
A a��o policial ontem, na Rua da Bahia, mudou a rotina de quem mora e trabalha no local. Mas foi no Hotel Sol Belo Horizonte que a situa��o foi mais cr�tica, com h�spedes tendo dificuldade para sair ou entrar no pr�dio, que, pela quantidade de militares do Batalh�o de Choque, parecia um quartel. “Foi o local mais pr�ximo que tivemos para nos refugiar. A gerente deixou que entr�ssemos e at� nos deu vinagre para suportar o cheiro das bombas. Fui um dos detidos. Os que subiram as escadas e tentaram se esconder nos andares de cima foram algemados. Quando os PMs come�aram a fazer triagem, disse que n�o participava da manifesta��o e me deixaram sair”, disse o universit�rio Vin�cius Brand�o, de 21 anos.
Desde o come�o da a��o policial a Rua da Bahia ficou fechada por quase uma hora. Moradores e h�spedes do Sol BH e de outro hotel que conseguiram passar pelo bloqueio eram escoltados por PMs. Um pequeno grupo que participava da manifesta��o, e que tentava chegar at� os colegas detidos no hotel, foi impedido por militares, que atiraram bombas e bala de borrachas. Uma das bombas explodiu bem pr�ximo � porta de vidro de um edif�cio comercial.
O administrador de empresas Valter Rumber, de 58 anos, hospedado no Sol BH, disse que foi surpreendido pela multid�o correndo, no momento em que retornava ao hotel. “Sou de Fortaleza e nem sabia dos protestos. Ao ser empurrado, tive uma les�o e pensei at� que tinha quebrado uma costela”, disse Rumber, antes de embarcar apressado em um t�xi, em dire��o a um hospital.
No hall do hotel, h�spedes tentavam se refazer do susto. Numa sala aos fundos, dezenas de militares vigiavam os jovens sentados ao ch�o. A imprensa foi liberada por alguns minutos para constatar que n�o havia feridos no grupo. Do lado de fora, aos poucos chegavam parentes e amigos dos detidos. Em pouco tempo, em frente ao pr�dio j� havia nova manifesta��o e um grupo de policiais com escudos. At� hospedes passaram a ser barrados e dependiam de autoriza��o para entrar e sair.
Advogados tamb�m eram barrados inicialmente mas, se entregassem a carteira da Ordem dos Advogados para averigua��o dos oficiais, no interior do hotel, eram liberados. O advogado S�lvio Carvalho reclamou: “Vim a pedido da fam�lia de um garoto detido e me impediram de atender meus clientes”, protestou.

A defensora p�blica J�nia Carvalho acompanhou os manifestantes no hotel e avaliou que n�o houve negocia��o com os militares para tentar resolver a situa��o. “As pessoas l� dentro passaram mal com o g�s. Tanto os manifestantes, como os policiais. N�o conseguimos negociar com a pol�cia e ficamos preocupados com a forma como a situa��o foi conduzida. Era uma manifesta��o pac�fica, sem interesse de agredir ningu�m. As pessoas lutam de forma justa contra situa��es injustas criadas pelo poder p�blico”, disse a defensora.
FERIDOS Pelo menos tr�s manifestantes, al�m do rep�rter fotogr�fico Denilton Dias, do jornal O Tempo, foram atendidos no Hospital de Pronto-Socorro (HPS) Jo�o XXIII, depois do protesto. Segundo a PM, outros tr�s ativistas foram levados � UPA Oeste, com ferimentos sem gravidade.
