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Estado de Minas

Adolescentes de projeto social de BH viram estrelas na pe�a Peter Pan

Crian�as do Aglomerado da Serra coordenadas pela Creche das Rosinhas assumem papel de estrelas no cl�ssico Peter Pan, que ser� encenado no domingo, no Teatro Alterosa


postado em 27/10/2016 06:00 / atualizado em 27/10/2016 07:41

O elenco da peça, tendo ao fundo a comunidade: enredo de dedicação e superação se transforma em peça adaptada à realidade da cidade e dos atores(foto: Euler Júnior/EM/DA Press)
O elenco da pe�a, tendo ao fundo a comunidade: enredo de dedica��o e supera��o se transforma em pe�a adaptada � realidade da cidade e dos atores (foto: Euler J�nior/EM/DA Press)
Ali eles s�o estrelas. N�o importa de onde vieram, cen�rios de car�ncia ou limita��es pessoais. Ali, eles d�o vez e voz a personagens das hist�rias infantis. E esperam nada mais do que aplausos calorosos no fim do espet�culo. Domingo, as luzes do palco v�o se acender para 13 crian�as moradoras do Aglomerado da Serra, na Regi�o Centro-Sul de Belo Horizonte. Na pele de Peter Pan e sua turma, a meninada promete arrasar na encena��o de mais uma aventura desse her�i em eterna luta contra o Capit�o Gancho.


O trabalho � �rduo e feito ao longo de todo o ano, como parte das atividades com 40 crian�as e adolescentes de 6 a 14 anos na Creche das Rosinhas, localizada na Vila Nossa Senhora da Concei��o, mantida pelo Grupo Esp�rita Francisco de Assis (Gefa), tamb�m da Serra. Tanta dedica��o da meninada, que ensaia e participa ativamente do processo de montagem e cria��o, incluindo a escolha do tema e o texto, culmina na apresenta��o em um teatro de verdade, no fim do ano. Pelo segundo ano, a pe�a ser� exibida no Teatro Alterosa, no Bairro Floresta, Regi�o Leste de BH.

O projeto Toda Quinta tem nove anos de estrada e, nesse per�odo, j� subiu aos palcos com pe�as como Frozen, Alice no pa�s das maravilhas e O m�gico de Oz. O objetivo � levar alegria a esses meninos e desenvolver neles a capacidade de descobrir novas profiss�es. N�o � s� a encena��o que importa: muitos se encantam pela ilumina��o e at� pelo estilismo. Integrar os participantes a todo o processo � sin�nimo de valoriza��o, como explica o diretor da creche, Newton Lobo. “A autoestima deles � aumentada, independentemente do local onde vivem e da condi��o social de risco. � importante tamb�m pois eles percebem que s�o notados e se sentem relevantes por fazer algo produtivo”, afirma.

Para esses meninos e meninas, o teatro � mais do que encena��o. � um resgate, como � caso de Emily Vit�ria Barbosa Veloso, de 12 anos. A aluna do 7º ano do ensino fundamental vai pisar no palco pela primeira vez, interpretando Sininho. Por causa da pe�a, est� aprendendo a deixar de lado a timidez, grande parte ligada a uma defici�ncia que tem na perna. “�s vezes n�o consigo ficar em p�, por isso, passo muito tempo sentada. Com o teatro, tenho que ir de um lado para o outro, o que me ajudou a desenvolver os movimentos”, diz. Na escola os resultados tamb�m s�o percept�veis: “Presto mais aten��o e ou�o o que a professora fala. Aprendi mais coisas”.

"Passo muito tempo sentada. Com o teatro, tenho que ir de um lado para o outro, o que me ajudou a desenvolver os movimentos", Emily Vit�ria Barbosa Veloso, 12 anos (foto: Euler J�nior/EM/DA Press)
O capit�o Gancho � o adolescente M�rcio Augusto Batista Goulart, aluno do 9º ano do ensino fundamental, que est� no projeto h� tr�s anos. E n�o deu outra: ele se apaixonou pelo teatro. Vestir a fantasia, se produzir, ver o p�blico... Tudo isso se tornou familiar. “Penso em ser um dos maiores atores do mundo”, afirma, em tom confiante. “Quando entro no palco � maravilhoso. N�o sou mais o M�rcio, sou realmente aquele personagem”, afirma. O garoto, que n�o queria saber de teatro quando come�ou, decidiu fazer o curso do Pal�cio das Artes. “O teatro me ajudou a pensar no que vou ser no futuro, a correr atr�s”, relata.

Para dar vida a Wendy, a menina sonhadora que se juntou aos irm�os em uma grande aventura, Kessily Lorrane Cardoso Amorim, de 13, estudante do 7º ano, n�o mediu esfor�os. Essa � sua segunda pe�a. Ano passado, viveu a personagem Ana, da anima��o Frozen. “Fiquei muito emocionada na primeira vez. Fiquei com medo de errar a fala, mas a cada vez que entrava no palco ficava ainda mais feliz”, conta. A garota quer ser veterin�ria, atriz ou modelo, mas se impressiona com um sonho que tem corriqueiramente: que � uma bailarina, dan�ando com sapatilha de ponta, fazendo um solo sob os aplausos do p�blico. “Fa�o aula de bal� e j� estou na ponta, mas n�o tive ainda a oportunidade de dan�ar”, lamenta.

"Quando entro no palco � maravilhoso. N�o sou mais o M�rcio, sou realmente aquele personagem", M�rcio Augusto Batista Goulart, 16 anos (foto: Euler J�nior/EM/DA Press)
A narradora da pe�a ser� Milena Ara�jo Siqueira, de 14, estudante do 8º ano. Em 2013, ela interpretou Dorothy, do cl�ssico O m�gico de Oz. “Esse papel � mais complicado, pois � dif�cil ter interpreta��o nas falas. � preciso prestar muita aten��o para n�o errar”, diz. Depois das aulas de teatro, a menina aprendeu a se soltar e a conversar mais claramente. Na escola tamb�m teve resultados preciosos: “Comecei a ler. Antes n�o gostava”.

A ca�ulinha da turma, Emily Lu�sa Moura da Silva, de apenas 8 anos, aluna do 3º ano, viver� a princesa da trama. Encarando o palco pela terceira vez consecutiva, a menina sabe que quer ser atriz. J� Samara Alexandre Goulart, de 12, aluna do 6º ano, far� sua estreia e promete entrar em cena sem timidez. O personagem principal, Peter Pan, ser� interpretado por V�ctor Ferreira da Silva, de 12, do 7º ano. “Teatro � um jeito de me soltar, aprender, conversar mais com as pessoas, arranjar mais amigos e mostrar aos outros que as pessoas podem ter talento”, ressalta. A press�o sentida por causa de tanta gente vendo o espet�culo � superada facilmente: “Penso que n�o posso errar, do contr�rio vou atrapalhar as pessoas que est�o comigo”.

Realidade espelhada nos textos


No projeto Toda Quinta, um pedido da comunidade � prontamente atendido: levar sempre para dentro das pe�as a realidade dos meninos, uma maneira n�o s� de se apropriarem do lugar onde vivem como tamb�m de expressar seu orgulho. Assim, Wendy dir� ao capit�o Gancho que “o mal n�o compensa”. A frase n�o faz parte do roteiro original – foi elaborada pela menina Kessily Amorim, que interpreta a personagem, numa refer�ncia � viol�ncia a que est� exposta a comunidade e como forma de vencer o preconceito.

Da mesma forma, o Brasil e a cidade de Belo Horizonte s�o evocados no texto. Peter Pan sai da Inglaterra, kpassa pela floresta amaz�nica, chega a BH, passando pelo Parque das Mangabeiras, at� aterrissar no “nosso querido Serr�o”, a maneira carinhosa com que os moradores se referem ao Aglomerado da Serra. “O mundo hoje d� muito valor � imagem e, com esse trabalho, os meninos v�o se descobrindo. Na hora, fazem o papel deles e representam de fato o personagem”, afirma o diretor da Creche das Rosinhas, Newton Lobo.

O trabalho na institui��o � feito no contraturno escolar. Ele inclui ainda aulas de percuss�o e atendimento a gestantes jovens, contando com o apoio de volunt�rios e de doa��es. N�o h� patroc�nio. O teatro � feito com a renda arrecadada em bazares na pr�pria comunidade. Outra unidade, de educa��o infantil, mant�m conv�nio com a Prefeitura de BH para atendimento a 96 crian�as de 6 meses a 5 anos e 11 meses de idade.

SERVI�O


Peter Pan
Domingo, �s 11h30, no Teatro Alterosa
(Avenida Assis Chateaubriand, 499, Floresta)

Entrada franca. Organizadores pedem que o p�blico leve, se poss�vel, alimentos n�o perec�veis (arroz, feij�o, a��car, achocolatado e �leo)


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