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Estado de Minas RITMISTA POR UM DIA

Rep�rter do EM relata como � tocar na bateria

Jornalista do EM aceita o desafio de desfilar no cora��o da bateria de uma escola e conta que, para pegar o ritmo, o jeito foi se virar para dan�ar e tocar ao mesmo tempo


postado em 08/02/2016 06:00 / atualizado em 08/02/2016 07:54

(foto: Rodrigo Clemente/EM/D.A Press)
(foto: Rodrigo Clemente/EM/D.A Press)
Tocar um instrumento no carnaval de BH � uma experi�ncia que indicarei para todos os foli�es que conhe�o e para os que n�o conhe�o tamb�m. Essa � uma boa oportunidade para fazer novos amigos e aprender um pouco mais sobre coletividade. No desfile, a emo��o � o sentimento que merece destaque. O corpo arrepia a todo momento, seja pela batida forte da caixa ou pela alegria de quem nos assiste. Minha estreia foi no Unidos do Samba Queixinho, escola de samba de rua, com sete anos de hist�ria, que neste carnaval percorreu um trecho da Avenida Otac�lio Negr�o de Lima, na Pampulha.

Antes de encarar o desafio, ouvi de alguns amigos que bater uma vareta de cinco pontas em um “pandeirinho” seria tarefa f�cil, mas garanto que n�o �. Tem que ter ritmo. Para n�o errar, aprendi a marcar a levada da m�sica com os p�s. Tive que “me virar” para dan�ar e tocar ao mesmo tempo. Acompanhar o di�logo do Gustavo Caetano e do Lauro J�nior, regentes da galera, foi outro desafio. O momento em que cada instrumento come�a a tocar � explicado por eles de um jeito bem particular. “Voc� entra depois do t�-t�-t�-tum.” Com as m�os, eles fazem sinais que, mesmo depois de um m�s de ensaios, ainda n�o entendi. A dica � sempre esperar, identificar a m�sica e entrar tocando depois dos colegas.

Para fazer parte dessa bateria, n�o � preciso ser um percussionista profissional. Eu, por exemplo, n�o tenho nenhuma habilidade musical. Basta ter um instrumento, disposi��o para aprender e acompanhar os ensaios semanais, que come�am j� um m�s depois do carnaval. Meu primeiro contato com o tamborim foi t�mido e aconteceu “aos 45 minutos do segundo tempo”, um m�s antes da folia. Minha entrada no grupo foi viabilizada pelo incans�vel Gustavo. Fui recebida pelos veteranos, que me acolheram muito bem e logo me ensinaram alguns truques para lidar com a falta de jeito. No in�cio, n�o sabia nem segurar o instrumento.

No desfile, a rainha de bateria foi uma atra��o � parte. Teve at� casamento simb�lico de um integrante, com direito � Marcha Nupcial em ritmo de samba, claro! Quem abriu alas para o bloco passar foi Esmeralda, a Veraneio vermelha usada pelo Grupo Galp�o nas apresenta��es de rua da pe�a Romeu e Julieta. E, confesso, ter um dos principais �cones da cultura popular do pa�s entre n�s foi um privil�gio. Esmeralda, como o pr�prio Gustavo Caetano, fundador, gestor e produtor do Queixinho, sempre diz, representa a luta da rua, do teatro, a sobreviv�ncia e resist�ncia do setor cultural. Ator e diretor do Galp�o, Chico Pel�cio tamb�m fez parte da bateria. Al�m dele, gente de todas as idades e profiss�es tornam a bateria plural e bonita.

O repert�rio tem de tudo. S�o v�rias bossas: funk, rock, ijex� e m�sica cl�ssica. Boa parte coreografadas e que d�o um brilho especial � bateria. Mais que tocar e dan�ar para acompanhar a turma, � preciso ter preparo f�sico. No meu primeiro ensaio, que durou tr�s horas, sa� bem cansada. Senti dores nos bra�os, que n�o param um minuto, nas costas e nas pernas. Mas a sensa��o final foi de �xtase total. Aprender a tocar um instrumento � compensador, al�m de uma boa v�lvula de escape para as tens�es do dia a dia. Muita gente, inclusive, estava ali para isso.

Os bastidores do desfile envolvem a galera da bateria, amigos e a fam�lia dos integrantes, que fazem de tudo para empolgar os foli�es no dia do desfile. Tem quem decore o estandarte, distribua as camisas e organize a entrega de �gua para quem est� tocando. No fim, a recompensa � ter uma plateia que faz o corpo vibrar com todos os instrumentos da bateria. Fica a sensa��o de ter proporcionado algumas horas de alegria para pessoas que eu n�o conhe�o e que tamb�m n�o faziam ideia de quem eu era no meio da multid�o. Ser parte de uma bateria �, sem nenhuma d�vida, uma declara��o de amor � cidade.


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