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Estado de Minas

Casal morto por motorista imprudente deixa dois filhos e parentes inconformados

Unido desde a adolesc�ncia, casal que morreu em Palio atingido por motorista que testava carro modificado deixa dois filhos, de 4 e 9 anos


postado em 05/08/2015 06:00 / atualizado em 05/08/2015 06:42

Casal morto em acidente de carro estava unido desde a adolescência (foto: Álbum de família/Reprodução)
Casal morto em acidente de carro estava unido desde a adolesc�ncia (foto: �lbum de fam�lia/Reprodu��o)

A confeiteira K�tia Aisten de Assis, de 27 anos, e o marido, o vigilante Paulo Guilherme Medeiros Meireles, de 29, tinham muitos sonhos para eles e para os filhos, Giovana, de 9, e Jo�o Pedro, de 4. A ex-operadora de caixa de drogaria, que aprendeu a fazer bolos confeitados em um curso e j� trabalhava por conta pr�pria, pensando em abrir um empreendimento, teve seus sonhos desfeitos na noite de segunda-feira, quando o carro em que estava o casal foi brutalmente atingido pelo Gol placa GQO 9823, dirigido pelo administrador Jos� Almerio Amorin Neto, de 35. Segundo testemunhas, o motorista dirigia em alt�ssima velocidade na Avenida Am�rico Vesp�cio, na Regi�o Noroeste de Belo Horizonte, quando atingiu, na contram�o, o Palio dirigido por Paulo.


O casal morava no Bairro Goi�nia, Regi�o Nordeste da capital, e tinha ido comprar um par de muletas para Paulo, que depois de quatro meses de espera teve a cirurgia no joelho liberada pelo plano de sa�de. Apesar de jovens, os dois tinham um  relacionamento de bastante tempo. Eles se conheceram ainda adolescentes, na escola onde estudavam, na Regi�o de Venda Nova. “Ela tinha 14 anos. Foi amor � primeira vista e eles viveram juntos pelo resto da vida, literalmente”, lamentou a irm� da confeiteira, a auxiliar administrativa Kamila Fernanda de Assis, de 24.


Kátia e Paulo tinham saído para comprar um par de muletas quando sofreram o acidente. Ele havia acabado de receber autorização do plano de saúde para operar o joelho(foto: Marcos Vieira/EM/D.A Press)
K�tia e Paulo tinham sa�do para comprar um par de muletas quando sofreram o acidente. Ele havia acabado de receber autoriza��o do plano de sa�de para operar o joelho (foto: Marcos Vieira/EM/D.A Press)

Em novembro do ano passado, a m�e de K�tia, a auxiliar de servi�os gerais Fl�via Cristina Gon�alves, de 46 anos, que mora em Caet�, na Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte, sofreu um acidente vascular cerebral (AVC). K�tia foi com os filhos cuidar dela. O marido permaneceu em BH e ia passar os fins de semana com a fam�lia. H� dois meses, uma irm� de K�tia chegou do Esp�rito Santo para assumir os cuidados com a m�e, e a confeiteira voltou para casa.


Poucas horas antes do acidente, K�tia, Paulo e o filho ca�ula foram a Caet� buscar a transfer�ncia das crian�as para uma escola da capital. Chegaram no hor�rio do almo�o. “Eles estavam muito alegres. K�tia estava toda orgulhosa do bolo que havia feito para uma prima de Paulo, dizendo que havia ficado muito bonito. Ela me disse: ‘Viu o bolo chique que eu fiz?’”, contou a irm�. A confeiteira gostava de publicar fotos de seus bolos numa rede social. A fam�lia toda acompanhava o seu sucesso.


Na tarde de ontem, os corpos do casal eram aguardados no vel�rio da Par�quia S�o Francisco de Assis, em Caet�, em frente � casa da m�e dela. As crian�as estavam com os parentes de Paulo, em Belo Horizonte, e acompanhariam os carros f�nebres. A menina, ao receber a not�cia da trag�dia, fez um pedido: queria abra�ar a m�e pela �ltima vez. Os encarregados da funer�ria desaconselharam, devido aos traumas causados pelo acidente.


Na fam�lia, o sentimento de revolta era tanto quanto o de dor, confidenciou a irm� da v�tima. “O motorista dirigia a 150km/h, numa via p�blica, �s sete e meia da noite. Sabia que podia matar algu�m e n�o provocou apenas um acidente. Cometeu dois homic�dios. Queremos Justi�a. S�o duas crian�as sem pai e sem m�e agora”, desabafou Kamila.

Giovana e Jo�o Pedro eram muito ligados ao pai. O garoto, segundo a tia, n�o dormia enquanto ele n�o chegava do trabalho. “Paulo tamb�m tinha um sonho: arrumar um emprego melhor. Ele e K�tia viviam pelos filhos”, disse Kamila. Os corpos de K�tia e Paulo ser�o sepultados um ao lado do outro, �s 10h de hoje, no Cemit�rio Jos� Brand�o, em Caet�.

 

Entrevista

FL�VIA CRISTINA GON�ALVES,
M�E DE K�TIA AISTEN DE ASSIS

“Vai ser dif�cil perdoar”


Como a K�tia era como filha?

Uma filha de ouro. Sempre carinhosa com a gente, com os filhos e o marido. Nunca deu trabalho na escola ou na rua. Foi uma boa filha. Desde que eu adoeci, ela ficou agarrada comigo o tempo todo. Paulo tamb�m era um filho, um excelente marido e pai de fam�lia. Nunca deixava faltar nada para eles. N�o tem nada que se compare � dor de uma m�e que perde um filho.

Qual o sentimento em rela��o ao motorista que provocou o acidente?
De revolta. O motorista sabia o que estava fazendo. Como � que ficam os meus netos agora, sem pai nem m�e? O mais novo s� tem 4 anos. Tem aquela parte do Pai Nosso que a gente reza: ‘Perdoai as nossas ofensas, assim como n�s perdoamos a quem nos tem ofendido’, mas eu vou ter que trabalhar isso por muito tempo, para conseguir perdoar esse mo�o. Quando uma vida � retirada assim, de forma t�o cruel e irrespons�vel, � mais doloroso ainda. Se fosse uma doen�a, eu at� estaria mais conformada.

Qual lembran�a a senhora vai guardar da filha?

Do sorriso dela, sempre de bem com a vida. Ela saiu da drogaria onde trabalhava e fez um curso de confeiteira. Estava fazendo uns bolos lindos. Tinha orgulho do que fazia.

 

 


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