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Estado de Minas OPERA��O MAR DE LAMA

Servidores desviaram quase toda verba da obra de chuva em Governador Valadares

Governador Valadares ainda enfrenta consequ�ncias dos desvios de recursos para socorrer a cidade na chuva de 2013. Moradores improvisam obras. Outros sofrem perdas nos neg�cios


postado em 13/06/2016 06:00 / atualizado em 13/06/2016 07:26

Dona Claudinéia Araújo na passarela construída pelos moradores na Rua da Passagem:
Dona Claudin�ia Ara�jo na passarela constru�da pelos moradores na Rua da Passagem: "O poder p�blico nada fez at� agora" (foto: Juarez Rodrigues/EM/DA Press)
Governador Valadares – Claudin�ia Ara�jo, de 43 anos, fica indignada toda vez que observa o que restou da Rua da Passagem, em Governador Valadares, onde a �ltima forte temporada de chuva, em 2013, causou v�rios estragos que, at� hoje, n�o foram reparados pelo governo. Parte do dinheiro p�blico que deveria ser usado nas obras foi surrupiada por uma quadrilha liderada por agentes municipais, dando origem � opera��o Mar de Lama, a maior for�a-tarefa da atualidade em Minas Gerais e que j� levou 15 pessoas para tr�s das grades.

O nome da opera��o � uma refer�ncia aos alagamentos. Investiga��o do Minist�rio P�blico Estadual (MPMG), Minist�rio P�blico Federal (MPF), Pol�cia Federal (PF) e Minist�rio da Transpar�ncia, Fiscaliza��o e Controle (MTFC) apurou que cerca de R$ 8 em cada R$ 10 enviados pelo Pal�cio do Planalto para socorrer o maior munic�pio do Vale do Rio Doce, com cerca de 300 mil habitantes, foram desviados por uma organiza��o criminosa que surgiu no Servi�o Aut�nomo de �gua e Esgoto (Saae), autarquia municipal.

“Cerca de 80% dos R$ 4,7 milh�es repassados pela Uni�o foram desviados”, calculou o delegado da PF Cristiano Campidelli. O dinheiro foi liberado pela presidente Dilma Rousseff, ent�o em exerc�cio, depois de constatar in loco os estragos. Quase 10 mil pessoas ficaram desalojadas ou desabrigadas.

A fraude s� foi poss�vel porque contou com a participa��o de empres�rios. Donos das firmas receberam do Saae por servi�os n�o realizados ou feitos em quantidade menor do que o previsto no contrato. O pagamento era rateado entre servidores e empres�rios. A popula��o ainda sofre com os transtornos causados pelo temporal.

Um trecho da Rua da Passagem, por exemplo, foi engolido por uma cratera. “N�s, moradores, levantamos a travessia de madeira, porque o poder p�blico nada fez at� agora”, cobrou Claudin�ia. A passarela improvisada foi erguida duas vezes, como informou o pedreiro Joel Neves Moreira, de 40. “D�i pagar impostos e ver que quando a gente precisa, corruptos desviam o dinheiro”.

PREJU�ZO Os danos causados pelo temporal de 2013 tamb�m afetaram o dia a dia de quem mora na �rea rural. A chuva danificou estradas de terra e pontes, causando preju�zo aos produtores de leite, pois os caminh�es dos grandes latic�nios da regi�o n�o t�m como chegar �s propriedades. Para amenizar a perda de receita, alguns fazendeiros se uniram para custear parte de obras que deveriam ser feitas com o dinheiro p�blico.

“A popula��o � que recolocou a ponte (sobre o C�rrego Cassianinho) no lugar. Ainda assim, os caminh�es dos quatro grandes latic�nios da regi�o n�o passam nela. Eu queria ampliar a produ��o de leite, de 80 litros por dia para 200 litros. Mas n�o posso. Outros fazendeiros tamb�m suspenderam investimentos”, lamentou Vander Soares, de 77.

O percurso da fazenda dele � casa que a fam�lia tem em Valadares � de 27 quil�metros. O dano causado pela �ltima temporada de chuva forte e a aus�ncia de manuten��o adequada desde ent�o pelo poder p�blico, sustenta Vander, tornou o trajeto no trecho uma aventura que n�o vale a pena. “O percurso alternativo � de 65 quil�metros”, acrescenta Bruno, filho do fazendeiro. Para n�o perder toda a produ��o de leite, a fam�lia come�ou a fazer queijo.

O tamb�m criador de gado An�sio Ferreira, de 42, acredita que R$ 10 mil sejam suficientes para erguer outra ponte sobre o Cassianinho. H� poucas semanas, revelou, ele e amigos fizeram uma vaquinha e contrataram um trator para recuperar um trecho da estrada de ch�o. “Cada um deu um pouquinho. Eu desembolsei R$ 100. O total ficou em R$ 4 mil.

J� a Prefeitura de Valadares informou que “o munic�pio tem 1,8 mil quil�metros de estradas vicinais, que recebem manuten��o constantemente”. Em rela��o � Rua da Passagem, a administra��o informou que a recupera��o da via faz parte do programa de conten��o de encostas, “cujo projeto para recupera��o est� sendo viabilizado pela Secretaria Municipal de Obras”.

O Executivo informou ainda que “reafirma seu integral apoio a todas as a��es que visam ao combate a quaisquer atos il�citos no �mbito da administra��o p�blica e que, para tanto, tem colaborado com as investiga��es. Assim, todo e qualquer processo que for alvo de investiga��o ser� avaliado pela administra��o pelos meios cab�veis”.


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