
Na guerra contra o Aedes aegypti e sua amea�a mais recente, o zika v�rus, Belo Horizonte se declara em estado de emerg�ncia. A medida � uma forma de tentar se antecipar a uma poss�vel epidemia decorrente do v�rus, que pode provocar microcefalia em beb�s e estar associado a um dist�rbio que provoca paralisia, chamado s�ndrome de Guillain-Barret. Segundo a prefeitura, uma grande mobiliza��o do poder p�blico est� programada para esta semana, com a��es que devem envolver tamb�m a popula��o. O decreto que vai oficializar a situa��o est� sendo finalizado e deve ser publicado nos pr�ximos dias no Di�rio Oficial do Munic�pio.
O objetivo do decreto de emerg�ncia � formalizar a��es que dar�o um norte n�o s� ao poder p�blico como � popula��o, para que se aumente a conscientiza��o acerca dos novos perigos que chegam com o mosquito Aedes aegypti. Embora muitas a��es j� sejam desenvolvidas h� tempos contra a dengue, o zika v�rus traz riscos novos, especialmente a mulheres gr�vidas. No Nordeste do pa�s, j� foi confirmada a rela��o do micro-organismo com a malforma��o cranioencef�lica de rec�m-nascidos. A s�ndrome de Guillain-Barr� � outra amea�a, representada por uma rea��o infecciosa que provoca fraqueza muscular e paralisia, que tamb�m pode decorrer da infec��o pelo zika v�rus. A s�ndrome pode deixar sequelas irrevers�veis, principalmente em idosos, e em casos mais raros levar � morte.
Entre as medidas a serem adotadas est�o reuni�es com igrejas evang�licas e cat�licas para a realiza��o de campanhas junto aos fi�is, durante cultos e missas. Tamb�m ser� feita parceria com a C�mara do Mercado Imobili�rio, aproveitando que funcion�rios do ramo t�m acesso constante a im�veis fechados que podem servir como foco do mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue e do zika, al�m da febre amarela e da chikungunya. No poder p�blico, ser� formada uma for�a-tarefa exclusivamente para tratar do assunto, segundo a prefeitura, com a participa��o de �rg�os como a Defesa Civil, �rea de sa�de e Superintend�ncia de Limpeza Urbana (SLU).
O Minist�rio da Sa�de divulga hoje novo Boletim Epidemiol�gico com n�meros atualizados de casos de microcefalia em todo o pa�s e orienta��es para o combate ao mosquito durante o ver�o. O problema atinge principalmente os estados do Nordeste. Em Minas, as secretarias municipal e estadual de Sa�de afirmam que, pelo menos por enquanto, n�o existe circula��o do v�rus no estado. Entre 11 de novembro e 16 de dezembro deste ano foram notificados 41 disgn�sticos de microcefalia em Minas, distribu�dos em 24 munic�pios. Em seis deles a rela��o entre o v�rus e a malforma��o foi descartada, mas 35 ainda est�o sendo investigados.
FIM DE ANO Uma das preocupa��es da popula��o diz respeito �s festas de fim de ano e f�rias, quando muitas pessoas viajam, aumentando o risco de circula��o do v�rus. Segundo o m�dico Alexandre Moura, infectologista da Ger�ncia de Assist�ncia da Secretaria Municipal de Sa�de, � dif�cil prever se haver� a circula��o do micro-organismo na capital e em quanto tempo isso pode ocorrer. Ele explica que, em rela��o �s viagens de fim de ano, o efeito n�o � imediato. “� preciso que a pessoa chegue de viagem, seja picada e isso se sustente. Ent�o, se for o caso de uma epidemia, pode ocorrer entre fevereiro e mar�o. Mas � imprevis�vel. Quando come�ou o surto da chikungunya, n�s nos preparamos para uma epidemia e ela n�o ocorreu”, afirma.
Moura lembra que, independentemente de viagem, o ver�o � uma �poca em que o vetor Aedes aegypti � mais abundante, o que de antem�o j� aumenta o risco. Por isso, ficar vigilante aos focos visando ao combate ao mosquito continua sendo imprescind�vel, seja para quem vai viajar ou vai ficar em casa.
Em rela��o �s gr�vidas, se poss�vel o conselho � que evitem viajar para regi�es onde h� maior n�mero de casos da doen�a, como o Nordeste do pa�s. Em qualquer situa��o, devem manter a aplica��o de repelentes, conforme indica��o m�dica, usar roupas que cubram extremidades do corpo e evitar locais e hor�rios com maior concentra��o de mosquitos. Apesar desse cuidado, Moura lembra que o Aedes aegypti � domiciliado e refor�a que 80% dos focos em Belo Horizonte est�o dentro das casas. Trata-se de um mosquito com h�bitos predominantemente diurnos, que pica principalmente at� o crep�sculo (19h ou 20h no hor�rio de ver�o) e que voa baixo, o que torna as pernas mais vulner�veis a picadas.
TRATAMENTO Os sintomas do zika v�rus s�o muito semelhantes aos da dengue: febre intermitente, olhos vermelhos, dores nas articula��es, muscular e de cabe�a, al�m de manchas vermelhas no corpo. O �nico tratamento � a hidrata��o. A doen�a dura de tr�s a sete dias e, exceto nos casos de mulheres gr�vidas, o zika � menos perigoso do que a dengue. Uma diferen�a em rela��o � dengue � que a pessoa se torna imune, n�o contraindo a doen�a pela segunda vez. Os exames para detec��o da doen�a, no entanto, s�o limitados e o diagn�stico n�o � 100% seguro.
SAIBA MAIS
S�ndrome de Guillain-Barr�
Ocorre quando o sistema imunol�gico ataca as c�lulas do corpo por engano. No caso, os anticorpos destroem a bainha de mielina, respons�vel por proteger os nervos. Isso provoca inflama��o dos nervos e o retardo da passagem de est�mulos, levando � fraqueza muscular e paralisia, que pode ou n�o ser revers�vel. A s�ndrome come�a com formigamento, seguido de enfraquecimento da musculatura, normalmente de baixo para cima (p�s, pernas, tronco, bra�os, face). Se atingir o sistema respirat�rio, pode levar � morte.
Origens
O aumento de casos de beb�s nascendo com microcefalia chamou a aten��o do Minist�rio da Sa�de, que come�ou a investigar a associa��o da malforma��o com o v�rus zika. At� a data em que foi divulgado o �ltimo boletim, haviam sido registrados 2.401 casos, com 29 mortes, distribu�dos em 549 munic�pios de 20 estados. Em 134 dos beb�s vivos (e em um dos �bitos) foi confirmada a rela��o com o zika. Foram descartados 102 casos de beb�s vivos e dois entre os que morreram. Os demais seguiam sob investiga��o. Segundo o Minist�rio da Sa�de, 16 laborat�rios est�o preparados para realizar o diagn�stico de zika. Nos pr�ximos dois meses, a previs�o � de que a tecnologia seja transferida para mais 11 laborat�rios para analisar cerca de 400 amostras por m�s.