
Enquanto a verba n�o chega para Minas, outros sistemas j� at� mais avan�ados concluem obras para estender a estrutura existente. Em cerim�nia no s�bado, na Esta��o Jardim Oce�nico, na Barra da Tijuca, o presidente Michel Temer inaugurou oficialmente a Linha 4 do metr� do Rio de Janeiro, que liga o bairro da Zona Oeste a Ipanema, na Zona Sul. S�o cinco esta��es: Nossa Senhora da Paz, Jardim de Alah, Antero de Quental, S�o Conrado e Jardim Oce�nico. A expectativa � que at� o fim do ano a nova linha, que come�ou a ser constru�da em 2010 e j� custou R$ 9,7 bilh�es (R$ 8,5 bilh�es em recursos p�blicos), entre em opera��o plena e transporte cerca de 300 mil pessoas por dia. Com isso, o novo ramal vai levar, sozinho, 36% mais passageiros que todo o sistema da capital mineira.
Em BH, com tr�s projetos de expans�o elaborados e um em fase final – para mais 37,4 quil�metros de malha ferrovi�ria –, as obras esbarram no velho impasse. “N�o h� or�amento”, afirma o superintendente da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) em Belo Horizonte, Miguel Marques, sentado em sua sala na sede da empresa em BH, no Bairro Floresta, de onde se v� e ouve o metr� passar. Mesmo assim, o advogado mineiro de 37 anos – que n�o usa o servi�o no dia a dia e est� � frente da companhia desde novembro de 2015 – faz um balan�o positivo das tr�s d�cadas de opera��o. “� um transporte p�blico social. Tem uma tarifa que leva do Eldorado (Contagem) a Vilarinho por R$ 1,80, sem aumento desde 2006. J� tivemos v�rias evolu��es. A �ltima, em 2012, foi a aquisi��o de 10 trens. Enquanto os antigos comportam 1.026 pessoas, os novos transportam 1.300, t�m ar-condicionado e s�o projetados com televis�o. Acredito que esse foi o �ltimo grande avan�o, um investimento de R$ 171 milh�es”, afirmou o superintendente, ex-diretor da Metrominas, �rg�o do governo estadual que deve assumir a gest�o do metr� de BH.
Sobre a t�o sonhada implanta��o das novas linhas, o superintendente � otimista. “Chegamos com um p� na frente para a realiza��o das obras”, avalia Miguel, ao explicar que os projetos para moderniza��o da linha 1 e implanta��o das linhas 2 e 3 est�o em fase final de elabora��o e aguardando previs�o or�ament�ria. O problema � que, se seguir pelos mesmos trilhos das �ltimas d�cadas, as obras or�adas entre R$ 4 bilh�es e R$ 5 bilh�es est�o longe de ser executadas.
Desde a implanta��o do metr�, em 1986, o sistema recebeu cerca de US$ 870 milh�es, suficientes apenas para que 17,3 quil�metros fossem acrescentados ao trecho da Linha 1, que dos 10,8 quil�metros entre o Eldorado e a Lagoinha passou para 28,1, chegando a Vilarinho, em Venda Nova. A t�tulo de compara��o, enquanto S�o Paulo transporta em cinco linhas, distribu�das por 68 quil�metros, cerca de 4,7 milh�es de passageiros em 24 horas, Belo Horizonte precisa de mais de 20 dias para transportar o mesmo volume.
GEST�O � ENTRAVE Diferentemente dos sistemas do Rio e de S�o Paulo, o metr� de BH � administrado e operado pela CBTU, �rg�o federal com sede no Rio, vinculado ao Minist�rio das Cidades, que tamb�m administra os sistemas de Jo�o Pessoa, Recife, Macei� e Natal. Atualmente, o governo de Minas Gerais aguarda an�lise da proposta apresentada em mar�o ao Minist�rio das Cidades para que o estado assuma o sistema. Assim, toda obra de expans�o ficaria a cargo da Metrominas, que disp�e de previs�o de R$ 36,3 milh�es em verba federal para projetos. Segundo o minist�rio, o total necess�rio para elabora��o dos projetos de todas as linhas � de R$ 47,3 milh�es e o saldo remanescente ser� liberado � medida em que forem apresentadas comprova��es de gastos.
A estadualiza��o � apontada por especialistas como uma esperan�a de amplia��o para o metr�. “Nos �ltimos anos, a CBTU esteve na al�ada de um partido que a usou apenas para distribui��o de cargos e outras quest�es de origem pol�tica. No meu entendimento, esse setor somente se desenvolver� se for estadualizado, dentro de um modelo adequado e transparente de desenvolvimento, em parceria com o setor privado”, afirma o professor.
Nos trilhos da hist�ria
Os 30 anos de opera��o comercial do metr� foram lembrados na edi��o de domingo do Estado de Minas, que publicou reportagem especial contrapondo o metr� que BH tem �quele que a capital merece. Com o tema #metroimaginario, foi criado um mapa de desejos para o transporte metrovi�rio de BH, a partir de sugest�es enviadas por leitores por meio de redes sociais. A malha imagin�ria tem 144 quil�metros e atende tamb�m Betim, Ribeir�o das Neves, Santa Luzia e Nova Lima, al�m de diversos outros pontos da capital e o aeroporto de Confins. A reportagem mostrou os desafios or�ament�rios e a falta de vontade pol�tica para amplia��o do sistema, al�m do sufoco que passageiros do trem de superf�cie de BH enfrentam diariamente.