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Estado de Minas

Em Governador Valadares, moradores come�am saga em busca de �gua

� o caso de Dona Marlene, que para sobreviver, percorreu 1,5 quil�metro em 40 minutos de caminhada at� chegar a uma ch�cara, cujos donos liberaram o acesso ao po�o artesiano


postado em 12/11/2015 06:00 / atualizado em 12/11/2015 14:20

(foto: GLADYSTON RODRIGUES/EM/D.A PRESS)
(foto: GLADYSTON RODRIGUES/EM/D.A PRESS)

Governador Valadares –
Ao ver as panelas sujas sobre a pia, tanque cheio de roupa e os filhos sem �gua, dona Marlene Gon�alves, de 50 anos, tomou rumo pelo acostamento da BR-381. Governador Valadares, 15h15, 35°C de sol escaldante: com a caixa d’�gua vazia, sem um pingo na torneira desde semana passada, a aposentada juntou uma d�zia de garrafas pet, alguns gal�es e chamou os vizinhos mais jovens para ajud�-la a encontrar algum po�o artesiano com o produto minimamente pot�vel.

Percorreu 1,5 quil�metro em 40 minutos de caminhada at� chegar a uma ch�cara, cujos donos liberaram o acesso ao po�o artesiano. Dona Marlene mora com dois filhos (uma com defici�ncia mental) e dois netos no Vit�ria, bairro carente da maior cidade do Vale do Rio Doce, que enfrenta a mais grave crise de capta��o e distribui��o de �gua de sua hist�ria por causa da lama de min�rio que tomou conta do rio a partir da ruptura das barragens em Mariana. “S� aqui hoje j� vieram umas 300 pessoas. A gente n�o vigia, cada um sabe o quanto precisa”, afirma Jo�o Carlos Martins, encarregado que cuida da ch�cara.

Marlene foi uma das mais de tr�s centenas que, segundo Jo�o, vieram pela BR-381, correndo risco de acidentes, com carrinhos de m�o, garrafas e baldes para abastecer no posto artesiano. “A gente veio procurando e nos falaram que tinha �gua aqui. O que a gente pegou d� para fazer comida e dar banho na minha filha, que � especial”, afirma Marlene, enquanto volta para casa com um saco de estopa nas costas, cheia de garrafa de �gua.

Foram mais 40 minutos de volta entre paradas para trocar o saco de lado. Ao chegar ao bairro, as garrafas foram divididas: um pouco para a casa dos irm�os Danielly e Rafael Rodrigues, de 14 e 12 anos, outro tanto para Ariane Pereira, de 15, que ajudaram Marlene na saga. “N�o sei o que a gente vai fazer a partir de agora n�o. S� Jesus... A �gua vai voltar, sim, Deus n�o esquece dos filhos dele”.

SEM PREVIS�O A �gua, que come�ou a ser estocada pelos moradores desde o fim de semana, passou a faltar principalmente em comunidades mais carentes, sem reservat�rios maiores. O Servi�o Aut�nomo de Abastecimento e Esgoto (SAAE) aguarda a chegada de mais caminh�es-pipa para garantir, pelo menos, o abastecimento de hospitais, escolas e creches. S� depois de atingir a quantidade m�nima de 80 caminh�es por dia que o Saae vai come�ar a bombear �gua para a popula��o – o que n�o tem previs�o.

“H� tr�s dias n�o tem �gua. A gente estava pegando no po�o, mas o dono fechou. Agora, estamos buscando no ribeir�o”, explicou o carregador Giomar Machado, enquanto empurrava um carrinho de m�o com gal�es, ajudado pela mulher e filhos. “Por enquanto, � para aguar as plantas, mas vai servir para tomar banho tamb�m”, afirmou a dona de casa Maria do Carmo Santos, que tinha a ajuda das filhas, Alice e Aline.

Na Regi�o Central, as filas continuam nas distribuidoras de �gua. Outra se formava desde cedo em frente uma loja de tambores e caixas d’�gua, esgotando o estoque de recipientes. Quem depende de �gua mineral para sobreviver tem sofrido com a alta, que tem sido monitorada pela Pol�cia Civil. “Eu doei um rim para minha esposa e a gente s� pode tomar �gua de gal�o. Eu comprava por R$ 6, R$ 7 os 20 litros. Agora, est� custando 10. O que tenho dura at� s�bado”, lamenta o militar Nelson Gomes, de 67 anos.

A economia da cidade vai se adaptando. O sal�o de beleza da fam�lia de Douglas Ribeiro Souza oferece desconto de R$ 5 para quem chegar com cabelo lavado. Outras atividades, como a da confeiteira Erzilei de Almeida, foram mais afetadas, j� que diversos eventos t�m sido cancelados.

Veja a situa��o dos valadarenses que sofrem com a falta d'�gua


Enquanto isso

Samarco responsabilizada

A Justi�a determinou que a Samarco arque com os custos das a��es emergenciais que ser�o tomadas para assegurar o abastecimento de Governador Valadares, que decretou estado de calamidade p�blica. A a��o civil impetrada pelo Minist�rio P�blico de Minas Gerais (MPMG) foi acatada ontem. Caso a empresa n�o cumpra as determina��es, est� sujeita a pagar multa di�ria de R$ 1 milh�o. Na a��o, o MP pede que a mineradora disponibilize 80 caminh�es-pipa (800 mil litros de �gua por dia), especialmente para hospitais e escolas, 80 mil litros de �leo diesel, 50 reservat�rios de 30 mil litros, um ve�culo com tra��o nas quatro rodas, um barco a motor, entre outras exig�ncias.

V�deo relembra trag�dia que deixou mortos e desaparecidos


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