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Estado de Minas

D�vidas sobre presen�a de metais na Bacia do Rio Doce imp�em precau��o

Sem clareza quanto � toxicidade de mananciais atingidos pela lama de Fund�o, especialistas recomendam mais an�lises e que uso da �gua de po�os seja evitado


postado em 25/12/2015 06:00 / atualizado em 25/12/2015 08:39

Depois do tsunami de lama que chegou aos mananciais, ainda não há certeza sobre a presença de metais pesados na Bacia do Rio Doce em níveis acima dos permitidos(foto: Beto Novaes/EM/D.A Press)
Depois do tsunami de lama que chegou aos mananciais, ainda n�o h� certeza sobre a presen�a de metais pesados na Bacia do Rio Doce em n�veis acima dos permitidos (foto: Beto Novaes/EM/D.A Press)
Est� longe de terminar o sossego dos moradores da Bacia do Rio Doce, em Minas e no Esp�rito Santo, mergulhados h� mais de um m�s na d�vida: tem ou n�o tem metais pesados nessas �guas ap�s o rompimento da Barragem do Fund�o, da mineradora Samarco? Diante da falta de clareza quanto � toxicidade e das an�lises conflitantes (na �gua e sedimentos) apresentadas pelo Servi�o Geol�gico do Brasil (CPRM) e por um grupo de cientistas das universidades de Bras�lia (UnB) e Federal de S�o Carlos (UFscar), de S�o Paulo, especialistas acreditam que ser�o necess�rios muitos estudos, por longo tempo, para se chegar a uma conclus�o. Precau��o e investiga��o, indicam, s�o fundamentais no momento.

"Quando n�o h� evid�ncia da aus�ncia de risco, deve-se agir como se houvesse risco", afirma o relator da Organiza��o das Na��es Unidas (ONU) para o direito humano � �gua e ao esgotamento sanit�rio, Leo Heller, tamb�m pesquisador do Centro Ren� Rachou, em Belo Horizonte. Ao citar o "princ�pio da precau��o", Heller destaca que, em primeiro lugar, � preciso pensar na sa�de da popula��o e minimizar de todas as formas os riscos sobre ela. De pr�tico, acrescenta, n�o se deve interromper o abastecimento p�blico, cuidando para que as pessoas n�o consumam �gua de baixa qualidade, como a proveniente de po�os, as engarrafadas sem confian�a na proced�ncia e outras fontes.

Uma medida fundamental, segundo Heller, � intensificar o monitoramento permanente, inclusive da �gua tratada, fazer mais an�lises e ampliar o conjunto de informa��es para se ter uma vis�o mais clara da situa��o. E informa que a ingest�o de metais pesados, como c�dmio, chumbo e mangan�s, entre outros, pode causar intoxica��o, no estado agudo, e ac�mulo no organismo, no estado cr�nico. “O sistema de vigil�ncia deve ficar atento aos sintomas da popula��o, pois, havendo qualquer altera��o, � preciso acender a luz amarela”, diz o relator da ONU. A diverg�ncia dos resultados das an�lises pode decorrer, na sua avalia��o, das t�cnicas usadas, locais de coleta e outros fatores.

Para o ge�logo Adilson do Lago Leite, professor do Departamento de Engenharia Civil da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop), a quest�o e a resposta n�o s�o simples, sendo necess�rias pesquisas, coletas, enfim, muito trabalho pela frente. Ele explica que o rejeito de min�rio de ferro � inerte, n�o perigoso, e n�o causaria uma “lama t�xica” no leito do Rio Doce. “Esse curso d’�gua est� polu�do h� muito tempo, tem garimpos abandonados, enfim, se encontra muito comprometido, conforme mostram pesquisas feitas pela Ufop e outras institui��es. Uma possibilidade seria o acondicionamento de outros produtos na barragem da Samarco, o que demandaria investiga��o, pois n�o h� ind�cios de que isso tenha ocorrido. N�o se pode afirmar nada, a n�o ser com apura��o”, pondera o professor. A respeito dos resultados conflitantes das institui��es, o ge�logo tamb�m acha que pode haver diverg�ncias nas metodologias, nos locais de coleta ao longo do rio e outros fatores que interferem no resultado.

O Instituto de Geoci�ncias da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) fez an�lise das �guas e sedimentos, depois do estouro da barragem, com pontos de coleta em afluentes como o Gualaxo do Norte e no Rio Doce, no distrito de Paracatu, em Mariana, e nas cidades de Rio Doce e Barra Longa, ambas na Zona da Mata. Os resultados apontaram a presen�a de metais pesados nos sedimentos, e n�o nas �guas. Segundo o coordenador do Projeto Manuelz�o/UFMG, m�dico Marcus Vin�cius Polignano, a quest�o � se esses elementos qu�micos v�o se desprender e se tornar sol�veis, sendo, portanto, carreados pelas �guas. “Os estudos tentar�o desvendar se haver� comprometimento da bacia por metais pesados”, afirma o m�dico.

An�lises s�o conflitantes

Os �ltimos dados levantados pelo CPRM, divulgados na segunda-feira e publicados pelo Estado de Minas, demonstram eleva��o nos n�veis de metais na �gua nos oito pontos de monitoramento localizados em cidades mineiras onde foi poss�vel fazer uma compara��o com registros de 2010. No entanto, nos dois pontos situados em munic�pios do Esp�rito Santo, foram encontradas varia��es para cima e para baixo na concentra��o para diferentes metais. Segundo o CPRM, as an�lises s�o feitas desde 6 de novembro, sendo o monitoramento da qualidade da �gua realizado a cada dois dias e o dos sedimentos, a cada quatro.

J� an�lises realizadas por um grupo de cientistas da UnB e da UFscar, de S�o Paulo, em amostras de �gua e sedimentos coletados em 10 pontos ao longo do Rio Doce e afluentes, indicaram a presen�a de metais pesados acima dos limites admitidos pela Resolu��o 357 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) em alguns locais, inclusive em �gua coletada para abastecimento humano. Esses pesquisadores formam o Grupo Independente de An�lise de Impacto Ambiental (Giaia), que avalia os problemas causados pelo rompimento da Barragem do Fund�o. A coleta foi feita entre os dias 4 e 8 deste m�s.

Al�m das �reas afetadas pelo desastre, o cont�gio foi detectado em n�veis superiores ao indicado pela legisla��o nacional em pontos acima daqueles a que os res�duos de minera��o contidos na barragem chegaram e na �gua captada em Governador Valadares, na Regi�o Leste. O valor encontrado em cada litro, de 0,04mg, � quatro vezes maior que o toler�vel. O m�ximo permitido � de 0,01mg/l, de acordo com os crit�rios de potabilidade estabelecidos na Portaria 2.914, do Minist�rio da Sa�de.

SEM DANOS Em nota, a Samarco informa que ,“proveniente do processo de beneficiamento do min�rio de ferro, o rejeito � composto basicamente de �gua, part�culas de �xidos de ferro e s�lica (ou quartzo) e n�o apresenta nenhum elemento qu�mico que seja danoso � sa�de. � classificado como material inerte e n�o perigoso, conforme norma brasileira de c�digo NBR 10004-04, o que significa que n�o apresenta riscos � sa�de p�blica e ao meio ambiente”.

A mineradora esclarece ainda que “laudos do Servi�o Geol�gico do Brasil (CPRM) e de empresa especializada SGS Geosol atestaram que os rejeitos n�o oferecem riscos � sa�de humana e ao meio ambiente. An�lises dos sedimentos do Rio Doce e do rejeito proveniente da Barragem do Fund�o, operada pela Samarco, mostram que em nenhum dos materiais h� aumento da presen�a de metais que poderiam contaminar a �gua”.


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