
A Grande BH esteve prestes a entrar em rod�zio de fornecimento de �gua em outubro do ano passado e isso s� n�o ocorreu devido �s garantias que a Copasa teve de que a capta��o de 5 mil metros c�bicos, inaugurada em 21 de dezembro, no Rio Paraopeba, em Brumadinho, ficaria pronta at� dezembro. A informa��o � da diretora-presidente da Copasa, Sinara Meireles, em entrevista concedida ontem ao Estado de Minas, um ano depois de a empresa ter declarado que a situa��o dos reservat�rios era cr�tica e que profundas medidas de economia e combate ao desperd�cio precisariam ser tomadas para que um racionamento n�o ocorresse.
Atualmente, os tr�s reservat�rios que comp�em o Sistema Paraopeba (Rio Manso, Serra Azul e Vargem das Flores) atuam extremamente abatidos, com apenas 23,2% de seu volume �til, uma quantidade 23,4% inferior ao que apresentavam em 21 de janeiro, quando as tr�s represas juntas somavam 30,25% do volume capt�vel (veja quadro). O que se encontra em estado mais cr�tico � o Sistema Serra Azul, com 7,3%, no limiar do seu volume morto que � a por��o que n�o � captada pelas estruturas instaladas. Foi justamente a situa��o de pen�ria do Serra Azul que fez a Copasa admitir, em 22 de janeiro de 2015, que a Grande BH estava em estado cr�tico, depois de o EM mostrar um dia antes que o segundo maior reservat�rio do Sistema Paraopeba operava com 5,73% de sua capacidade. O discurso, antes, era de que a situa��o estava “sob controle”.
Neste ano, a reportagem retornou ao ponto em que tinha flagrado o n�vel baixo do Serra Azul e se deparou com uma situa��o bastante semelhante � que desencadeou o decreto de crise e a forma��o de uma for�a-tarefa estadual para buscar solu��es de abastecimento. O reservat�rio se tornou um vale de terra trincada, pedras estorricadas pelo sol escaldante e ra�zes mortas destocadas. No fundo, entre empo�amentos e fios de �gua que atravessam o cen�rio agreste, peixes saltam e agitam as �guas como se estivessem procurando espa�o para nadar. Segundo os seguran�as do reservat�rio, pescadores que tentavam invadir clandestinamente o manancial para pescar se enganaram em pensar que isso facilitaria a captura de peixes, porque a travessia do terreno ressecado n�o tem cobertura e os faz alvos facilmente identific�veis para a vigil�ncia.
Pontes que estavam no fundo do lago, pertencentes a antigas estradas rurais alagadas para constituir o reservat�rio, na d�cada de 1980, ressurgiram como marcos da seca. Ilhas de bancos de areia e terra salpicaram o espelho d’�gua clara e rasa que antes dominava o vale como um lago extenso de 8,9 quil�metros quadrados. Duas das tr�s comportas da torre de capta��o est�o muito acima do n�vel do reservat�rio, sendo que a terceira e �ltima est� prestes a ficar totalmente exposta e sem condi��es de fornecer mais �gua. A barragem que fica no munic�pio de Juatuba est� com quase toda a sua estrutura de 48 metros de altura exposta acima da linha da �gua e o vertedouro est� completamente seco e com mato crescendo entre o concreto.

De acordo com a diretora-presidente da Copasa, a entrada em funcionamento da capta��o do Rio Paraopeba fez com que a Grande BH superasse a crise h�drica e, como os reservat�rios s�o interligados, permitir� poupar os represamentos do sistema de mesmo nome para que possam se recuperar em at� tr�s anos. Serra Azul, por exemplo, contribu�a com 2,7 metros c�bicos de �gua por segundo e agora s� fornece 0,2. “Quando um reservat�rio estiver em situa��o ruim, teremos flexibilidade para buscar nos outros e na capta��o do Rio Paraopeba uma flexibilidade que o sistema anterior n�o permitia e fazia com que s� depend�ssemos das chuvas”, disse Sinara. Levantamento da empresa mostra que as chuvas na �rea dos reservat�rios alcan�aram 1.221 mil�metros, superior ao ano de 2014 (944mm), mas ainda 21,4% abaixo da m�dia hist�rica, de 1.553 mil�metros.
vazamentos e ‘gatos’ Segundo a diretora-presidente da Copasa, o plano de rod�zio j� estava pronto para ser executado caso as obras do Rio Paraopeba n�o terminassem a tempo. “J� t�nhamos quais regi�es poderiam ficar sem fornecimento por um ou dois dias, todo esse sistema estava preparado. Seria muito custoso, n�o apenas por sermos uma empresa de fornecimento de �gua, mas tamb�m porque a baixa de press�o no sistema poderia trazer vazamentos e defeitos que ampliariam o tempo sem �gua em caso de necessidade de reparos”, disse.
Uma das metas anunciadas quando a Copasa admitiu a crise h�drica foi atacar o desperd�cio, que chegava a 40% da �gua produzida. A diretora-presidente da companhia admite que o resultado disso foi irris�rio, mas afirma ser esse um dos objetivos deste ano. “Nos concentramos no mais urgente, que era garantir o abastecimento da Grande BH. Agora, neste ano vamos reverter essas perdas. Cerca de 50% dessa �gua, no entanto, n�o � perdida em vazamentos, mas sim desviadas por conex�es clandestinas (gatos)”, afirma.