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Estado de Minas

PBH rev� plano contra polui��o na Pampulha

Prefeitura desiste de instalar jardins filtrantes em c�rregos e aposta no cumprimento de metas da Copasa para despoluir 95% da lagoa


postado em 07/01/2016 06:00 / atualizado em 07/01/2016 07:51

Líder comunitário do Bairro Vila Pérola, em Contagem, Renato Gherardi mostra esgoto lançado em córrego que chega à lagoa à espera de saneamento.(foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A Press)
L�der comunit�rio do Bairro Vila P�rola, em Contagem, Renato Gherardi mostra esgoto lan�ado em c�rrego que chega � lagoa � espera de saneamento. (foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A Press)
A ideia de tentar diminuir a quantidade de polui��o que chega � Lagoa da Pampulha pelos oito c�rregos afluentes da represa usando plantas para segurar a mat�ria org�nica est� descartada pela Prefeitura de Belo Horizonte. A tecnologia, que foi batizada de jardins filtrantes pela Superintend�ncia de Desenvolvimento da Capital (Sudecap), n�o ser� implantada porque a prefeitura confia nos compromissos firmados pela Copasa de que, em junho e dezembro, a companhia de saneamento alcan�ar� uma cobertura de 90% e 95%, respectivamente, de esgoto canalizado na �rea de drenagem da bacia da lagoa, que atinge a capital e Contagem, na Grande BH. Atualmente, um total de 88% do esgoto que chega ao cart�o-postal que concorre ao t�tulo de patrim�nio mundial da humanidade j� � coletado e tratado. Outro fator que levou a administra��o municipal a desistir da ideia, anunciada pelo pr�prio prefeito Marcio Lacerda em fevereiro do ano passado, foi a contrata��o dos servi�os de recupera��o qu�mica da qualidade da �gua da represa, com previs�o de in�cio no m�s que vem e investimento p�blico de R$ 30 milh�es. Essa era a oitava interven��o prevista desde a d�cada de 1970 para despoluir a lagoa.

“A Sudecap entende como mais adequado que se aguarde os resultados que ser�o alcan�ados tanto pelas a��es da Copasa quanto pelos servi�os de recupera��o da qualidade da �gua da lagoa, a partir do entendimento de que ambas se configuram como aquelas necess�rias e suficientes para o atingimento das metas pretendidas”, diz texto encaminhado pela assessoria de imprensa da Secretaria Municipal de Obras e Infraestrutura de Belo Horizonte. A inten��o da prefeitura era iniciar com uma esta��o piloto no C�rrego D’�gua Funda/Bom Jesus. O modelo custaria R$ 6 milh�es e seria estendido aos outros sete c�rregos que desembocam na represa. Em julho, Marcio Lacerda chegou a afirmar que as esta��es seriam viabilizadas em mais de um c�rrego antes da conclus�o das obras de canaliza��o do esgoto feitas pela Copasa. A empresa estatal enfrentou diversos problemas de desapropria��es para viabilizar as interven��es, o que atrasou os trabalhos e jogou as novas iniciativas para junho deste ano (90% do esgoto canalizado) e dezembro (95%).

Na Vila da Lua, Copasa faz intervenção para evitar poluição de curso d'água(foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A Press)
Na Vila da Lua, Copasa faz interven��o para evitar polui��o de curso d'�gua (foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A Press)
Enquanto isso, moradores da Vila P�rola, em Contagem, na Grande BH, continuam convivendo com o lan�amento de esgoto a c�u aberto em cursos d’�gua que chegam at� a lagoa. O bairro � um dos que est� inclu�do na previs�o da Copasa para alcan�ar a marca prevista de 100 quil�metros de redes coletoras e interceptoras implantadas na atual licita��o de obras em vig�ncia. O presidente da Associa��o Comunit�ria dos Moradores da Vila P�rola (ACMVP), Renato Gherardi, mostra o c�rrego que passa pela regi�o e recebe lixo e esgoto espremido em uma viela no meio de casas. “O grande problema � que ele fica muito fechado, praticamente escondido. Se fosse aberto no meio da rua, algum �rg�o p�blico j� teria resolvido esse tormento, que contribui para o mau cheiro e prolifera��o de ratos e baratas”, critica o l�der comunit�rio.

O engenheiro Tonimar Oliveira, de 40 anos, mora na Rua Igua�aba, na mesma Vila P�rola, e ainda guarda uma carta que recebeu de uma empreiteira contratada pela Copasa no ano passado avisando da necessidade de desapropria��o de uma parte do terreno para a passagem da rede de esgoto, o que ainda n�o ocorreu. “Essa situa��o � muito triste, principalmente porque esse c�rrego � formado em uma nascente bem perto daqui, com �gua totalmente limpa. Esse recurso j� era para estar separado do esgoto e revertido para o bem da popula��o”, afirma.

Liga��es Se em alguns lugares o drama da falta de saneamento persiste, em outros, as interven��es da Copasa v�o dando um alento � popula��o. Ontem, a reportagem flagrou trabalhadores fazendo liga��es na Rua C, na Vila Lua Nova da Pampulha, tamb�m em Contagem. Morando h� um ano em uma resid�ncia nessa rua, a dona de casa Laurentina Botelho, de 58, n�o aguentava mais o mau cheiro que o despejo irregular de esgoto causa na regi�o. “Eu cuido diariamente da minha sobrinha e fico preocupada tamb�m por causa dela, que tem s� um aninho. Aqui em casa j� est� tudo pronto, falta s� ligar”, disse ela, enquanto aguardava os t�cnicos conclu�rem o servi�o em uma casa antes de passar para a dela.

O bi�logo e especialista em recursos h�dricos Rafael Resck reconhece que a recupera��o qu�mica das �guas da lagoa, prevista para come�ar em fevereiro, � uma medida importante para acelerar um processo que poderia durar anos. Por�m, ele adverte que o ideal seria come�ar o servi�o com a interrup��o brusca do esgoto que ainda entra todos os dias na lagoa. “N�o adianta limpar a �gua da Pampulha com o tanto de esgoto que chega. � imprescind�vel que a fonte de material org�nico e de nutrientes seja minimizada radicalmente. Por ser um reservat�rio, a depura��o desses res�duos � bem mais lenta na Pampulha”, afirma.

A Copasa sustenta que investiu R$ 102 milh�es para garantir a implanta��o de 100 quil�metros de redes coletoras e interceptoras, al�m de nove esta��es elevat�rias de esgoto na Bacia da Pampulha em BH e Contagem. Por�m, para viabilizar todas essas obras, foi necess�rio desapropriar 17 �reas, cujos processos judiciais se arrastaram por um ano e meio, atrapalhando o prazo inicial de conclus�o antes da Copa do Mundo. O segundo percal�o enfrentado foi a desist�ncia da empresa contratada para terminar essas obras, previstas para o m�s passado, o que jogou para junho a conclus�o dos 100 quil�metros de rede, que v�o significar 90% do esgoto captado.

A terceira situa��o que dificulta o trabalho da companhia de saneamento � a expans�o geogr�fica na �rea da bacia, o que levou a empresa a licitar uma segunda etapa de obra, para mais 13,4 quil�metros de redes, ao custo de 14 R$ milh�es e o suficiente para captar os res�duos de mais 10 mil im�veis. A previs�o de conclus�o dessa parte � dezembro de 2016, chegando a 95% do esgoto que vai para a lagoa devidamente captado e levado at� a Esta��o de Tratamento de Esgoto (ETE) On�a. A Sudecap garante que a realiza��o das obras de capta��o de esgoto at� dezembro n�o vai atrasar a recupera��o da qualidade da �gua da lagoa.

BALAN�O DE INTERVEN��ES

Veja alguns planos postos em pr�tica e outros que n�o sa�ram do papel para tentar despoluir a Pampulha

AGUAP�S 1
Em meados da d�cada de 1970 a lagoa foi invadida pelos aguap�s. Segundo moradores mais antigos, a planta foi introduzida para tentar “limpar” o reservat�rio, que recebia grande quantidade de esgoto.

AGUAP�S 2
Tentativa de solu��o, os aguap�s viraram novo problema. Na d�cada de 1990 come�am as a��es para retirar as plantas, que se tornaram problema cr�nico e cobriam grande parte do espelho d’�gua.

BARCO
No in�cio de 2000, com a queda da oxigena��o na �gua, foram usados barcos de forma emergencial, com algum efeito positivo. Ao girar, a h�lice da embarca��o misturava ar e �gua, permitindo introdu��o do oxig�nio.

REDES COLETORAS
Tamb�m no ano de 2000, a Copasa d� in�cio � constru��o das redes coletoras de esgoto e intercepta��o das liga��es clandestinas. Trata-se de um novo tempo na trajet�ria do reservat�rio. A interven��o segue em curso atualmente e a previs�o � que em dezembro de 2016 a Copasa chegue a 95% do esgoto interceptado.

FLOATFLUX
Em 2004, um sistema chamado floatflux entra em opera��o nos c�rregos Ressaca e Sarandi, para retirar 80% de mat�ria org�nica e 90% de f�sforo – nutriente que propicia o crescimento de algas.

DRAGAGEM

Em 2013/2014 � feita dragagem para retirar sedimentos da lagoa. No total, foram 800 mil metros c�bicos de material.

RECUPERA��O DA QUALIDADE DA �GUA
A licita��o dos Servi�os de Recupera��o da Qualidade da �gua da Lagoa da Pampulha chegou a ser suspensa por decis�o da Prefeitura de BH, at� que estivessem integralmente implementadas as a��es de coleta e intercepta��o de esgotos na Bacia da Pampulha. O certame foi retomado, mas suspenso novamente por determina��o do Tribunal de Contas do Estado (TCE). A prefeitura conseguiu reverter a decis�o na Justi�a. A previs�o de in�cio dos trabalhos, com dura��o de 22 meses, � fevereiro deste ano.

JARDINS FILTRANTES

Anunciada em fevereiro de 2015, a interven��o prometia usar plantas para segurar a mat�ria org�nica que entra na lagoa pelos oito c�rregos afluentes. N�o saiu do papel e foi descartada, com aposta na soma das redes coletoras com a recupera��o da qualidade da �gua.

Ca�ada ao esgosto

A Copasa mant�m um programa denominado Ca�a-Esgoto, para identificar lan�amentos indevidos e chegar a 100% dos res�duos coletados na Bacia da Pampulha. “Esse programa tem detectado lan�amentos de esgoto que, para serem corrigidos, exigem melhorias na urbaniza��o. Portanto, qualquer a��o para aumentar o percentual do esgoto coletado ter� que passar por a��es conjuntas com Contagem e Belo Horizonte”, afirma a empresa em nota.


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