Mariana – N�vea Aparecida da Silva tem 33 anos e 10 filhos. Separou-se do marido em mar�o e desde ent�o cria a prole sozinha, agora em uma casa praticamente sem m�veis. A geladeira ganhou de uma vizinha, o fog�o � velho e fruto de doa��o, assim como os colch�es onde os filhos dormem juntos. N�o h� cama. Nos outros c�modos tampouco h� sof�s, cadeiras, mesas. Nada. Est� assim h� 22 dias, desde que sua casa – que tinha fog�o a lenha, quintal, horta, galinheiro e tudo do jeito que ela gostava – foi levada pela lama da Barragem do Fund�o.

Moradora de Paracatu de Baixo, que depois de Bento Rodrigues foi o povoado de Mariana mais atingido pela lama, N�vea faz parte do programa de renda m�nima da prefeitura destinado a mulheres chefes de fam�lia. Antes do desastre, N�vea trabalhava como gari e recebia R$ 490 por m�s, al�m de aux�lio-alimenta��o.
No alojamento provis�rio, a alimenta��o dela e dos filhos de 16, 15, 13, 11, 10, 8, 7, 5, 4 e 2 anos � provida por funcion�rios da Samarco, mas N�vea lamenta n�o ter autonomia. “L� (em Paracatu) eu sa�a com minha irm� para buscar lenha e �amos pescar quase todo dia”, recorda. Peixes eram parte do card�pio da fam�lia. Al�m disso, ela cultivava alface, couve, almeir�o, cenoura, beterraba e mandioca. “Aqui (em Mariana) precisa de muito dinheiro. Tudo tem que comprar”, constata.
Na �ltima reuni�o com moradores, na ter�a-feira, o coordenador de Desenvolvimento Socioinstitucional, Estanislau Klein, apresentou uma planilha com o cronograma de transfer�ncia para casas alugadas. Informou que 24 fam�lias (94 pessoas) trocaram a hospedagem por moradia de aluguel. Outras 24 (103 pessoas) est�o em processo de mudan�a. Mais 215 fam�lias (751 pessoas) est�o cadastradas para mudar. A empresa informou que a previs�o � de que o processo de transfer�ncia se prolongue at� 27 de fevereiro.
Para os moradores de Paracatu de Baixo, as casas alugadas ser�o uma solu��o provis�ria, pois eles decidiram que querem a reconstru��o do povoado no mesmo local, na parte alta.