Pena de Pav�o de Krishna faz desfile azul pela manh�

Voc� j� correu alguma maratona com o rosto e o corpo pintados de azul? Se essa caracteriza��o para encarar um esporte te parece estranha, n�o � o que os foli�es que acordaram cedo no domingo de carnaval de Belo Horizonte acharam. Na onda da folia que s� cresce na capital mineira, � cada vez mais comum ver foli�es pulando de bloco em bloco, come�ando cedo e terminando tarde, tentando extrair ao m�ximo a ess�ncia da festa belo-horizontina. Ontem, essa verdadeira maratona que tem sido percorrida nos dias da festa de Momo come�ou colorida de azul e em ritmo zen, com os c�nticos do Pena de Pav�o de Krishna, carinhosamente conhecido como PPK. O bloco de estilo alternativo, que tradicionalmente foge da Regi�o Central de BH e busca locais mais ermos e pr�ximos da natureza, lotou as ruas do Bairro Jardim Pirineus, Leste da capital, espalhando a paz de esp�rito e o amor coletivo.

“Aflorou, afox�, ritmo da nossa f�/� Bel�, afox�, todo mundo andando a p�/No carnaval, te conheci/Transcendental, te segui”. Cada vez mais vozes entoam o c�ntico que virou hino do bloco, voltado para exalta��o de Hare Krishna e da espiritualidade. A previs�o da organizadora do bloco, Flora Raj�o, era de que 10 mil pessoas acompanhariam o caminh�o de som por quase seis quil�metros entre os bairros Jardim Pirineus, Taquaril e Castanheiras, o �ltimo em Sabar�, na Grande BH. Algumas pessoas afirmam que a multid�o que seguiu os “azuis” do PPK chegou a esse n�mero, mas a Pol�cia Militar estimou os presentes em cerca de 5 mil. “A cada ensaio, chegam pessoas novas, buscando o bom astral que prezamos e a nossa manifesta��o espiritualista forte”, conta Flora.

As d�vidas relacionadas ao tamanho do p�blico que seguiu o PPK em 2016 n�o se aplicam � anima��o das pessoas, caso dos amigos J�ssica Pena e Let�cia Godinho, ambas de 22 anos, Janaina Penna, de 43, e Fernando Louren�o, de 26. “Hoje eu s� volto amanh�”, brinca Janaina, ao explicar que os trabalhos estavam apenas come�ando no PPK e ainda passariam pelo bloco Ordin����rios e Alcova Libertina antes do fim do dia. “Dependendo, podemos ir tamb�m ao Garotas Solteiras”, afirma Let�cia. “O jeito � n�o varar a madrugada e dormir relativamente cedo. O bom de ter carnaval de dia � isso, d� para pegar um bloco atr�s do outro”, destaca J�ssica. “Desse jeito, vamos perder uns quatro quilos”, completa Fernando.

Encantada pelo Pena de Pav�o, a fisioterapeuta Juliana Novaes, de 29, aguardava o momento para entrar em estado de �xtase. “� uma manifesta��o espiritual que nos guia para tudo. O amor transborda no peito e a gente cria uma corrente de luz que vai al�m do que vemos normalmente. Um grupo inteiro dessa forma cria sentimentos de compaix�o, uni�o e respeito a todos os tipos de manifesta��es”, afirma. A m�dica Ana Cristina Issa, de 34, destaca o misticismo do bloco. “� uma confraterniza��o que nos faz evoluir mental e fisicamente, afinal, a gente sobe e desce ladeira”, brinca.

Crian�as no clima A energia positiva faz com que pais e m�es levem seus filhos, mesmo muito pequenos, ao bloco, como a artista circense Ana Mel Oliveira, de 26. A caracteriza��o normal no rosto, todo pintado de azul, se estendeu � pequena Ol�via, de apenas 11 meses, que j� tinha curtido o carnaval de 2015 na barriga da m�e e agora viu tudo com os pr�prios olhos. “Eu acho bem legal essa iniciativa de levar o carnaval para lugares mais isolados, para descentralizar a festa”, diz Ana Mel. Uma corda foi esticada por quest�es de seguran�a para proteger o caminh�o e a �rea acabou servindo de apoio para pais e m�es com crian�as de colo, que ficaram mais confort�veis e puderam curtir com os pequenos em seguran�a.

Antes do in�cio do desfile, um caf� da manh� com op��es prioritariamente vegetarianas foi servido pelos adeptos da cultura Hare Krishna. A cor azul, inclusive, � uma homenagem a Sri Krishna, a personalidade de Deus, segundo o movimento indiano. Depois do caf� e das rodas de exalta��o a Krishna, os membros do grupo fizeram uma ora��o. O �pice veio com o hino do bloco, cercado por c�meras de todos os tipos para registrar o momento m�gico que deixa a maioria dos presentes arrepiados. Como o bloco percorre uma longa dist�ncia, muitos foli�es n�o ficaram durante todo o trajeto e voltaram antes do fim do percurso, marcado para o campo de futebol. Um pequeno incidente foi registrado. A roda de um reboque puxado pelo caminh�o de som acabou passando em cima do p� de um dos organizadores, que foi atendido por pessoas que estavam no local e levado ao hospital.