
Contudo, ante o crescente refor�o do arsenal dos narcotraficantes, a repress�o policial parece diminuir. De acordo com levantamento da Pol�cia Militar (PM), no ano passado, at� setembro, apenas 28 armas de calibres restritos foram apreendidas na capital mineira. A Grande BH segue a capital nos registros baixos de apreens�es, ainda que sejam os maiores de Minas Gerais, com Ribeir�o das Neves, Contagem e Betim entre os seis munic�pios com maior volume de armamento restrito encontrado pela PM na posse de pessoas sem autoriza��o. Por outro lado, a Pol�cia Federal (PF) registrou uma farta oferta de armas para criminosos, j� que entre 2011 e setembro de 2015, 1.411 armas de fogo foram roubadas ou furtadas de empresas de vigil�ncia privada, uma m�dia de 38 unidades por m�s.
Pelos registros da Pol�cia Federal, a maior parte dos armamentos roubados ou furtados das empresas de vigil�ncia privada s�o rev�lveres calibre 38, que, no per�odo da pesquisa feita pela corpora��o, chegavam a 1.373 unidades levadas por criminosos. Foram levadas, ainda, 25 espingardas calibre 12, 11 pistolas 380 e duas espingardas calibre 38. Especialistas em seguran�a p�blica conferem a esse arsenal subtra�do das empresas de vigil�ncia grande parte do poderio de traficantes, ladr�es de bancos e assaltantes. A Comiss�o Parlamentar de Inqu�rito (CPI) das armas da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro – estado em que os confrontos de policiais e traficantes s�o intensos – investiga inclusive se as empresas de vigil�ncia facilitam a venda de armas e muni��es para criminosos e at� se pertencem a quadrilhas ligadas ao crime organizado.
Por meio das redes sociais utilizadas por traficantes, a Pol�cia Militar de Minas rastreou fotografias de armamentos pesados sendo exibidos pelas quadrilhas que se enfrentam no Aglomerado da Serra desde o dia 6 de janeiro. Em duas delas, s�o exibidos fuzis similares ao AK-47, de fabrica��o russa, e calibre 762, capaz de perfurar coletes bal�sticos e atravessar a lataria das viaturas policiais. Muitas fotografias exibem tamb�m pistolas com adapta��es que as tornam submetralhadoras, carregadores estendidos e at� tambores que ampliam sua capacidade de 13 a 15 tiros para mais de 100. O resultado do uso desses armamentos s�o perfura��es grandes deixadas pelos tiros nas �rvores, postes, muros, port�es, grades e telhados de resid�ncias dentro das comunidades e tamb�m no Bairro Serra, que � lim�trofe.
INTELIG�NCIA O trabalho de rastrear e tirar de circula��o armas de fogo de grupos organizados para crime cabe � Pol�cia Civil, na avalia��o do pesquisador do Centro de Estudos de Criminalidade e Seguran�a P�blica da Universidade Federal de Minas Gerais (Crisp/UFMG) Frederico Couto Marinho. Ele afirma que armamentos de grosso calibre nas m�os de traficantes, como os do Aglomerado da Serra, s�o assunto de extremo impacto para o trabalho policial. “� preciso questionar por que as apreens�es s�o t�o pequenas. Isso n�o � uma prioridade? Por que a intelig�ncia da Pol�cia Civil n�o prioriza tirar essas armas de circula��o? Est� faltando efetivo e material ou tem e n�o � usado?”, questiona. O especialista em seguran�a p�blica alerta que s�o justamente as organiza��es criminosas que t�m mais armas de grosso calibre que causam mais transtornos � ordem social. “Quem det�m mais armamentos e rede de drogas ocupa mais territ�rio, causa impacto fechando escolas, centros de sa�de: � uma amea�a �s comunidades”, afirma.
“� uma das obriga��es da Pol�cia Civil, pois � quem det�m os softwares e pessoal capacitado para encontrar e cruzar as movimenta��es financeiras desses grupos. Para ter armamentos desse porte, � preciso muito investimento, pois � preciso trazer de fora de Minas Gerais, no Paraguai ou no Rio de Janeiro. As muni��es s�o caras. Tudo isso gera lavagem de dinheiro e a intelig�ncia pode identificar tudo isso e agir antes que os confrontos ocorram e prejudiquem as comunidades”, avalia.
Sobre as armas subtra�das dos arsenais de seguran�as particulares, o pesquisador afirma n�o haver d�vidas de que elas v�o parar nas m�os de criminosos. “E isso cabe � Pol�cia Federal apurar. A fiscaliza��o sobre atividades que utilizam armas deveria ser mais rigorosa tamb�m”, disse Marinho.
Posi��o Por meio de sua sala de imprensa, a PM informou que desenvolve opera��es espec�ficas, al�m policiamento rotineiro, para coibir o tr�fico de armas e drogas em Minas, inclusive com apreens�es de armamentos. Ponderou, no entanto, que h� outras ag�ncias envolvidas no combate ao tr�fico de armas, sobretudo na entrada do pa�s. A Pol�cia Federal foi procurada para comentar o narcotr�fico no estado, mas n�o disponibilizou fonte para falar o assunto. Procurada insistentemente ao longo da semana para repercutir os desdobramentos do tr�fico de drogas em Minas, a Pol�cia Civil, por meio de sua assessoria, informou que os dados sobre investiga��o do tr�fico s�o sigilosos e que n�o teria um representante dispon�vel para falar sobre o tema.