
Mariana – O medo de enfrentar uma nova avalanche de lama – desta vez ainda maior que a primeira – voltou a fazer soar o alerta em povoados de Mariana, na Regi�o Central do estado. Por causa do risco de rompimento da Barragem do Germano, a maior da empresa Samarco na regi�o, foram novamente fechados ontem os acessos ao subdistrito de Bento Rodrigues, devastado pela avalanche de rejeitos dos reservat�rios do Fund�o e de Santar�m, rompidos h� uma semana. O an�ncio de que o lugarejo estava condenado e que o acesso estaria bloqueado por tempo indeterminado foi dado ontem, por volta das 10h, pela Pol�cia Militar, quando moradores tentavam voltar �s casas que permaneceram de p�. Em entrevista coletiva, o presidente da Samarco, Ricardo Vescovi – ao lado dos representantes da Vale e da australiana BHP Dilliton, controladoras da empresa –, se limitou a dizer que as estruturas da barragem est�o est�veis, mas admitiu que foi necess�rio que fosse aumentado seu “grau de seguran�a”.
Mesmo assim, o Minist�rio P�blico de Minas Gerais (MPMG) deu prazo de 48 horas, a contar da tarde de ontem, para que a Samarco apresente uma proje��o de impactos causados por um eventual rompimento da Barragem do Germano. Junto a isso, a mineradora deve relacionar as a��es emergenciais a serem conduzidas no caso de mais um desastre. “Precisamos ter seguran�a total”, disse o coordenador regional das Promotorias de Justi�a do Meio Ambiente das Bacias Hidrogr�ficas dos Rios das Velhas e Paraopeba, Mauro da Fonseca Ellovitch, que integra a for�a-tarefa montada pelo MP para apurar as causas e responsabilidade no rompimento das barragens, considerado o maior desastre ambiental da hist�ria de Minas.
� tarde, o promotor disse ter conversado com representantes do Corpo de Bombeiros, da Defesa Civil e da empresa, obtendo garantia que n�o h� risco de rompimento da Barragem do Germano. “Os bombeiros falaram que uma trinca existente seria natural e n�o danificaria a estrutura”, afirmou. Mesmo assim, Ellovitch disse que n�o h� clima de tranquilidade.
O Superintendente da Defesa Civil de Minas Gerais minimizou os riscos do rompimento. “Houve l� um tremor de terra de 2,1 graus ontem, por isso foram retiradas as pessoas. Engenheiros est�o avaliando as rachaduras e providenciando refor�o. As possibilidades de rompimento s�o m�nimas, mas, mesmo assim, j� est� sendo feito o reparo.”
Segundo o presidente da Samarco, interven��es s�o feitas no dique do Germano, com apoio do Corpo de Bombeiros e da Pol�cia Militar, para garantir o m�ximo de seguran�a. Por�m, em v�deo gravado com exclusividade pelo Estado de Minas na manh� de ontem, o tenente Sebasti�o Nogueira, que comandava a equipe do Batalh�o de Choque da 3ª Companhia de Miss�es Especiais de Lagoa Santa, informava a moradores que o risco era alto. “Infelizmente, tenho uma not�cia ruim pra voc�s: uma das paredes de sustenta��o da barragem trincou e a empresa est� fazendo uma interven��o na estrutura. Por isso, n�o ser� poss�vel mais descer para Bento Rodrigues. Neste momento, temos que preservar a vida humana. E, se permitirmos que algu�m des�a, pode ser que essa pessoa n�o volte mais”, disse.
Confira o v�deo exclusivo gravado pela equipe do Estado de Minas
Depois de pedir desculpas � popula��o, o tenente informou ainda que o povoado de Paracatu de Baixo j� havia sido evacuado e que outras comunidades abaixo do ponto da barragem estavam em alerta. Assim como o tenente, o major Rubem Cruz, assessor de comunica��o do Corpo de Bombeiros, chegou a dizer � reportagem do EM, no meio da manh� e por telefone, que o trabalho dos bombeiros havia sido alterado no local. “Estamos com uma pequena equipe e em uma �rea menor, fora das imedia��es de Bento Rodrigues. Os bombeiros est�o de sobreaviso, em alerta”, afirmou. A mudan�a no trabalho, segundo ele, ocorreu porque a empresa daria in�cio na tarde de ontem a uma interven��o na estrutura para escoamento da �gua, o que poderia representar risco de rompimento da estrutura.
Disse ainda que, por isso, n�o havia previs�o de que o acesso a Bento Rodrigues fosse liberado. Ainda de manh�, o bloqueio da PM, que estava a tr�s quil�metros do povoado, foi ampliado para 10 quil�metros.
V�deo relembra trag�dia que deixou mortos e desaparecidos
INTERVEN��O Horas mais tarde, ap�s a coletiva de imprensa com presidentes da Samarco, da Vale, Murilo Ferreira, e do CEO da BHP Dilliton, Andrew Mackenzie, o major voltou a falar sobre a necessidade das medidas de seguran�a por parte da empresa. “Tivemos uma reuni�o com equipe da Samarco e seria necess�rio interven��o t�cnica para que os bombeiros n�o corram risco. Por isso, vamos realocar guarni��es, para que as buscas n�o sejam interrompidas”, disse.O major foi enf�tico, por�m, ao afastar o risco de rompimento da estrutura, mas disse que as medidas estavam sendo tomadas para evitar que os bombeiros ou a popula��o corressem risco. “Tivemos algumas informa��es n�o oficiais, que trataram do poss�vel rompimento da barreira. Isso n�o existe”, disse. Tamb�m dentro da �rea da empresa Samarco, o comandante-geral do Corpo de Bombeiros, coronel Luiz Henrique Gualberto Moreira, disse que, ao contr�rio da diminui��o do trabalho, equipes seriam refor�adas com mais 65 homens da escola de cadetes.
Em nota divulgada na tarde de ontem, a mineradora negou “boatos, especialmente nas redes sociais, a respeito da instabilidade da Barragem do Germano”. “A Samarco reitera que todos os seus mecanismos de controle n�o apontam qualquer ind�cio de abalo na estrutura”, conclui o texto.