
Milh�es de toneladas de rejeitos de minera��o que vazaram com o rompimento da Barragem de Fund�o, em Mariana, na Regi�o Central de Minas, poder�o ser usados na constru��o civil por meio da cria��o de uma cadeia produtiva local de fabrica��o de tijolos, telhas, blocos e pisos. � o recomenda projetos aprovados pela Funda��o de Amparo � Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fepamig), que apresentam solu��es ecol�gicas para os rejeitos despejados na Bacia do Rio Doce em novembro do ano passado, devido ao rompimento da barragem da Samarco. A trag�dia foi em novembro do ano passado e destruiu comunidades inteiras, matou 19 pessoas e causou o maior desastre ambiental da hist�ria do pa�s.
Em abril deste ano, foi feita uma chamada p�blica para projetos que estudassem solu��es para os rejeitos, que apresentassem propostas n�o-convencionais e sustent�veis para recuperar �rea afetada pelo trag�dia.
Um dos projetos aprovados � do pesquisador Rafael Farinassi Mendes, doutor em Ci�ncia e Tecnologia da Madeira vinculado � Universidade Federal de Lavras (Ufla). O cientista j� desenvolve um estudo sobre a aplica��o de materiais lignocelul�sicos (eucalipto, pinus, baga�o de cana, casca de caf�, entre outros) em artigos a base de cimento, como telhas de amianto, blocos, pisos e tijolos.
Rafael Farinassi vai expandir a pesquisa e estudar a adi��o destas fibras vegetais aos res�duos de minera��o para produ��o de artigos ecol�gicos que possam ser usados com seguran�a na constru��o civil. Segundo ele, a mistura de eucalipto, pinus, baga�o de cana, casca de caf� e outros materiais nos rejeitos de min�rio vai permitir maior resist�ncia � tra��o, tenacidade e isolamento t�rmico nos materiais produzidos.
“Minha linha de pesquisa trabalha com a substitui��o do amianto por comp�sitos de fontes renov�veis. O cimento � muito quebradi�o, pode trincar e quebrar. Por outro lado, ele pode ser melhorado com a inser��o das fibras vegetais, da mesma forma que os res�duos de minera��o, agregando novas propriedades ao material e ampliando a sua utilidade”, disse Farinassi.
A medida, segundo o pesquisador, vai permitir a substitui��o de materiais de enchimento, como a areia, e tamb�m a substituir outros componentes de custo mais elevado, como o pr�prio cimento, assegurando o uso de res�duo de min�rio em grande escala. O material produzido a partir do rejeito de min�rio poder� ser comercializado em larga escala e, inclusive, usado na reconstru��o de casas, estabelecimentos, ruas e cal�adas da pr�pria regi�o da trag�dia.
Outra pesquisa � de Fernando Soares Lameiras, do Centro de Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear (CDTN), cuja proposta � usar o res�duo depositado no leito do Rio Gualaxo do Norte e na Barragem de Candonga para fabricar blocos semelhantes ao tijolo maci�o.
Lameiras espera atingir as especifica��es t�cnicas exigidas pelo mercado de constru��o civil, como resist�ncia e absor��o de �gua adequadas. “A inten��o � de pegar o res�duo, formado por lama, argila, material arenoso e org�nico, e acrescentar um baixo percentual de fundente. Depois de colocar no forno, forma-se uma liga bastante resistente e assim conseguimos aproveitar o material. A mat�ria org�nica queima e n�o atrapalha a mistura. A ideia � fazer um agregado parecido com um tijolo, que pode ser usado em alvenaria, por exemplo”, disse Lameiras.
Al�m de permitir a destina��o adequada dos res�duos, a proposta prev� cria��o de novas fontes de emprego e renda para a popula��o afetada pela trag�dia. . Microempresas locais seriam criadas, para fabrica��o dos materiais de constru��o civil, promovendo economicamente a regi�o da trag�dia. (Com informa��es da Ag�ncia Minas Gerais).