
Comerciantes de animais vivos do Mercado Central de Belo Horizonte devem propor � Justi�a uma melhoraria das condi��es de acondicionamento e tamb�m o conforto dos bichos em suas lojas para tentar reverter a decis�o do juiz da 1ª Vara dos Feitos da Fazenda P�blica Municipal, Rinaldo Kennedy Silva. No dia 4, o magistrado suspendeu a entrada imediata de novos animais no mercado e determinou a retirada planejada dos ali existentes em 10 dias. Os comerciantes foram notificados na �ltima quinta-feira, quando come�ou a valer o prazo. A liminar do juiz � resultante de uma a��o do Minist�rio P�blico, que entende que o tratamento dos animais � inadequado e que tamb�m h� problemas relacionados � sa�de p�blica.
Cerca de 28 comerciantes e oito advogados passaram a tarde de ontem reunidos na administra��o do Mercado Central, mas n�o chegaram a um acordo se v�o recorrer ou n�o da decis�o judicial. A reuni�o deve continuar segunda-feira e at� quarta-feira de manh� eles esperam chegar a um acordo sobre a medida a ser tomada. Enquanto isso, comerciantes espalharam mesas pelo mercado e recolhem assinaturas para um abaixo-assinado a ser entregue ao prefeito Marcio Lacerda (PSB), pedindo a perman�ncia do “corredor dos animais”.
O juiz tamb�m determinou aos comerciantes que promovam a contagem e descri��o de todas as esp�cies existentes em seus estabelecimentos, que o Munic�pio de Belo Horizonte acompanhe a execu��o da liminar concedida mediante monitoramento, a retirada e destina��o adequada dos animais ali existentes e a imediata suspens�o das autoriza��es de venda de animais vivos. A multa para quem n�o cumprir a ordem judicial � R$ 10 mil.
De acordo com o diretor-presidente do Mercado Central, Jos� Agostinho Oliveira Quadros, o entendimento na reuni�o de ontem foi o que o Minist�rio P�blico n�o quer proibir a venda dos animais. “Entendemos que eles querem que a gente fa�a um acondicionamento dos animais melhor do que est� hoje e tamb�m melhorar o conforto. H� uma possibilidade de tentar essa negocia��o. Sou a favor do ditado popular de que � melhor um bom acordo do que uma boa demanda”, disse Agostinho.
Segundo ele, a decis�o judicial prejudicaria oito comerciantes. Outros, segundo ele, j� deixaram de vender animais em 1996 e passaram a trabalhar com venda de ra��o, conforme foi protocolo em 1998 no Conselho de Medicina Veterin�ria. “Mesmo assim, esses comerciantes foram citados na a��o do Minist�rio P�blico”, reclamou.

Vitor Aparecido Barbosa, de 49, disse n�o ter local para levar seus animais quando o prazo vencer na pr�xima semana. Ele amea�ou entregar seus bichos para o Minist�rio P�blico cuidar. “Nosso servi�o � legal. Os bichos s�o bem tratados. Cumprimos todas as exig�ncias do Ibama, da Vigil�ncia Sanit�ria”, reagiu. “Estamos tendo preju�zo. Pago aluguel de R$ 5 mil, pago funcion�rios e agora n�o posso mais comprar animais para refazer o estoque”, completou.
Frequentadores do mercado t�m opini�es diferentes sobre a decis�o judicial. O engenheiro ge�logo Paulo Amaral, de 74, disse que os animais sofrem aprisionados em gaiolas e que ele at� evita passar pelo corredor dos bichos. “A decis�o da Justi�a � maravilhosa, os animais sofrem demais, s�o mal acomodados, maltratados demais. Sem falar que � uma fedentina. Pode contaminar at� os alimentos que a gente compra no mercado”, opinou o engenheiro.
J� o aposentado Cl�udio Ant�nio Lacerda, de 56, � a favor da venda dos animais e at� assinou o abaixo-assinado. “A venda de animais aqui � muito antiga. J� � uma tradi��o. Nunca vi um animal sendo maltratado. J� comprei can�rios, cachorro, coelho e v�rios outros bichos aqui”, disse.
Vendedor em uma loja de queijos, a poucos metros dos animais, Victor Gabriel Santos Geamonoud, de 21, defende o fim do com�rcio dos bichos. Segundo ele, foram instaladas “cortinas de vento” no corredor dos animais, mas que n�o acredita que isso impe�a a contamina��o dos seus produtos por bact�rias transimitidas pelo ar. “As pessoas pegam nos bichos l� e depois pegam nos meus queijos aqui. A cortina de vento n�o consegue impedir nem o cheiro que vem do corredor dos animais”, reclamou.