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Estado de Minas

Sem vigil�ncia, terminais metropolitanos do BRT/Move viram alvo de assaltantes

Contrata��o de seguran�as para o BRT da capital praticamente zera assaltos e depreda��es, mas passageiros da Grande Belo Horizonte dizem que ladr�es apenas trocaram o alvo


postado em 21/07/2015 06:00 / atualizado em 21/07/2015 07:20

Vigia em estação gerenciada pela PBH: garantia que falta para os demais usuários (foto: Túlio Santos/EM/DA Press)
Vigia em esta��o gerenciada pela PBH: garantia que falta para os demais usu�rios (foto: T�lio Santos/EM/DA Press)

Os 192 seguran�as que se revezam na vigil�ncia das 41 esta��es do Move de Belo Horizonte conseguiram praticamente anular a viol�ncia e vandalismo nos terminais. Por�m, no Move Metropolitano – que permanece sem vigias – a viol�ncia persiste. Pior: os passageiros entendem que os problemas migraram das esta��es vizinhas. “� muita desigualdade. Outro dia, vi um ladr�o roubando o celular de uma senhora”, relata a auxiliar administrativa Gra�a Ferreira Barcelos. “Os ladr�es sabem que um tem seguran�a e outro n�o. A�, escolhem a mais f�cil”, deduz Gra�a, moradora do Bairro Fortaleza, em Ribeir�o das Neves, na Grande BH.

A disposi��o das esta��es do Move nas avenidas Cristiano Machado, Ant�nio Carlos, Pedro I, Vilarinho, Paran� e Santos Dumont � sim�trica. A cada esta��o do BRT exclusivo da capital, h� uma do metropolitano (que atende as cidades da regi�o metropolitana). Antes da chegada dos seguran�as ao sistema gerenciado por BH, a m�dia era de uma ocorr�ncia violenta a cada quatro dias, nos primeiros cinco meses do ano. Em junho, quando teve in�cio a vigil�ncia, houve apenas um monitor de v�deo quebrado. No Move Metropolitano, a Secretaria de Estado de Transporte e Obras P�blicas (Setop) n�o divulga estat�sticas de viol�ncia. A percep��o dos passageiros, por�m, � de que ela se agravou. Enquanto isso, a previs�o da Setop � de que o edital para a contrata��o de seguran�as seja publicado no m�s que vem.

A Setop informa que, enquanto n�o implanta a seguran�a, conta com a parceria da Pol�cia Militar. O Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros Metropolitano (Sintram) informou que o maior n�mero de ocorr�ncias nos terminais e esta��es do Move Metropolitano � com rela��o a atos de vandalismo. Mas tamb�m disse n�o ter dados sobre os casos.

Por�m, para saber o que ocorre basta perguntar aos passageiros e funcion�rios das esta��es metropolitanas. “O pessoal que antes aterrorizava passageiros do Move BH agora vem para c�. Eles dizem que l� � territ�rio tenso, e que n�o querem apanhar”, contou o bilheteiro V., de 40 anos, que trabalha em uma esta��o do Metropolitano na Lagoinha. O passageiro Mateus Lopes, de 21, que mora em Vespasiano, mostra uma cicatriz e diz que foi atacado em um dos pontos de embarque. “Um rapaz tentou roubar o celular de uma pessoa. V�rios passageiros se revoltaram e, quando fomos deter o ladr�o, ele me deu uma facada e fugiu.”

A aposentada Marilda das Flores Rodrigues, de 64, moradora do Bom Destino, estava inquieta na esta��o do Move Metropolitano. “Ningu�m respeita a gente aqui. Vim no Odilon Behrens, mas na hora de voltar � complicado. Fico torcendo para que o �nibus chegue r�pido.” A professora de piano Maria Luiza Fernandes, de 19, usa o sistema do Move da capital e o metropolitano. “Venho do trabalho no Belvedere, na Regi�o Centro-Sul de BH, � noite, e des�o na esta��o do Move BH. Fico aqui dentro esperando por minha m�e, para embarcar no Metropolitano. Quando ela n�o pode vir, prefiro seguir para a esta��o do Venda Nova e pegar um t�xi”, explicou a jovem, que mora no S�o Benedito.

HIST�RICO De acordo com o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros (Setra-BH), este ano, at� maio, foram registradas 33 ocorr�ncias violentas em esta��es do Move BH: 20 assaltos, cinco arrombamentos e furtos, oito agress�es a funcion�rios, a maioria de pessoas que pulavam a catraca para n�o pagar passagem. Diariamente, duas portas de vidro dos pontos de embarque eram quebradas.

Em 30 de mar�o, um passageiro foi esfaqueado e teve o celular roubado quando esperava para embarcar na Esta��o Odilon Behrens, na Avenida Ant�nio Carlos, na Lagoinha, Regi�o Noroeste da capital. Foi a gota d’�gua para que a prefeitura contratasse pessoal especializado, j� que ficavam nas bases um bilheteiro e um monitor. Antes disso, em fevereiro, duas esta��es – S�o Francisco e Cachoeirinha, tamb�m no corredor da Ant�nio Carlos, foram depredadas.


A passageira Graça Barcelos:
A passageira Gra�a Barcelos: "Ladr�es sabem onde n�o tem seguran�a" (foto: Gladyston Rodrigues/EM/DA Press)
Vigias t�m rotina tensa

Apesar de reduzirem a viol�ncia nas esta��es do Move, em Belo Horizonte, os seguran�as relatam momentos de apreens�o durante o trabalho. Eles s�o proibidos pela BHTrans de dar entrevistas, mas um vigilante contou, em conversa com a equipe do EM, que em um dos terminais da Avenida Cristiano Machado, o fim de tarde de domingo � sempre tenso. “Quando sai o pessoal de um baile pr�ximo, eles surgem em turma, de mais de 20 pessoas, e n�o tem jeito de fazer nada. O que posso fazer � avisar ao meu supervisor e pedir refor�o da Guarda Municipal e da Pol�cia Militar”, conta o vigia, que al�m do r�dio tem como “armas” apenas um cassetete e algemas. Outra circunst�ncia de tens�o, relatada por um funcion�rio que trabalha em uma das esta��es da Avenida Ant�nio Carlos, � em dia de jogos no Mineir�o. “N�o tem como controlar”, afirma. O mais comum, segundo ele, s�o grupos pulando a roleta.


A empresa privada respons�vel pela vigil�ncia assinou contrato de 20 meses com a Prefeitura de Belo Horizonte, que inicialmente cogitou a contrata��o de policiais militares reformados para garantir a seguran�a do Move. Nas esta��es de transfer�ncia h� um pequeno banheiro para funcion�rios na bilheteria, mas falta espa�o para refei��es. “No meu caso, que trabalho � noite, espero at� o hor�rio do fechamento da esta��o, � 1h, para jantar. Mas colegas que atuam � tarde n�o tem como fazer refei��es na esta��o”, contou um vigilante de uma das unidades da Cristiano Machado. Ele destaca ainda que em v�rias esta��es n�o h� cadeira para os trabalhadores. No per�odo de 12 horas de plant�o, mesmo nas madrugadas, quando fazem apenas a guarda patrimonial, eles t�m que ficar de p�.


An�lise da not�cia

Um complexo destinado a receber o movimento di�rio de 500 mil pessoas, com estruturas abertas quase ininterruptamente, na terceira maior capital do Sudeste do pa�s. Diante dessas caracter�sticas, dif�cil entender a falta de previs�o sobre a necessidade de seguran�as, logo de in�cio, nas esta��es de transfer�ncia do Move em Belo Horizonte. As mais de 200 portas quebradas e os 67 monitores danificados at� que os vigias come�assem a trabalhar nas unidades de BH s�o apenas a parte mais vis�vel do custo da falta de planejamento. Por ela pagaram tamb�m incont�veis passageiros, v�timas de pequenos furtos ou at� de roubos seguidos de agress�es, que n�o tiveram a quem recorrer. Se a demora j� parece estranha no sistema da capital – no qual os vigilantes s� come�aram a trabalhar um ano depois da estreia do BRT –, torna-se incompreens�vel no Move Metropolitano, em que a seguran�a ainda nem tem data para aparecer. Uma disparidade que cria duas “classes” no transporte coletivo da capital. E os passageiros da Grande BH est�o percebendo que embarcaram na mais vulner�vel delas. (Roney Garcia)


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