou 281 campos de futebol, nos munic�pios de Marli�ria, Dion�sio e Tim�teo, no Leste de Minas.

A mata derrubada das �rvores abre espa�o para chacreamentos, loteamentos, planta��es de eucaliptos e pastagens. A vegeta��o serrada no p� tem destinos diferentes, segundo a reportagem apurou junto �s serrarias dessas regi�es. Algumas s�o misturadas a eucaliptos e vendidos a fornos de carv�o, enquanto outros carregamentos de exemplares nobres da flora nacional s�o incinerados nas pr�prias fazendas, sem qualquer temor de fiscaliza��o.

Impunidade estimula cortes de espécimes do bioma, como este na região do Parque Estadual do Rio Doce(foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)
Impunidade estimula cortes de esp�cimes do bioma, como este na regi�o do Parque Estadual do Rio Doce (foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)


Num desses espa�os abertos em Marli�ria, primeiro um trator foi usado para abrir caminho na floresta, fazendo uma estrada para dentro da mata. L� dentro, dois funcion�rios serravam as �rvores abrindo uma clareira que n�o podia ser vista de estradas vicinais, como a LMG-760. Os troncos cortados eram empilhados e depois transportados por caminh�es. Segundo apurado, parte ia para fornos da propriedade e outros eram vendidos.


Na zona rural de Mariléia, que fica dentro da área de proteção ambiental, estrada foi aberta no meio da floresta(foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)
Na zona rural de Maril�ia, que fica dentro da �rea de prote��o ambiental, estrada foi aberta no meio da floresta (foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)
O bi�logo e especialista em recursos h�dricos, Rafael Resck, elege o assoreamento, refor�ado pela aus�ncia de vegeta��o ciliar, como o pior problema do Rio Doce. Esse tipo de agress�o � visto de forma bastante clara na regi�o de Ipatinga, segundo Resck. “Os sedimentos s�o carreados para dentro do rio, que n�o tem a prote��o das matas ciliares. Qualquer �gua ganha o poder de levar material s�lido para o leito do rio. A principal fun��o da mata ciliar � conter as for�as da �gua em �poca de chuva. Voc� encontra essa situa��o de extrema degrada��o em cidades como Resplendor, onde s�o pouqu�ssimos os fragmentos de mata nativa”, afirma o especialista.

IRREGULARES
Resck lembra tamb�m que a falta de chuvas fez com que o problema ganhasse uma abordagem mais direta, mas acredita que essa conta n�o pode ser paga apenas pela estiagem. “Se olharmos o exemplo do Rio S�o Francisco, em uma das margens que est� mais preservada o volume de �gua dos tribut�rios � maior. O assoreamento tem impacto direto na redu��o de volume de nascente e, al�m disso, estamos contribuindo com entrada de s�lidos na �gua o tempo todo”, complementa.

De acordo com a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustent�vel (Semad), os empreendimentos consultados pela reportagem n�o t�m licen�as para derrubar mata nativa, apenas planta��es de eucaliptos. A Semad informou ainda que, em raz�o do anivers�rio do parque, um levantamento com �reas mais sens�veis ao desmate seria divulgado hoje.


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