A��o de ladr�es em Confins exp�e falta de seguran�a no terminal de passageiros
Vigil�ncia � feita por apenas dois PMS e dois terceirizados. Terceiro roubo de 2016 no aeroporto deixa passageiros e trabalhadores com medo e revela clima de incerteza em meio a embarques e desembarques
postado em 28/04/2016 06:00 / atualizado em 28/04/2016 07:51
Janela permanecia quebrada no guich� de passagens da empresa Unir (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A PRESS)
Um terminal por onde circulam 30 mil pessoas, disponibiliza 2.560 vagas de estacionamento e movimenta milh�es de reais diariamente d� sinais de fragilidade em sua seguran�a. No Aeroporto Internacional Tancredo Neves, em Confins, na Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte, onde mais um assalto voltou a assustar passageiros e funcion�rios na noite de anteontem, apenas quatro agentes fazem a vigil�ncia: s�o dois policiais militares e dois empregados de empresa privada para cobrir os mais de 80 mil metros quadrados de �rea, que incluem tr�s terminais. O baixo efetivo tem sido um sinal verde para os bandidos. Somente este ano, foram levados cerca de R$ 25 mil em tr�s assaltos ao guich� de passagens do Conex�o Aeroporto – �nibus executivo que liga o aeroporto �s cidades de BH, Betim e Contagem. As outras ocorr�ncias foram em janeiro e no m�s passado.
Eram 22h47, quando um homem se aproximou do guich� da empresa de transporte. Muitos passageiros aguardavam na fila para a compra de bilhetes. Da mochila que tinha nas m�os, o ladr�o tirou uma pedra que arremessou contra o vidro da cabine, por onde pulou para saquear os caixas e o malote da empresa. O homem, que foi reconhecido por funcion�rios como autor do assalto anterior, foi ajudado por um comparsa. Juntos, provocaram p�nico entre passageiros e atendentes. Depois da a��o, que durou apenas 25 segundos, fugiram em dire��o a Belo Horizonte, pela LMG-800, onde um terceiro envolvido os aguardava dentro de um ve�culo, segundo a PM.
A empresa Unir opera no local desde 1984 e tem a linha executiva Conex�o Aeroporto desde 2005. Os guich�s de atendimento funcionavam dentro do terminal, mas desde o in�cio das obras para a constru��o o terminal 1, h� tr�s anos, foram transferidos para um espa�o provis�rio, na �rea externa, entre o estacionamento e a �rea do embarque e desembarque. “O fato de estarmos do lado de fora aumenta a exposi��o direta dos caixas, onde as pessoas veem que h� dinheiro circulando. Outro ponto � que a localiza��o facilita a fuga de bandidos em situa��es como essa”, afirmou o gerente comercial do Conex�o Aeroporto, Murilo S�rgio Soares. Na avalia��o dele, a seguran�a precisa melhorar. “O policiamento na �rea externa � fr�gil. � preciso ampliar o efetivo”, cobra.
Adiada por duas vezes somente neste ano, a mudan�a para o local definitivo – em um espa�o na �rea interna do terminal – est� prometida para segunda-feira. E a expectativa do gerente � de que o problema seja sanado. A transfer�ncia tamb�m havia sido cobrada pelo comando do 5º Pelot�o de Confins, da 181ª Cia, do 36º Batalh�o de Pol�cia Militar (BPM). De acordo com o comandante da unidade, tenente Leandro Leal, a estrutura hoje em funcionamento � prec�ria e dificulta o patrulhamento, por causa dos muitos tapumes ainda usados nas obras. “Isso j� foi alvo de questionamento meu e o aeroporto prometeu que at� o fim do m�s essa mudan�a para um local mais seguro seria feita”, disse. Ontem, em uma reuni�o de emerg�ncia, a PM esteve com representantes da Pol�cia Civil e da BH Airport (concession�ria do aeroporto) para discutir medidas para o terminal. Outro encontro est� marcado para a sexta-feira. O comandante afirmou que a sequ�ncia de ocorr�ncias exp�e a necessidade de refor�ar o policiamento. Segundo ele, a PM j� tem informa��es sobre os bandidos. A Pol�cia Civil investiga o caso, mas at� o fechamento desta edi��o ningu�m havia sido preso.
Clima de medo Ontem, o clima era de incerteza no terminal. “Trabalhamos todas com medo. N�o tem seguran�a ou policial e os bandidos j� perceberam essa facilidade. Ningu�m toma provid�ncia. Se quiserem voltar, est� livre para eles”, disse uma funcion�ria que n�o quis ser identificada. A colega dela, que tamb�m pediu anonimato, ressalta: “O aeroporto precisa de n�s, do nosso trabalho. A administra��o sabe o que acontece e faz nada. A seguran�a circula somente dentro do aeroporto, mas esse espa�o tamb�m � parte das depend�ncias. E, visivelmente, n�o somos prioridade”.
O aprendiz Mateus Guilherme de Freitas Pereira, de 18 anos, trabalha no aeroporto e pega o �nibus � tarde, todos os dias. “Tem pol�cia, mas � pouco. Queremos seguran�a no terminal”, afirmou. O casal de empres�rios Rilda Machado e F�bio Pionzoni, ambos de 49, moradores de Arraial D’Ajuda (BA), ficaram chocados com o assalto. Ela � de BH e ele, italiano. “Num aeroporto internacional chega gente do mundo todo. Deveria ter at� mais vigil�ncia que em outros lugares”, afirmou Pionzoni. Para Rilda, essa fragilidade � chamariz para assaltos: “Os bandidos fazem isso, porque sabem que o efetivo � pequeno”. A universit�ria Brenda Castro, de 20, acredita que, diante de tantas ocorr�ncias, deveria ser implantado um controle maior sobre a circula��o em Confins, at� mesmo com revista de pessoas na entrada do terminal. “O que est� ocorrendo demonstra a falta n�o s� de seguran�a, mas de cuidado com quem circula e trabalha aqui.”
Por meio da assessoria de imprensa, a BH Airport informou que a responsabilidade pela seguran�a nas �reas externas ao embarque e desembarque cabe ao estado. E que o aeroporto disp�e de um centro de monitoramento eletr�nico de vigil�ncia, onde as imagens s�o registradas e disponibilizadas �s autoridades para investiga��o. Ainda segundo a empresa, n�o h� qualquer ocorr�ncia que tenha rela��o com as obras, motivo pelo qual o monitoramento foi refor�ado, sendo feito horas. A BH Airport acrescenta que Confins teve, em mar�o, nota 4,32 em uma escala de 1 a 5 no indicador “Sensa��o de seguran�a nas �reas p�blicas do aeroporto”.
Mem�ria
�nibus na mira de ladr�es
O aeroporto de Confins est� localizado no munic�pio hom�nimo, a 38 quil�metros do Centro de BH. O tempo estimado de viagem � de 50 minutos e, neste percurso, os �nibus do Conex�o Aeroporto tamb�m j� foram alvo de assaltos. Em junho de 2014, a Pol�cia Civil prendeu o �ltimo dos tr�s suspeitos de integrar a quadrilha especializada em roubos aos coletivos, durante a Opera��o Conex�o II. Para chegar ao trio, a pol�cia usou as imagens das c�meras de seguran�a dos ve�culos, al�m de quebrar o sigilo telef�nico de alguns dos suspeitos. Foram registrados pelo menos 11 assaltos entre 2013 e 2014.