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Estado de Minas

Av� da menina Emanuelly culpa Samarco e diz que faltou efici�ncia em buscas

Em como��o, parentes e amigos da fam�lia se despedem da garota, a quarta v�tima da trag�dia.


postado em 11/11/2015 06:00 / atualizado em 11/11/2015 08:57

No enterro de Emanuelly Fernandes, de 5 anos, o clima era um misto de desolação e indignação: cobrança por responsabilidade da mineradora e da Secretaria de Meio Ambiente(foto: Alexandre Guzanshe/EM/DA Press)
No enterro de Emanuelly Fernandes, de 5 anos, o clima era um misto de desola��o e indigna��o: cobran�a por responsabilidade da mineradora e da Secretaria de Meio Ambiente (foto: Alexandre Guzanshe/EM/DA Press)

Mariana – “
Manu, te amo. Fica com Deus”. Foi o que Wesley Pinto Izabel, de 22 anos, conseguiu dizer quando o tsumani de lama tirou de seus bra�os a filha Emanuelly Fernandes, de 5 anos, na quinta-feira. V�tima do rompimento das barragens da mineradora Samarco, Manu, como era carinhosamente chamada, foi encontrada morta nas margens de um rio em Ponte de Gama, a 100 quil�metros do subdistrito de Bento Rodrigues, cinco dias depois da trag�dia. A menina foi enterrada ontem, no cemit�rio de S�o Gon�alo, em Mariana. Familiares esperam que o desastre n�o termine impune e responsabilizam a empresa e a Secretaria de Estado de Meio Ambiente pelo ocorrido.


At� o reconhecimento do corpo, ainda na manh� de ontem, a fam�lia mantinha esperan�a de encontr�-la viva. Depois da tentativa do pai, que tamb�m carregava no colo o filho mais novo, N�colas, de 3 anos, o av�, Francisco Izabel, de 64, se empenhou em tentar salvar a neta. “Vi a Manu, ela gritou por socorro uns 30 metros lama adentro. Ela veio em cima duas vezes e sumiu. Depois n�o vi mais”, conta.

Quarta v�tima a ser reconhecida de um total de seis corpos encontrados, Manu morava com a fam�lia em Bento Rodrigues, que foi totalmente devastado pela lama. O pai n�o p�de se despedir da filha, porque continua internado no hospital do munic�pio de Santa B�rbara – pela manh�, ele havia passado por cirurgia no p�.

A m�e, P�mela Fernandes, de 21, gr�vida de tr�s meses, preferiu dar o adeus na forma de um carinho e ficou abra�ada ao caix�o durante todo o vel�rio. O irm�o N�colas ficou com amigos no hotel em que a fam�lia est� abrigada. Durante a despedida, amigos de Bento Rodrigues se emocionavam com a tr�gica morte e relembraram momentos em que o mar de lama invadiu o distrito.

Doce e cuidadosa com o irm�o mais novo, Manu se preparava para a pe�a de teatro “O casamento de Dona Baratinha”, que seria apresentada na escola na formatura do ensino infantil. “Cad� nossa Baratinha?”, perguntou, emocionada, a inspetora da escola, Geizibel Aparecida Moreira, de 31 anos. “Ela parecia uma branca de neve”, observa o tio W�lidas Monteiro. Ele diz que faltou efici�ncia nas buscas. “Poderia ter sido mais r�pido se tivesse a quantidade suficiente de bombeiros”, afirma.

ANG�STIA Ainda sem entender o que se passou, o av� n�o consegue apagar da mem�ria o grito da menina por socorro. “Parece que ela est� gritando ainda. Isso vai ficar para sempre enquanto estiver vivo. Ela pagou por uma coisa que n�o precisava. Um lama�al de barro, sendo que poderia ser evitado. � a gana do dinheiro”, diz Francisco. “Isso � erro da Samarco e (da secretaria) do Meio Ambiente tamb�m”.

Veja homenagem � menina Emanuelly


(foto: Alexandre Guzanshe/EM/DA Press)
(foto: Alexandre Guzanshe/EM/DA Press)
ENTREVISTA
 
Francisco Izabel, 64 anos, av� de Emanuelly

"Eles n�o pensaram na vida dos outros"

Entre os familiares de Emanuelly h� uma convic��o: ela poderia ter sobrevivido se n�o tivesse ocorrido o que identificam como neglig�ncia da Samarco e omiss�o da Secretaria Estadual de Meio Ambiente. Eles tamb�m afirmam que uma estrutura mais preparada para o socorro talvez tivesse ajudado a evitar a morte da garota.

O senhor tamb�m tentou salvar a Emanuelly?

Assim que fiquei sabendo, fui para Bento Rodrigues. O pessoal falou: “Resgatamos o pai dela e o menino (neto)”. A lama estava muito alta, tinha muito pau, fia��o, tudo descendo rio abaixo. Vi a Manu, ela gritou por socorro uns 30 metros lama adentro. Ela veio em cima duas vezes e sumiu. Depois n�o vi mais.

Voc� tinha esperan�a de encontr�-la viva?

Minha inten��o era encontrar ela viva. Se tinha um barco, uma coisa para socorrer, era f�cil, mas n�o tinha nada. Chamei os bombeiros, falei a dire��o e eles falaram que estavam dando apoio e que o helic�ptero ia resgatar. Perguntei se tinha um barco, uma corda, mas n�o tinha nada. Voltei no outro dia, a mesma coisa. Mostrei aos policiais, falaram que iam procurar. Infelizmente, n�o teve o apoio suficiente e ela faleceu.

Como � enterrar sua neta numa trag�dia como essa?
S� n�o pode agravar Deus nessa a�, porque isso a� � erro dos homens. � erro da Samarco e (da secretaria) do Meio Ambiente. N�o podia liberar, sabendo que tinha vida ali embaixo. A Samarco tinha que, abaixo da barragem, fazer uma vazia. Mas eles s� pensaram no dinheiro, n�o pensaram na vida dos outros.


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