
Segundo o engenheiro civil Jos� Bernardo, geot�cnico da Samarco, a prioridade � consertar a Barragem de Germano. “Com o esvaziamento (do Fund�o), a Selinha (um dos tr�s diques) sofreu eros�o. O atendimento � emergencial e vamos reparar a partir da base. O aterro de blocos de rocha ser� constru�do de baixo para cima, para escorar o dique. Vai durar 45 dias, aproximadamente”, afirmou.
O fator de seguran�a da parede mais fr�gil da Barragem de Germano � de 1,22, em uma escala cujo ideal � 2. Est� abaixo do coeficiente de seguran�a recomendado, de 1,5, e at� do considerado pela empresa aceit�vel em situa��es adversas, que � de 1,3 – a t�tulo de compara��o, a seguran�a da Barragem do Fund�o, que se rompeu, era de 1,58, acima do recomendado, segundo o laudo da �ltima vistoria, realizada em julho. “Diferentemente do contexto do Fund�o, o problema maior est� ligado � eros�o, e n�o propriamente � estabilidade da barragem”, disse o engenheiro.
O trabalho de refor�o das estruturas come�ou no dia 10. Ser�o necess�rios 500 mil metros c�bicos de terra e blocos de pedra para as barragens – cerca de 50 mil viagens de caminh�es de menor porte. H� 170 pessoas trabalhando no projeto. “Todas as obras est�o ocorrendo em paralelo, mas estamos priorizando a conten��o de Selinha e a Barragem de Santar�m, mas vamos trabalhar todas as estruturas para que o coeficiente de seguran�a fique acima de 1,5”, afirmou o diretor de Opera��es e Infraestrutura, Kl�ber Terra.
O diretor voltou a lamentar o desastre, mas disse que n�o � caso de pedir desculpas, e sim de verificar o que ocorreu: “A gente teve um evento tr�gico. A Samarco tamb�m est� envolvida nele e estamos muito solid�rios e muito sofridos com tudo o que aconteceu. N�s tamb�m, como funcion�rios desta empresa. N�o acho que seja o caso de desculpa, acho que � o caso de verificar claramente o que aconteceu. Somos parte do processo, e a empresa est� fazendo seu maior esfor�o”, afirmou.
PREOCUPA��O A situa��o da Barragem de Santar�m preocupa, com coeficiente de seguran�a de 1,37. “Em Santar�m, estamos com um cronograma de aproximadamente 90 dias para transportar todo o material, terminar a abertura dos acessos. Faremos o preenchimento da eros�o, o nivelamento da crista da barragem e a recupera��o da extremidade, de modo a aumentar o n�vel de seguran�a”, explicou o engenheiro Jos� Bernardo.
A barragem acumula 5 milh�es de litros de sedimentos, cerca de 10% do que desceu no dia da trag�dia. Pelo monitoramento, n�o registrou ainda nenhum movimento anormal. “Existe o risco, e n�s, para aumentar a seguran�a, estamos fazendo as a��es emergenciais necess�rias”, explicou Germano Lopes, gerente-geral de Projetos e Estruturas.
CHUVAS Se a preocupa��o existe e � admitida pela pr�pria mineradora, as chuvas ainda podem agravar o problema. Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a previs�o para a regi�o que inclui Mariana � de chuva moderada ainda hoje, que tende a diminuir amanh� e depois, com ocorr�ncia de pancadas, mas pode voltar a aumentar no fim de semana, com a chegada de uma frente fria que deve durar at� a pr�xima segunda-feira. A previs�o � de um fim de novembro chuvoso.
“Estou preocupado com essa previs�o, pois n�o existe nada que seja feito a curto prazo para minimizar a situa��o, a n�o ser o monitoramento. Essas barragens n�o t�m mais os drenos funcionando da mesma forma de quando foram executadas”, afirma o perito Gerson �ngelo Jos� Campera, especialista em solos e aposentado do Instituto de Criminal�stica , que esteve no local ap�s a trag�dia para orientar equipes de per�cia.
Gerson explica que, sem drenos, a �gua tende a subir e a passar sobre a barragem, causando eros�es e originando aberturas como as que est�o aparecendo no dique do Germano. “S�o rachaduras causadas por essa movimenta��o de �gua e adensamento de material n�o drenado”, diz. Segundo o especialista, al�m do aumento de risco de rompimento, a chuva pode comprometer o pr�prio trabalho da Samarco de refor�ar as estruturas. “Tenho minhas d�vidas se v�o conseguir fazer o trabalho nesse prazo”, observa.
“Se houver um per�odo de chuvas prolongado e com pancadas fortes, o melhor � retirar todas as pessoas dos locais pr�ximos e restringir o acesso, pois o risco de fato existe”, refor�a o ge�logo e professor aposentado da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Fernando Pires, que j� trabalhou na regi�o. Ele acrescenta que � preciso trabalhar o quanto antes para amenizar os riscos. “O fator tempo � cr�tico. J� se perdeu muito tempo antes do rompimento, lamentavelmente. Agora n�o se pode perder mais”, alerta.