
Mas a iniciativas oficiais se mostram insuficientes, especialmente diante da disparada da demanda nos �ltimos anos. Em 2010, eram 966 solicita��es de ref�gio em todo o Brasil, n�mero que aumentou para 28.670 em 2015. “Os refugiados s�o v�timas de persegui��o ou fundado temor de persegui��o em raz�o de ra�a, religi�o, nacionalidade, opini�o pol�tica e pertencimento a grupo social”, explica Paola Gersztein. Entre os pa�ses latino-americanos, a fundamenta��o dos pedidos de ref�gio se estende para situa��es graves e generalizadas de viola��o dos direitos humanos.
AMBIENTADO Um dos estrangeiros que escolheram Belo Horizonte como uma esperan�a de porto seguro foi o s�rio June Isahak, de 22 anos. Ele veio com um grupo de refugiados em 2014 para o Brasil, desembarcando na capital mineira. H� apenas dois anos em BH, ele n�o apenas j� consegue falar o portugu�s de maneira fluente como assimilou mineirismos, como o “n�”, o “uai” ou “Nossa Senhora”. “Uai, j� sou mineiro. Nunca peguei aula de portugu�s, tudo o que aprendi foi aqui, na loja”, afirma o jovem, que trabalha no Vila �rabe.
A fam�lia est� em Damasco, a capital da S�ria, onde n�o h� tantos atentados quanto em outros locais do pa�s. “Cheguei como refugiado. Ganhei a carteira de imigrante que vale por dois anos. Em 31 de julho vou receber o documento para mais cinco anos”, comemora ele, que se sente completamente inserido na cultura brasileira. “Com a carteira, fico brasileiro mesmo. Gosto muito do brasileiro. Como BH foi o primeiro lugar que cheguei, peguei o jeito de mineiro”, brinca. Nesse meio tempo, ele chegou inclusive a participar das comemora��es durante a Copa do Mundo, em 2014, e do carnaval de rua, em 2015 e 2016.
Mas a integra��o n�o � t�o f�cil para todos. O nigeriano B., de 50 anos, que prefere n�o se identificar, chegou ao Brasil h� um ano. Atualmente, desempregado, tenta conseguir recursos com a venda de panos de prato, cofres de barro e tecidos africanos na Pra�a Sete, Centro de BH. No local, � poss�vel encontrar tamb�m ganeses, que deixaram seu pa�s para tentar escapar da guerra. As dificuldades de B. s�o agravadas pelo fato de n�o falar portugu�s – usa o ingl�s, l�ngua oficial de seu pa�s, para se comunicar. Depois de uma certa resist�ncia inicial, ele aceitou contar sua hist�ria, mas n�o quis ser fotografado.
O nigeriano deixou esposa e quatro crian�as na �frica do Sul, para onde a fam�lia migrou fugindo dos conflitos �tnicos que levam ao massacre de milhares de conterr�neos. A xenofobia � uma das marcas mais fortes da experi�ncia de vida de B., que relata como os ataques, motivados simplesmente pelo fato de algu�m fazer parte de etnia diferente, s�o constantes nas cidades em que viveu antes de chegar ao Brasil.
A imagem de um povo alegre foi o que o conquistou. Ao chegar ao pa�s, obteve o visto para ficar e trabalhar, mas n�o consegue emprego. Mesmo assim, ele, que atuava como comerciante no pa�s de origem, destaca a hospitalidade do povo brasileiro. “As pessoas te recebem, d�o um canto na sua casa para que voc� possa dormir, te d�o o que comer...” Um dos sonhos do imigrante � trazer a fam�lia. Enquanto n�o o realiza, ele s� consegue dizer � esposa e aos filhos, por telefone, que anda bem. “Ligo para dizer que estou vivo”, afirma.
N�mero de reconhecidos subiu 127%
At� 2010, haviam sido reconhecidos 3.904 refugiados no Brasil. Em abril deste ano, esse total chegou a 8.863, o que representa aumento de 127% no acumulado – incluindo os reassentados. Com o aumento do fluxo migrat�rio, o governo brasileiro decidiu tomar medidas que facilitassem a entrada desses imigrantes no territ�rio e sua inser��o � sociedade.

Na sexta-feira, a emissora BBC Brasil divulgou mat�ria informando que o governo federal suspenderia negocia��o com a Uni�o Europeia para receber s�rios. No entanto, a mudan�a foi negada pelo Minist�rio da Justi�a. “N�o houve nenhuma suspens�o das negocia��es com a Uni�o Europeia. O governo anterior n�o havia estabelecido nenhum programa ou projeto nesse sentido, nem estabelecido qualquer previs�o or�ament�ria”, informou a pasta.
Saiba mais
Ref�gio
� uma prote��o legal oferecida pelo Brasil a cidad�os de outros pa�ses que estejam sofrendo persegui��o por motivos de ra�a, religi�o, nacionalidade, opini�es pol�ticas ou pertencimento a determinado grupo social, ou ainda que estejam sujeitos, em seu pa�s, a grave e generalizada viola��o de direitos humanos. Segundo o Minist�rio da Justi�a, o ref�gio pode ser solicitado em qualquer posto do Departamento de Pol�cia Federal, mediante preenchimento de formul�rio oficial e coleta de informa��es biom�tricas. Ap�s receber o pedido, a PF o encaminhar� ao Comit� Nacional para Refugiados (Conare). O �rg�o deve fazer entrevista com o solicitante antes de decidir sobre o deferimento do pedido.