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Estado de Minas

Anexo do Iate Clube amea�a t�tulo de patrim�nio cultural da Pampulha

Autoridades consideram positiva visita de representante da Unesco que avalia candidatura, mas anexo do clube que descaracteriza projeto de Niemeyer ainda � desafio. Proposta � demolir um pavimento


postado em 03/10/2015 06:00 / atualizado em 03/10/2015 07:21

Anexo do Iate Clube: prefeitura, Iphan e Iepha planejam buscar R$ 8 milhões em recursos para derrubar um pavimento e melhorar visibilidade de obra de Niemeyer(foto: Rodrigo Clemente/EM/D.A PRESS)
Anexo do Iate Clube: prefeitura, Iphan e Iepha planejam buscar R$ 8 milh�es em recursos para derrubar um pavimento e melhorar visibilidade de obra de Niemeyer (foto: Rodrigo Clemente/EM/D.A PRESS)

Pampulha em clima de expectativa e otimismo. A visita t�cnica a Belo Horizonte da consultora venezuelana Mar�a Eugenia Bacci, do Conselho Internacional de Monumentos e S�tios (Icomos), deixou autoridades federais, estaduais e municipais com mais esperan�a de conquistar o t�tulo de Patrim�nio Cultural da Humanidade, concedido pela Organiza��o das Na��es Unidas para a Educa��o, Ci�ncia e Cultura (Unesco). “Estamos confiantes e otimistas, pois o resultado desses �ltimos quatro dias � muito positivo”, disse, nessa sexta-feira, o prefeito Marcio Lacerda, ao falar sobre o trabalho j� executado na regi�o para preserva��o do conjunto moderno, da d�cada de 1940, concebido pelo arquiteto Oscar Niemeyer (1907-2012), e a despolui��o do espelho d’�gua, no qual s�o lan�ados esgotos de domic�lios da regi�o e do munic�pio vizinho de Contagem.

“Os servi�os est�o adiantados e n�o precisam ser totalmente conclu�dos para a Unesco conceder o t�tulo ao conjunto arquitet�nico. Temos recursos assegurados”, garantiu Lacerda. Um dos principais desafios nessa escalada, no entanto, se refere ao Iate T�nis Clube, localizado na Avenida Otac�lio Negr�o de Lima, na orla, onde um anexo da d�cada de 1970 descaracteriza o projeto original de Niemeyer. “Nossa proposta, junto do Instituto do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico Nacional (Iphan) e Instituto Estadual do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico de Minas Gerais (Iepha-MG), � buscar recursos para resolver a quest�o”. Al�m da demoli��o de um pavimento do anexo, que abriga sal�o de festa e academia de gin�stica, seriam necess�rios restaura��o do pr�dio inaugurado em 1943, e revitaliza��o dos jardins de autoria do paisagista Roberto Burle Marx (1909-1994). A prefeitura se encarregar� dos projetos executivos para as interven��es. As obras t�m or�amento de R$ 8 milh�es.

Como contrapartida para investir num clube particular, a PBH quer que a dire��o do Iate T�nis Clube, antigo Iate Golfe Clube, abra futuramente as portas para visita��o p�blica dos jardins e tamb�m de pain�is pintados por C�ndido Portinari (1903-1962) para o interior do sal�o de festas e azulejos considerados “joias” pelos especialistas em artes e historiadores. “H� perfeita sintonia entre n�s, o Iphan e a Iepha para levar adiante essa campanha. Agora, a consultora vai preparar um relat�rio para subsidiar a decis�o da Unesco”, afirmou o chefe do executivo. O resultado final ser� divulgado em junho, em Istambul, na Turquia, durante a 40º Sess�o do Patrim�nio Mundial.

O prefeito explicou ainda que, no caso do Iate, houve ocupa��o irregular de uma �rea de 4 mil metros quadrados que eram patrim�nio da cidade, onde agora h� um estacionamento do clube. Para resolver a quest�o, j� foi acionado o Minist�rio P�blico de Minas Gerais (MPMG). O vice-presidente do clube, Zaner de Ara�jo Abreu recebeu a arquiteta no clube, esteve com ela em reuni�o na prefeitura e acredita na import�ncia do o t�tulo para “BH, Pampulha e Iate”. Ele considera a proposta bem-vinda, mas que a academia de gin�stica e o sal�o de festa s�o de suma import�ncia na receita do clube e teriam que ser realocados. “Esta constru��o � anterior ao tombamento do clube”, afirmou Zaner. Ele disse que a ocupa��o de 4 mil metros quadros do clube, que passou a ser privado em 1970, � uma “hip�tese lan�ada na prefeitura e n�o tem fundamento”.

Prazo Durante a semana, entre as v�rias reuni�es oficiais e visitas aos s�tios hist�ricos, a arquiteta Mar�a Eugenia se encontrou com diretores da Copasa e da PBH para conhecer projetos de recupera��o da lagoa. “Perguntando muito, anotando mais ainda”, segundo contou um integrante do grupo que a acompanhou, Mar�a Eugenia solicitou todos os mapas da regi�o das Pampulha, desde 1895, dois anos antes, portanto, da funda��o da capital. Presente � entrevista coletiva na manh� de ontem, na sede da PBH, no Centro, o diretor de Planejamento e Gest�o de Empreendimento da Copasa, Ronaldo Matias, adiantou que, at� junho do ano que vem, m�s de divulga��o do t�tulo pela Unesco, 95% dos esgotos da regi�o da Pampulha e de Contagem estar�o ligados � rede coletora. “Nos �ltimos 12 meses, a Copasa fez 10 mil liga��es de moradias at� ent�o clandestinas. Seguimos com esse trabalhado educativo”, acrescentou Matias. A PBH est� investindo R$ 108,5 milh�es em obra na Pampulha e tem mais R$ 140 milh�es em caixa para concluir os servi�os. J� a Copasa investiu at� agora R$ 90 milh�es.

Candidatura A Pampulha � o �nico monumento candidato ao t�tulo de Patrim�nio Cultural da Humanidade este ano, lembrou o presidente da Funda��o Municipal de Cultura (FMC), Le�nidas Oliveira, j� que Paraty (RJ) saiu do p�reo. “A arquiteta Mar�a Eugenia usou a palavra ‘deslumbramento’ para se referir � Pampulha. Ela � apaixonada pela arquitetura moderna, principalmente os projetos de Niemeyer para a Pampulha”, afirmou Le�nidas, que revelou uma hist�ria vivida e contada pela venezuelana: “Em 2012, ela esteve em Belo Horizonte, mas, devido aos compromissos, n�o teve tempo de ir � Pampulha. Por sorte, o voo de volta foi cancelado e, sem ter outros compromissos, n�o perdeu tempo. Pegou um t�xi e deu um passeio pela regi�o, podendo visitar os pr�dios”.

Entusiasta do reconhecimento pela Unesco, Le�nidas, que � arquiteto, juntou for�as com o prefeito para reacender a proposta. “A primeira ideia � de 1996, mas n�o havia toda a documenta��o necess�ria. Desta vez, foi feito um dossi� completo, com 500 p�ginas, e foram relatadas todas as quest�es referentes ao patrim�nio cultural da Pampulha, sem omitir nada”, disse o presidente da FMC, ao lado da diretora do Conjunto Moderno da Pampulha, Luciana F�res – a diretoria foi criada recentemente para cuidar do patrim�nio local. “T�o importante quanto a preserva��o dos monumentos, � a capacidade de gest�o do patrim�nio, e isso a consultora p�de ver na pr�tica. Esse conjunto � de valor excepcional”, afirmou a presidente do Iepha, historiadora Michele Arroyo.


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