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Estado de Minas

Homens redesenham seu papel na fam�lia e assumem fun��es na cria��o dos filhos

Perfil � recomendado pelo Unicef no Guia da Paternidade Ativa. Hoje eles j� se deparam com dramas de consci�ncia di�rios que at� ent�o era exclusividade das mulheres que trabalham fora


postado em 14/08/2016 06:00 / atualizado em 14/08/2016 07:54

O publicitário Maurilo Andreas e a filha Sophia: cumplicidade construída em cotidiano de dedicação(foto: Marcos Vieira/EM/D.A Press)
O publicit�rio Maurilo Andreas e a filha Sophia: cumplicidade constru�da em cotidiano de dedica��o (foto: Marcos Vieira/EM/D.A Press)

No s�culo passado, era comum os pais serem figuras distantes, vistos sobre um pedestal de poder, provis�o do sustento e for�a, daquele tipo a quem o filho pedia licen�a para se aproximar. Os novos papais, chamados de ativos pelo Guia da Paternidade Ativa, lan�ado este ano pelo Fundo das Na��es Unidas para a Inf�ncia (Unicef), j� se deparam com dramas de consci�ncia di�rios que costumavam ser exclusividade das m�es que trabalham fora.

Na cabe�a desses homens do terceiro mil�nio, que querem ver os filhos crescerem e pretendem ser correspons�veis pela educa��o, surgem preocupa��es como a necessidade de conciliar a agenda do servi�o e a rotina das crian�as, a resist�ncia das mulheres em dividir o colo e at� a sensa��o de ser menos valorizado pelos filhos, na compara��o com as m�es. Mas tamb�m curtem pequenos momentos que antes lhes passavam despercebidos. Como as m�es, padecem no para�so.


“Meu filho, papai est� aqui esperando voc� nascer. Papai te ama muito e mam�e tamb�m est� muito ansiosa pela sua chegada. Dieg�o n�o est� aqui agora, mas seu irm�o vai ser seu amigo”, improvisou o administrador de empresas Cristiano Amorim, de 35 anos, todo paramentado, falando para a c�mera da Maternidade Otaviano Neves. Mal segurava a afli��o para ver o rostinho do segundo filho, Caio, que nasceu com 3,8 quilos e 52cm na sexta-feira, sendo preparado durante nove meses no ventre da psic�loga Fabiana Ziviani, de 34.

A “surpresa” teria alta neste domingo, exatamente no Dia dos Pais. “Sei que muitos n�o aguentam ver sangue. Mas vou entrar l� (na sala de parto) e acompanhar tudo. � uma pena o Diego n�o poder vir. Ser� que ele vai receber bem o irm�o?”, pergunta-se o pai de segunda viagem.

Cristiano Amorim com a mulher Fabiana e Caio, seu segundo filho: 'Não quero ser aquele pai sisudo'(foto: AgnesBorges.Megaphoto/Divulgação )
Cristiano Amorim com a mulher Fabiana e Caio, seu segundo filho: 'N�o quero ser aquele pai sisudo' (foto: AgnesBorges.Megaphoto/Divulga��o )

Na nova paternidade, que est� em processo de mudan�a na sociedade, est� previsto que os homens desenvolvam habilidades que antes pensavam nem ter, como ajudar filhos a se trocar, a se alimentar e a fazer o dever de casa, por exemplo.

“No cen�rio atual, � esperado que os homens sejam protagonistas de uma mudan�a de pap�is para os quais, muitas vezes, n�o foram preparados para exercer nem encontram mecanismos para tal. Quem consegue fazer isso pode se considerar um pai diferenciado, que est� rompendo barreiras hist�ricas”, afirma Rafael Acioly, de 33, educador do Instituto Papai, fundado h� 19 anos no Recife (PE).

Ele lembra que, desde cedo, mulheres em geral s�o adestradas a brincar de casinha e bonecas, enquanto os meninos lidam com elementos de for�a, nos her�is; de trabalho, nos kits de ferramenta; e de velocidade, nos carros e caminh�es.

APRENDIZADO


“A paternidade se aprende com a pr�tica”, ensina o Guia sobre a Paternidade Ativa do Unicef, distribu�do no Chile, o que torna natural que existam d�vidas e preocupa��es sobre como ser pai. “N�o quero ser aquele pai sisudo, aquele pai julgador, aquele que dita o que � certo ou errado. Prefiro ser o pai companheiro, amigo. Mas pode ser que, amanh�, eu veja que tudo isso deu errado e tenha de fazer o contr�rio”, reflete Cristiano Amorim, mais emotivo, antes de entrar na sala de parto para assistir ao nascimento do filho.

O administrador explica que, na rotina da fam�lia, � ele quem leva para a escola o mais velho, Diego, de 1 ano e 4 meses, todos os dias, fazendo quest�o de almo�ar sempre em casa. Com a chegada de mais um, a tend�ncia natural � que os trabalhos aumentem. “Fa�o tudo o que posso, mas as crian�as pequenas s� chamam pela mam�e, vov�, titia. Tenho a sensa��o de que, se eu sumisse agora e voltasse quando os meninos crescessem um pouquinho, n�o faria muita falta. � s� depois de 2, 3 anos de idade que o pai entra na hist�ria, com a fun��o de mostrar autoridade”.

Empenho em participar

V�tima das agendas. Esse seria o slogan de si mesmo, definido pelo publicit�rio e escritor Maurilo Andreas, de 44 anos, autor do blog O Pastelzinho, instalado no Portal Uai. Ele n�o tem pudores em revelar o sentimento de culpa por n�o dedicar ainda mais tempo a Sophia, de 11. Chegou a cogitar refazer os planos da carreira a longo prazo, mas depois deixou o lado extrovertido e brincalh�o, seu tra�o mais conhecido, falar mais alto. “Depois, lembrei-me que Sophia tem agenda 10 vezes pior do que a minha”, desconversa.

O nascimento da filha mexeu com a cabe�a do profissional: “Chegou a passar pela minha cabe�a reduzir a jornada de trabalho em prol de uma pretensa qualidade de vida com as duas (a filha Sophia e a mulher, Fernanda) mas depois refleti que seria complexo demais. O tempo livre poderia se transformar mais tarde em �cio, frustra��o. “Tento ser um pai ativo, mas se estou conseguindo n�o d� para saber”, confessa ele, que busca a filha na escola duas vezes na semana e a leva ao futebol com a mesma periodicidade.

H� um m�s, Maurilo lan�ou um livro com as hist�rias inventadas para a menina, que s� aceita o pai na hora de dormir. “Fa�o as vozes dos personagens. Deve ser isso”, afirma ele, sem esconder uma ponta de satisfa��o. Ao que parece, Sophia d� todo o apoio � carreira do pai.

“No Dia do Escritor, ela fez uma homenagem para mim. Gravou um v�deo para a ag�ncia onde trabalho”, conta. Quanto � possibilidade de ser um pai ausente, mais afastado da fam�lia, dedicado �s cria��es, Maurilo responde: “Isso n�o � uma op��o para mim. N�o sou assim, nem quero ser. Mas n�o vou julgar a realidade das outras fam�lias, Cada pessoa sabe do seu dia a dia”.

SEJA ATIVO
Guia do Unicef de como ser um bom pai no terceiro mil�nio


»  Ter uma rela��o afetuosa e incondicional com seu filho
»  Manter uma rela��o que v� al�m do provimento financeiro
»  Participar dos cuidados di�rios e da cria��o do seu filho, dando comida, ajudando-o a se vestir, colocando-o para dormir e ensinando-o
»  Promover um v�nculo carinhoso, de apego m�tuo e de proximidade emocional com seu filho
»  Compartilhar com a m�e as tarefas de cuidados com o filho e com a casa
»  Estar envolvido em todos os momentos do desenvolvimento do seu filho: gravidez, nascimento, primeira inf�ncia, inf�ncia e adolesc�ncia
»  Incentivar o desenvolvimento de seu filho: lendo hist�rias, cantando e/ou colocando m�sica, apoiando-o em trabalhos de casa e brincando com ele

Como arranjar tempo para o filho


»  Sobre as dificuldades de conciliar a participa��o ativa na cria��o do filho com uma eventual carga pesada de trabalho, pequenos momentos devem ser respeitados quando poss�vel
»  Vale pedir permiss�o no trabalho para participar de alguma atividade escolar do filho, ou lev�-lo ao m�dico, por exemplo. Quando n�o for poss�vel, � importante se manter informado de tudo o que aconteceu nessas ocasi�es
»  No caso de o pai passar o dia inteiro fora de casa, deve garantir que o pequeno tempo que tem com o filho seja de qualidade: priorizando o contato f�sico e o di�logo e evitando distra��es como TV e celularGuia do Unicef de como ser um bom pai no terceiro mil�nio


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