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Estado de Minas

Em Camargos, parte da popula��o foge com medo de novo rompimento, mas outros resistem

Com receio de que um novo rompimento possa ocorrer, desta vez com uma propor��o maior, o da Barragem do Germano, moradores abandonaram suas casas e deixaram a vila fundada no in�cio do s�culo 18. Mas h� quem resista em fazer isso


postado em 10/11/2015 06:00 / atualizado em 10/11/2015 11:25

Graciete se recusa a sair de Camargos, apesar da lama:
Graciete se recusa a sair de Camargos, apesar da lama: "Precisamos tratar das cria��es" (foto: Daniel Camargos/EM/DA Press)

Mariana –
O pequeno distrito de Camargos, comunidade mais pr�xima de Bento Rodrigues – arrasada pelo rompimento de duas barragens da Samarco, mineradora controlada pela Vale e BHP Billiton – se tornou uma esp�cie de cidade-fantasma. Um dos primeiros bra�os da lama de rejeitos que se arrasta pelo estado atingiu a parte baixa do distrito e destruiu tr�s fazendas, na �ltima quinta-feira. Com receio de que um novo rompimento possa ocorrer, desta vez com uma propor��o maior, o da Barragem do Germano, no complexo miner�rio onde estouraram as outras duas, moradores abandonaram suas casas e deixaram a vila fundada no in�cio do s�culo 18. Mas h� quem resista em fazer isso.

Graciete Isabel Vieira e seu marido, Geraldo Marques da Silva, fazem parte desse grupo. Ap�s assistirem a lama carregar quase tudo na fazenda em que viviam h� 30 anos, alugaram uma casa na parte alta do distrito e persistem no local. “Salvamos alguns porcos e galinhas. Precisamos tratar deles, pois vivemos da cria��o”, explica Graciete. “N�o existe op��o de ir para outro lugar”, completa.

Enquanto a reportagem do Estado de Minas entrevistava Graciete, dois funcion�rios da Samarco foram at� a casa dela. Inicialmente, tentaram convenc�-la a ir para Mariana e a ficar em um hotel da cidade. Diante da negativa, a equipe da mineradora pediu que ela preenchesse uma ficha de cadastro, deixou garrafas de �gua, cesta b�sica e pe�as de roupa.

“Eu n�o tenho ideia do que a Samarco pode fazer pela gente. Minha filha faz faculdade em Belo Horizonte, as contas v�o chegar para pagar. Eu vou trabalhar aonde? S� se eu sentar na pra�a e pedir dinheiro”, afirmou Graciete a um dos funcion�rios da mineradora, argumentando que depende da fazenda para sobreviver.

PAVOR A comunidade de Camargos tem cerca de 50 casas e apenas quatro continuam habitadas. Eladir dos Reis deixou o im�vel onde vivia com o marido e duas filhas, uma de 12 e outra de 10 anos, na quinta-feira ap�s a avalanche de lama. “N�o fico l� de jeito nenhum. E se a outra barragem romper?”, questiona. Ela est� na casa da m�e, em Mariana, e n�o sabe o que far� no futuro. “Como vou para um lugar daquele, que n�o tem socorro?”

O prefeito de Mariana, Duarte J�nior, disse, em entrevista coletiva na tarde de ontem, que tamb�m teme pela terceira barragem. Ele argumentou que a prefeitura n�o tem funcion�rios qualificados para fiscalizar o local e precisa confiar no argumento da mineradora, de que a Barragem do Germano est� est�vel.

“Quando eu cheguei ao alto do morro, vi a lama passando em tudo. No galinheiro, no quartinho de arreio e no barrac�o onde meu sogro fazia artesanato”, detalha Graciete. O marido dela, Geraldo, � motorista de van, contratado para levar crian�as na escola de Bento Rodrigues. A sorte foi que ele atrasou e, quando sa�a, escutou o aviso de um rapaz de motocicleta que a barragem havia rompido.


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