
Outra hist�ria que chama a aten��o � a de um homem heterossexual do Sul do pa�s que, ao fazer um check-up pedido pelo empregador, descobriu ser portador do HIV por transmiss�o vertical, ou seja, de nascen�a. S� ent�o lhe foi revelado que havia sido adotado nos prim�rdios da epidemia. Sua maior d�vida era se poderia realizar o sonho de se casar e de ser pai. Outro, que atuava como um atendente em hospital particular, queria saber onde poderia refazer em sigilo, no sistema p�blico, os testes de sua carga viral, de modo que a sorologia nunca passasse a constar do prontu�rio do seu conv�nio de sa�de, vinculado diretamente � empresa.

“Na verdade, o programa DST/Aids n�o est� �s mil maravilhas, como tenta nos convencer o governo federal. Querem que, em tempo recorde, as pessoas com HIV passem a viver em uma pretensa normalidade”, diz Valdecir Buzon, que na d�cada de 1990, fundou o Vhiver BH, onde calcula ter atendido at� 8 mil pessoas por m�s na antiga casa pintada de azul, no Bairro Funcion�rios, sede da primeira academia de gin�stica voltada para portadores de HIV no pa�s. Hoje, a casa est� em ru�nas. Desde a interrup��o dos atendimentos, quatro jovens que eram mantidos na faculdade por bolsas de estudo largaram os cursos e, segundo Buzon, outras cinco pessoas tentaram o suic�dio. Pelo menos duas desistiram da vida controlada por medicamentos.
Outras entidades, como o Grupo de Apoio �s Pessoas com Aids (Gapa) de BH, que tiveram papel central para pressionar as autoridades no auge da epidemia, tamb�m est�o desativadas. H� dois anos, o Vhiver-BH funciona precariamente na casa em ru�nas, atolado em d�vidas, aguardando transfer�ncia para outro im�vel prometido no Bairro da Floresta, mas ainda sem data confirmada. “O soropositivo n�o � movido apenas a coquetel de medicamentos. Ele continua precisando de um grupo de apoio e de aconselhamento para lidar com as suas novas quest�es”, defende Buzon, que penhorou o pr�prio carro e apartamento em prol da entidade, que passou a carregar nas costas, quase que literalmente.