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Estado de Minas

Professor cria espa�o de estudo voltado para transexuais, travestis e transg�neros

Al�m da prepara��o para o Enem, haver� aulas de ingl�s, supletivo e educa��o para adultos


postado em 15/03/2016 06:00 / atualizado em 15/03/2016 11:08

Emilly sonha em cursar farmácia numa federal e quer se especializar em desenvolvimento de hormônios(foto: Juarez Rodrigues/EM/DA Press)
Emilly sonha em cursar farm�cia numa federal e quer se especializar em desenvolvimento de horm�nios (foto: Juarez Rodrigues/EM/DA Press)
Emilly, de 33 anos, sonha em ser farmac�utica e trabalhar com desenvolvimento de horm�nios – ali�s, ela faz uso de v�rios. Dany, de 23, � maquiadora profissional, mas quer se formar em enfermagem, pois acha bonito cuidar das outras pessoas. Nesta semana, a hist�ria das duas se cruzou no Edif�cio Arcang�lo Malleta, no Centro de Belo Horizonte. Emilly e Dany ser�o colegas de turma. Numa pequena sala do pr�dio, come�ou a funcionar ontem o Transvest, um espa�o que, por meio da educa��o, pretende derrubar tabus, ao tornar real a possibilidade de que transexuais, travestis e transg�neros conquistem uma vaga nas universidades.


O combust�vel para a cria��o do Transvest foram as estat�sticas. “A Antra (Associa��o Nacional de Travestis e Transexuais) mostra que a expectativa de vida dessas pessoas n�o passa de 35 anos, que 95% dos travestis est�o na prostitui��o”, afirma o idealizador do cursinho, o professor de literatura Eduardo Salabert, mais conhecido como Dudu, que d� aula em escolas tradicionais da capital. Militante da causa, ele � quem est� arcando com custos do aluguel da sala e conta com trabalho volunt�rio de outros professores.

O preconceito acaba afastando essas pessoas da sala de aula. Articulada, culta e dona de si, Emilly Valentine se transexualizou j� adulta e, por isso, conseguiu concluir o ensino m�dio. Mas, como em outros tantos casos, a falta de emprego se imp�s como barreira. “Abandonei a faculdade particular de farm�cia, porque n�o tinha como pagar. J� fiz mais de 100 entrevistas de emprego e, quando veem que sou transexual, perco a vaga”, afirma. “A impress�o que tenho � que acham que deveria estar na Afonso Pena (ponto de prostitui��o de travestis e transexuais)”, diz.

A persist�ncia � o norte de Emilly, que v� no Transvest a possibilidade de retomar o sonho de voltar � faculdade de farm�cia. Ela quer se especializar em hormoniza��o de transexuais, campo de estudo ainda insipiente, sobretudo no Brasil. “Quero entrar numa federal e depois ir para a Alemanha e Canad�, que s�o mais desenvolvidos nessa �rea”, explica Emilly, que encontra suporte na fam�lia.

Al�m de aulas preparat�rias para o Exame Nacional do Ensino M�dio (Enem), o Transvest oferece cursos de ingl�s, supletivo e educa��o para jovens e adultos (EJA). “Panfletando na Guaicurus e em outros lugares, vi que v�rias trans n�o t�m nem o primeiro grau”, afirma Dudu. O lugar tamb�m pretende se consolidar como espa�o de conviv�ncia, de combate � transfobia e inclus�o de travestis e transexuais na sociedade.

Dany Castelumbre j� vislumbra a oportunidade de dar cursos de maquiagem na salinha do Maletta. “Quero fazer enfermagem porque acho bonito cuidar dos outros e ter uma coisa boa no curr�culo. Sonho ainda em abrir meu est�dio de maquiagem e, quem sabe, ser tamb�m perita criminal”, conta, cheia de planos. A volta � sala de aula representa uma virada na vida de Dany, que h� seis anos fez sua transforma��o pessoal, e um dos passos para sair da prostitui��o. O outro foi ter encontrado um amor – Dany se casa ainda este ano. A transexual quer completar o ensino m�dio para fazer o Enem e conseguir uma cadeira na universidade.

Dany, que é maquiadora, quer se tornar enfermeira ou perita criminal após concluir o ensino médio(foto: Juarez Rodrigues/EM/DA Press)
Dany, que � maquiadora, quer se tornar enfermeira ou perita criminal ap�s concluir o ensino m�dio (foto: Juarez Rodrigues/EM/DA Press)
Para essa estrutura do Transvest funcionar, toda ajuda � muito bem-vinda. O cursinho est� arrecadando fundos para a compra do ar-condicionado e datashow para o espa�o, que custam, ao todo, R$ 2.500. Na p�gina do espa�o no Facebook, h� um link para contribuir.

APROVADOS O Transvest n�o foi o primeiro a abrir as portas do ensino superior para alunas e alunos transsexuais e travestis. No ano passado, a advogada Adriana Ribeiro Salles, militante da causa e presidente da Comiss�o de Diversidade Sexual e G�nero da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), se��o Minas Gerais, criou o TransEnem BH. Logo no come�o, a iniciativa mostrou seu potencial. As aulas eram apenas aos s�bados e come�aram em agosto, dois meses antes do Enem, em outubro. “Tivemo s 12 alunos, nove fizeram o Enem e tr�s foram aprovados, todos em universidades p�blicas”, afirma Adriana.

Idealizador do Transvest, o professor Eduardo Salabert conta com ajuda e trabalho de voluntários(foto: Juarez Rodrigues/EM/DA Press)
Idealizador do Transvest, o professor Eduardo Salabert conta com ajuda e trabalho de volunt�rios (foto: Juarez Rodrigues/EM/DA Press)
A coordenadora refor�a que os ganhos v�o muito al�m da educa��o. “Essa experi�ncia desenvolve a autoestima e o empoderamento dessas pessoas, que conseguem perceber o direito a enfrentar as dificuldades com cabe�a erguida”, diz. Este ano, as oportunidades aumentaram. Agora, s�o 20 vagas e as aulas ocorrem de segunda-feira a sexta-feira, das 19h �s 22h30.

O curso � gratuito e ainda h� vagas dispon�veis. Para se inscrever, basta entrar na p�gina do Facebook do TransEnem BH e preencher formul�rio. O grupo come�ou uma campanha na internet para recolher fundos para a arcar com as despesas do cursinho, que vai desde a vale-transporte para os estudantes at� material did�tico. O objetivo � arrecadar R$ 15 mil.

 

 


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