
A empresa por tr�s do aplicativo n�o revela os n�meros da frota, alegando quest�o de estrat�gia de mercado. Contudo, motoristas que ganham a vida com a plataforma de transporte estimam que as duas modalidades (Black e X) somam em torno de 3,5 mil carros. “N�o tenha d�vida de que a grande maioria � do modelo mais barato”, sustenta um senhor de 60 anos, que se identifica apenas como Geraldo, e que cadastrou o Gol da fam�lia no servi�o h� quatro meses. J� Hugo de Oliveira tem dois ve�culos inscritos. “Um Black e um X, mas rodo mais com o segundo, porque h� maior demanda de passageiros”, disse.
Considerando os dados informais, a frota do Uber seria praticamente a metade da dos t�xis em BH, que soma atualmente 6.992 ve�culos. Mesmo assim, a disputa com a nova forma de transportar passageiros, sem controle do poder p�blico, afetou a renda dos taxistas. Quem explica � Dirceu Reis, diretor do Sincavir, sindicato que representa a categoria: “O n�mero de pessoas transportadas caiu, em m�dia, pela metade. Consequentemente, o pre�o da di�ria da placa tamb�m despencou. Quem pagava cerca de R$ 150 para us�-la durante 24 horas agora desembolsa R$ 100”.
A crise econ�mica no pa�s foi outro fator a contribuir para as quedas. Mas a fuga dos passageiros para o Uber levou o diretor do Sincavir a imaginar uma situa��o antes impens�vel, se a categoria n�o tivesse a concorr�ncia do aplicativo e os indicadores econ�micos fossem melhores. Dirceu n�o descarta a possibilidade de os taxistas abrirem m�o do reajuste dos valores de bandeirada e de quil�metros rodados em fevereiro de 2017, data-base da categoria. “H� uma possibilidade de n�o ocorrer aumento. Afinal, n�o h� demanda suficiente para isso”, considera.
A invas�o de motoristas do Uber tamb�m causou impacto no tr�nsito, pois j� h� quem opte por deixar o carro na garagem e pagar pelo servi�o do aplicativo, como acredita Frederico Rodrigues, s�cio da Imtraff, empresa especializada em projetos para o tr�nsito. “Ainda n�o h� n�meros, mas � certo que o Uber est� promovendo uma altera��o da divis�o modal do transporte de passageiros na capital mineira”, sustenta.
Um dos poucos dados neste sentido s�o os apurado em pesquisa encomendada pelo aplicativo ao Instituto DataFolha, realizada no fim de julho, e � qual o Estado de Minas teve acesso com exclusividade. A sondagem mostra que 21% dos entrevistados na capital mineira s�o usu�rios do aplicativo.
Mas alguns desses passageiros sentiram na pele os efeitos da disputa envolvendo a plataforma e os taxistas. Em agosto de 2015, o m�sico Marcel Telles e a jornalista Luciana Machado foram agredidos por tr�s taxistas no Bairro Uni�o, na Regi�o Nordeste da capital. A Justi�a aceitou a den�ncia do Minist�rio P�blico de Minas Gerais e o trio poder� ser julgado por tentativa de homic�dio – o primeiro caso no pa�s motivado pela disputa entre as duas categorias.
LIMINAR Apesar dos impactos causados pelo Uber, a situa��o do aplicativo continua a mesma perante a prefeitura. O munic�pio n�o concorda com o servi�o da forma como � prestado. No in�cio do ano, o prefeito Marcio Lacerda sancionou a Lei 10.900, estabelecendo que o transporte remunerado de passageiros por aplicativos seja feito exclusivamente por motoristas cadastrados na BHTrans. O texto prev� multa de R$ 30 mil em caso de desobedi�ncia. Por�m, h� duas semanas o Uber conseguiu no Tribunal de Justi�a de Minas Gerais (TJMG) liminar para se desviar dos efeitos da nova legisla��o. A prefeitura informou que vai recorrer da decis�o.