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Estado de Minas

Caminho dos Diamantes da Estrada Real � prejudicada com lama que desceu de barragem

Onda de lama carregou ponte e interrompeu passagem perto de Bento Rodrigues


postado em 08/12/2015 06:00 / atualizado em 08/12/2015 07:28

Visitantes surpreendidos pela queda da ligação têm viagem interrompida e se assustam com as dimensões dos estragos provocados pelo tsunami de rejeitos(foto: Túlio Santos/EM/D.A.Press)
Visitantes surpreendidos pela queda da liga��o t�m viagem interrompida e se assustam com as dimens�es dos estragos provocados pelo tsunami de rejeitos (foto: T�lio Santos/EM/D.A.Press)
Mariana – No meio do caminho havia uma ponte, mas n�o existe mais. Assim como vidas humanas, fauna, flora e propriedades, a onda de lama liberada pelo rompimento da barragem da Samarco varreu do mapa importantes partes da hist�ria mineira. Entre elas um caminho secular, ironicamente aberto nos prim�rdios do escoamento das riquezas minerais do estado. Turistas e moradores de Mariana, na Regi�o Central de Minas, n�o podem mais percorrer o trecho da Estrada Real conhecido como Caminho dos Diamantes, depois que o mar de lama carregou a liga��o entre os povoados de Camargos e Bento Rodrigues.


O Instituto Estrada Real divulgou comunicado aos turistas para que reprogramem suas viagens e usem rotas alternativas na regi�o (veja quadro), mas muita gente n�o sabe da interdi��o e acaba tendo que interromper o passeio no meio do caminho. No domingo, o gesseiro Celso Tomaz Teti J�nior, de 27 anos, foi com um amigo fazer trilha pela Estrada Real, mas se assustou ao se deparar com um penhasco onde antes ficava a ponte. Eles pretendiam chegar a Bento Rodrigues, subdistrito que foi totalmente destru�do pela lama. O lugarejo ficava a cerca de cinco quil�metros de dist�ncia, descendo o Rio Gualaxo.

Celso ficou chocado com o que viu, definindo a imagem da destrui��o como impressionante. Trata-se de um vale, onde a lama passou carregando um trecho inteiro de mata que ficava nas margens. “Eu costumava passar de moto pela Estrada Real para chegar a Bento Rodrigues. Sempre ia ao Bar da Sandra, que ficava ao lado igreja, para tomar cerveja gelada e comer coxinha”, recorda Celso, que voltou ao lugar pela primeira vez depois da trag�dia.

Do outro lado do rio, outro motociclista tampouco conseguiu passar. Era o motorista Alberto Melo, de 43, morador de Mariana, que sempre ia de moto nos fins de semana a Bento Rodrigues. De t�o assustado com a destrui��o, ele levou a mulher na garupa para mostrar no que se transformou o lugar. “Somente conseguimos chegar porque passamos por uma trilha de moto, em que carro n�o passa”, gritou o motorista, do outro lado de onde antes ficava a ponte. O casal disse ter visto Bento Rodrigues de longe, j� que havia muitas m�quinas trabalhando no lugar, e presenciado o pouso de um helic�ptero do Corpo de Bombeiros. “N�o sobrou nada”, disse Alberto. Embaixo de onde antes era a ponte, h� um penhasco. A cachoeira que corria entre as pedras virou lama pura.

O Instituto Estrada Real divulgou nota alertando turistas sobre a interdi��o da rota, que � do s�culo 18. “Devido aos fatos recentes ocorridos em Bento Rodrigues, subdistrito de Mariana, com o rompimento da barragem da Samarco, trechos do Caminho dos Diamantes que passam pela regi�o est�o interrompidos. A estrada que liga Santa Rita Dur�o, Bento Rodrigues, Camargos e Mariana est� interditada”, diz o informativo.

MEMORIAL Em meio � demora para reconstru��o dos caminhos e dos pr�prios povoados destru�dos pela lama, a Prefeitura de Mariana anunciou a inten��o de transformar o subdistrito de Bento Rodrigues, o primeiro a ser atingido pela avalanche de lama e o mais destru�do, em um memorial. Para isso, o prefeito Duarte J�nior aproveitou a viagem que fez na semana passada � Fran�a, onde participou da 21ª Confer�ncia das Na��es Unidas sobre Mudan�as Clim�ticas (COP-21), para pedir apoio � Unesco. “Bento Rodrigues n�o pode ser esquecido. Queremos que a Unesco nos ajude e que o subdistrito passe a ser um memorial, onde a trag�dia n�o seja esquecida. As pessoas v�o olhar para o futuro, viver o presente, mas elas n�o podem esquecer o passado. N�o vamos esquecer o nosso passado”, disse o prefeito.

A iniciativa ocorre em um momento em que Mariana luta para que o turismo, sua segunda maior fonte de arrecada��o, n�o aumente a lista de setores atingidos pela maior trag�dia socioambiental da hist�ria brasileira. Ontem, a primeira capital mineira recebeu o apoio do Sindicato das Empresas de Turismo no Estado de Minas Gerais (Sindetur-MG). Em nota, a entidade chama a aten��o para o fato de que, apesar de ter subdistritos devastados pela onda de lama, a sede de Mariana n�o foi afetada e o patrim�nio art�stico e hist�rico est� intacto. “As visitas e os passeios est�o ocorrendo normalmente e, neste momento, � muito importante para a cidade voltar os seus olhos para o turismo, j� que a atividade mineradora est� parcialmente paralisada”, explica o texto, assinado pelo presidente Jos� Eug�nio Aguiar.

Dez dias ap�s a trag�dia, o prefeito Duarte J�nior revelou que cerca de 80% da arrecada��o da cidade vem da atividade mineradora na unidade de Germano, onde ocorreu o rompimento. Segundo a prefeitura, ap�s o desastre cada vez mais turistas v�m cancelando visitas � cidade, o que piora a situa��o. “Venha nos visitar e conhecer nossos atrativos. Contribua com a cidade neste momento t�o dif�cil. Afinal, turismo � tamb�m uma forma de solidariedade”, diz comunicado da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo. (Colaboraram Rodrigo Melo e Paulo Henrique Lobato)


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