O fot�grafo mineiro Sebasti�o Salgado estava na China quando ocorreu o rompimento das barragens da Samarco e s� chegou ao Brasil na noite do dia 10. No mesmo dia, segundo ele, come�ou a elaborar um projeto para ajudar na recupera��o do Rio Doce, que ele considera o “rio de sua vida”. Salgado nasceu em Aimor�s, uma das cidades atingidas pela lama. E foi de sua terra natal – onde ele criou em 1997, o Instituto Terra, ONG ambiental que tem, inclusive, parceria com a Vale – que ele falou ao Estado de Minas e se mostrou triste e chocado com aquela que considera a maior cat�strofe ambiental da hist�ria do Brasil.
Quando a gente v� fotos ou pela TV, n�o tem no��o do que � realmente. Mas aqui, pessoalmente, estou chocado. � terr�vel ver a �gua avermelhada, como se fosse um gel, os peixes mortos. � uma morte biol�gica brutal. Nunca ia imaginar que no rio em que nadei tanto na minha inf�ncia, hoje n�o consigo nem colocar a m�o.
Em que consiste a proposta e recupera��o do rio que voc� apresentou para os governadores de Minas e Espirito Santo e para a presidente Dilma?
O Instituto Terra � a �nica institui��o no vale com projetos voltados para o Vale do Rio Doce. A proposta prev� a cria��o de um fundo com recursos financeiros subsidiados pelas empresas respons�veis pelo desastre, que possibilite, al�m da recupera��o de nascentes, absorver todos os investimentos e a��es destinados � reconstru��o das condi��es ecol�gicas, bem como gerar recursos cont�nuos para projetos sociais, econ�micos e de gera��o de emprego e renda em toda a regi�o que constitui essa bacia hidrogr�fica. O fundo deve permitir a cria��o de um patrim�nio perp�tuo para promover uma grande transforma��o no Vale do Rio Doce. E a presidente se mostrou completamente receptiva a essa proposta.
Diante do que viu acha que � poss�vel o Doce voltar a ser o rio da sua inf�ncia?
Essa recupera��o vai levar uns 20, 30 anos, e acho que ele vai voltar sim a ser um rio t�o bom como foi quando eu era crian�a. Provavelmente vai ser no fim da minha vida, j� que estou com 71 anos, mas para isso � necess�rio uma enorme �tica com rela��o a aplica��o desses recursos do fundo. Ele tem que ser um fundo publico e com participa��o civil. Da� a import�ncia do Minist�rio P�blico ficar em cima.
O que achou da cobran�a de a internautas com rela��o a um posicionamento seu sobre essa trag�dia?
Essa coisa do imediatismo � impressionante. Como eu poderia fazer uma proposta s�ria a partir do nada. N�o � porque houve um acidente que a gente tem que sair falando pelas orelhas. Tem que haver um tempo m�nimo de racioc�nio