
Vale falou pela primeira vez separadamente da Samarco quase um m�s depois da trag�dia. O diretor-presidente, Murilo Ferreira, reuniu quatro diretores e um consultor para responder perguntas dos jornalistas no Rio de Janeiro e abriu a entrevista falando sobre a cria��o do fundo. “N�o � nada impositivo. � um fundo volunt�rio para ajudar a recupera��o do Rio Doce”, disse o executivo. A diretora de Recursos Humanos, Sa�de, Seguran�a, Sustentabilidade e Energia, V�nia Somavilla, completou que o dinheiro disponibilizado ser� o necess�rio para revitalizar o manancial. “O valor para o fundo ainda n�o est� definido. A gente acredita que ser� o necess�rio para a recupera��o do rio”, disse a diretora.
Entre os problemas a serem solucionados, V�nia Somavilla citou a revitaliza��o de nascentes, recomposi��o de vegeta��o ciliar, desassoreamento e saneamento. Ela garantiu que o maior problema n�o ser� o dinheiro, mas sim a capacidade operacional, j� que s� em mudas de �rvores h� uma estimativa de que seja necess�rio plantar 500 milh�es de exemplares. A capacidade de uma reserva florestal da Vale em Linhares (ES) � de 5 milh�es de mudas por ano.
VENENO ‘REVOLVIDO’ Embora tenha reconhecido a presen�a de metais pesados associada � passagem da mancha de rejeitos pelo Rio Doce, a empresa reiterou a negativa de exist�ncia de elementos t�xicos nos rejeitos que vazaram da Samarco. Segundo V�nia Somavilla, a lama � formada por areia e argila, al�m de amina, mat�ria org�nica usada na separa��o do min�rio. Citando relat�rios do governo de Minas, a diretora disse que a presen�a de outros elementos em an�lises da �gua ap�s o acidente – como chumbo, ars�nico, n�quel e cromo – pode ter sido provocada pelo efeito da passagem da lama “em �reas j� contaminadas”. Ela alegou que esses metais t�xicos j� estariam nas margens ou no leito e foram revolvidos pela corrente de lama.
Os gestores da Vale foram questionados tamb�m sobre a responsabilidade da empresa, j� que ela � uma das donas da Samarco e tamb�m depositava rejeitos na Barragem do Fund�o, na ordem de 5% dos totais anuais, referentes �s atividades na Mina da Alegria, tamb�m em Mariana. O consultor-geral da Vale, Cl�vis Torres, disse que, no ordenamento jur�dico brasileiro, quem deve arcar com os preju�zos � a empresa respons�vel. “Se a Samarco n�o tiver condi��o de pagar por eventuais danos que teria causado pelo acidente, os acionistas poderiam ser chamados ent�o para reparar esse dano. N�o h� que se falar em provis�es (da Vale) neste momento”, disse Torres, garantindo que a Samarco tem condi��es de arcar com os preju�zos.
‘EMPRESA GRANDE’ “Talvez voc�s desconhe�am um pouco a Samarco. Seria interessante conhecer o que � a Samarco. N�o � uma ‘empresinha’ qualquer. � uma empresa grande. Ela tem recursos pr�prios para pagar eventuais danos que tenham sido causados por suas opera��es. Neste momento, n�s, enquanto acionistas, estamos buscando saber o que aconteceu”, completou Cl�vis Torres. A declara��o ocorre um dia depois de a Samarco ter anunciado que n�o disponibilizou a totalidade dos R$ 500 milh�es acordados com o Minist�rio P�blico para o in�cio das repara��es, por ter sido alvo de um bloqueio de R$ 300 milh�es pela Justi�a de Mariana.
J� o diretor de Ferrosos, Peter Proppinga, disse que a Samarco tamb�m � a respons�vel pela destina��o na Barragem do Fund�o dos rejeitos encaminhados pela Vale. “A Samarco define um ponto fixo onde a Vale deposita o rejeito. Esse ponto fica fora do corpo principal da barragem. A Samarco redireciona os fluxos desse rejeito para redistribuir dentro da barragem que ela gerencia”, diz o diretor.
Quem tamb�m respondeu perguntas foi o diretor de Planejamento de Ferrosos, L�cio Cavalli. Ele afirmou que a Vale tem 163 barragens em todo o Brasil, 123 delas em Minas, com destaque para o Quadril�tero Ferr�fero. Cavalli disse que a empresa estuda t�cnicas de minera��o a seco, mas admitiu que hoje o sistema de barragens � imprescind�vel para o sucesso financeiro das mineradoras brasileiras. “Sem barragens, o Brasil n�o consegue manter o n�vel de produ��o atual com produtos de qualidade para competir no mercado internacional.”
