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Estado de Minas

Capivaras viram foco de pol�mica por causa de morte de febre maculosa em BH

Destino de animais, hospedeiros de bact�ria causadora da doen�a e do transmissor envolve uma lista de autoridades, especialistas e ambientalistas, ainda sem consenso


postado em 16/09/2016 06:00 / atualizado em 16/09/2016 07:22

Futuro de roedores será debatido hoje por representantes de pelo menos oito órgãos e já ocupa até o Judiciário Federal (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A.Press)
Futuro de roedores ser� debatido hoje por representantes de pelo menos oito �rg�os e j� ocupa at� o Judici�rio Federal (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A.Press)

Um problema urbano, um desafio para a sa�de p�blica, uma batalha judicial e uma controv�rsia entre especialistas, tudo concentrado em uma �nica esp�cie de animal: as capivaras da Pampulha. Depois que a contamina��o por febre maculosa matou uma crian�a de 10 anos em Belo Horizonte, intensificou-se a pol�mica em rela��o ao destino dos animais, hospedeiros da bact�ria que causa a doen�a e do carrapato que a transmite. O futuro dos roedores deve ser debatido hoje em reuni�o no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renov�veis (Ibama), na capital, e o tamanho da lista de convidados d� a dimens�o n�o s� da gravidade da quest�o, como da dificuldade de solucion�-la. Devem participar do encontro em busca de uma solu��o representantes das secretarias municipais de Sa�de e do Meio Ambiente, da Funda��o Zoo Bot�nica, do Corpo de Bombeiros, da Defesa Civil Municipal, da Pol�cia Militar do Meio Ambiente e do Minist�rio P�blico estadual.


O temor � tanto que j� h� relatos de pessoas atacando capivaras, assim como h� quem apresente a proposta pol�mica de que elas devem ser exterminadas. Enquanto isso, especialistas e ambientalistas defendem o controle da popula��o de roedores e formas alternativas de combater o carrapato. Existe inclusive o argumento de que retirar os animais pode prejudicar a luta conta a febre maculosa. “Remover as capivaras da lagoa � um grande erro. Seria um tiro no p�”, defende o professor da Universidade Federal de Vi�osa Tarcizio Antonio Rego de Paula, respons�vel por investiga��o cient�fica no c�mpus, que passou por infesta��o de carrapatos h� quatro anos.

O professor explica que a retirada ou exterm�nio das capivaras n�o garante o fim do carrapato-estrela, que transmite a doen�a. Segundo ele, os roedores adultos s�o resistentes e refrat�rios ao micro-organismo que causa a febre maculosa, pois, ap�s se infectar, criam anticorpos naturais contra a doen�a. Nesse sentido, elas s�o consideradas “sentinelas”, constituindo barreiras naturais que impedem a propaga��o da bact�ria. O maior risco � a infec��o dos filhotes, que ainda n�o t�m prote��o de anticorpos.

O especialista lembra ainda que o transmissor da doen�a � o carrapato-estrela, que, na aus�ncia dos roedores, poder� se hospedar em outros animais de conv�vio mais pr�ximo com o ser humano, como cachorros, cavalos e at� aves. Isso aumentaria o risco de epidemia de febre maculosa. Al�m disso, a remo��o da popula��o de capivaras deixaria o territ�rio livre para a chegada de outros bandos � Pampulha.

No c�mpus de UFV, Tarcizio orientou trabalho de controle das capivaras e dos carrapatos. A popula��o, ent�o de 68 animais, se reduziu para quatro. As a��es envolveram vasectomia dos machos e a ligadura das tubas uterinas das f�meas. De forma paralela, foram usados cavalos, que eram colocados em diferentes pontos como “iscas” para os carrapatos. Depois, � noite, os animais eram tratados para o combate ao parasita. “Reduzimos as reclama��es relativas a picadas de carrapatos, que eram constantes”, afirmou.


DESEQUIL�BRIO Outro que defende o manejo das capivaras na lagoa � o especialista em animais silvestres Leonardo Maciel, professor da PUC Minas. Ele tamb�m perga a esteriliza��o dos animais adultos. “Elas vivem de 8 a 10 anos. Com a castra��o, o poder p�blico ter� esse tempo para controlar os carrapatos”, diz. Por�m, o especialista condena a aplica��o indiscriminada de inseticida ou carrapaticida. “N�o � vi�vel. Pode representar a morte de insetos, aves e a contamina��o da �gua. Um completo desequil�brio ecol�gico”, alerta.

O Movimento Mineiro pelo Direitos dos Animais tamb�m � contr�rio ao exterm�nio das capivaras. Adriana Ara�jo, umas das representantes do grupo, defende, al�m do controle reprodutivo, a implanta��o de chips nos animais, para que sejam monitorados. Outra medida importante, segundo ela, � a conscientiza��o da popula��o. “O cidad�o que encontrar um carrapato no corpo tem que se dirigir a um posto de sa�de ou hospital e avisar sobre a situa��o”, defende. A ambientalista ressalta que o carrapato-estrela � end�mico, ou seja, sua ocorr�ncia � natural na regi�o da Pampulha, e que a retirada das capivaras n�o eliminaria o parasita. “Seria um desperd�cio de dinheiro p�blico e abriria espa�o para outros grupos migrarem para a regi�o”, afirma.

O debate sobre a situa��o dos animais na Pampulha j� ocupa at� a Justi�a Federal. Depois de interven��o da prefeitura, que iniciou a retirada das capivaras da lagoa, o Minist�rio P�blico entrou com a��o no Tribunal Regional Federal da 1ª Regi�o, que concedeu liminar para que os roedores voltassem a ser soltos na orla. O processo seguiu para Bras�lia e ainda n�o houve an�lise do m�rito.

 

 

 

ponto cr�tico

 

Voc� � a favor de eliminar as capivaras da Pampulha?

 

SIM

 

Rom�rio Cerqueira Leite,
professor de doen�as parasit�rias dos animais da Escola de Veterin�ria da UFMG

 

 

“Minha posi��o � pela da eutan�sia das capivaras. Na Pampulha n�o se consegue nada em termos de limpeza p�blica se elas n�o forem retiradas. E, como n�o � poss�vel o transporte, por estarem contaminadas, o caminho � elimin�-las. As capivaras est�o em local errado, pois l� n�o � �rea silvestre. A Pampulha � uma �rea antropizada, que pertence ao ser humano, fora do universo de animais do tipo. � o equipamento urbano mais importante da cidade, que atende a todas as classes. A prefeitura tentou uma solu��o com a captura dos roedores, mas a a��o foi embargada. O Ibama � que deveria assumir essa responsabilidade, mas n�o tem estrutura. Quem quiser ver capivaras deve ir ao zool�gico.”

 

 

 

N�O

 

 

 

Leonardo Maciel,
especialista em animais silvestres e mestre em medicina veterin�ria,  professor convidado da PUC Minas

 

“A quest�o tem que ser tratada como assunto de sa�de p�blica, em termos cient�ficos. �rg�os como Ibama, Secretaria do Meio Ambiente e universidades t�m que assumir responsabilidades. A lagoa da Pampulha � um lugar aberto, portanto, retirar as capivaras pode abrir o territ�rio para outros animais. Vir� um n�mero muito maior do que as que hoje est�o l�. E a capivara n�o � o �nico hospedeiro do carrapato. Se retir�-las, os parasitas ter�o cavalos, cachorros e gatos como hospedeiros. Vamos tamb�m elimin�-los? O mais l�gico � o controle da popula��o de roedores e o combate aos carrapatos, mas a aplica��o de produtos qu�micos em toda a orla da lagoa n�o � vi�vel. ”


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