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Estado de Minas

Thermas Internacional ser� fiscalizado ap�s morte de crian�a em piscina

Menino de 7 anos que comemorava anivers�rio no clube de Esmeraldas morreu por afogamento. Complexo admite n�o ter desfibrilador nem salva-vidas em piscinas


postado em 22/11/2016 06:00 / atualizado em 22/11/2016 07:54

Criança chegou a ser resgatada da piscina, mas morreu no hospital(foto: Rperodução/Internet)
Crian�a chegou a ser resgatada da piscina, mas morreu no hospital (foto: Rperodu��o/Internet)
O Thermas Internacional de Minas Gerais, complexo de lazer localizado �s margens na BR-040, em Esmeraldas, na Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte, ser� alvo de fiscaliza��o do Corpo de Bombeiros nos pr�ximos dias para verificar poss�veis irregularidades no sistema de seguran�a a banhistas.

Um dos alertas j� emitidos � dire��o do clube, que fica a 35 minutos da capital no sentido Sete Lagoas, � sobre a falta de desfibrilador, equipamento indicado para manobras de ressuscita��o, que deveria ter sido usado no �ltimo s�bado, quando uma crian�a se afogou em uma das 12 piscinas do local.

A v�tima foi um menino de 7 anos, que estava no complexo exatamente para comemorar seu anivers�rio. Bernardo Fran�a Rocha aguardava parentes descerem de um tobo�gua, sentado na borda de uma piscina com n�vel aproximado de 50 cent�metros e altura equivale � sua cintura, quando se afogou, supostamente ap�s sentir-se mal e cair.


Ele foi socorrido por um seguran�a do clube. Apesar de haver regulamenta��o da Sociedade Brasileira de Salvamento Aqu�tico (Sobrasa) para que toda piscina seja monitorada por salva-vidas certificado pela entidade e em n�mero suficiente, o clube admite que mant�m apenas funcion�rios de servi�os gerais com curso de primeiros-socorros atuando diretamente na vigil�ncia dessas �reas.

E que os quatro salva-vidas de que disp�e s�o tamb�m enfermeiros, posicionados em um posto m�dico na entrada do complexo e acionados diante de casos de urg�ncia. A dire��o informa tamb�m que nunca passou por fiscaliza��o municipal relativa ao assunto.

Bernardo comemorava o aniversário no clube(foto: Álbum de família/Divulgação)
Bernardo comemorava o anivers�rio no clube (foto: �lbum de fam�lia/Divulga��o)
O uso do desfibrilador nos primeiros minutos do atendimento pode fazer toda a diferen�a, como explica o instrutor de atendimento pr�-hospitalar dos Bombeiros, sargento Benedito Eduardo. “As manobras com uso do equipamento nos primeiros minutos do atendimento podem aumentar em at� 80%, 90% as chances de sobreviv�ncia da v�tima”, atesta.

Ele explica ainda que o tempo de resposta do salva-vidas em um princ�pio de afogamento deve ser de, no m�ximo, 30 segundos, para evitar complica��es. “O princ�pio de afogamento deve ser identificado nos primeiros 10 segundos e o profissional tem mais 20 segundos para fazer o salvamento”, afirma.

Com esse tempo, explica o sargento, pode-se preservar e v�tima de uma parada respirat�ria. Mas passado esse prazo, o problema evolui para parada card�aca. “Todo guarda-vidas em alerta nunca espera ser chamado para o socorro, mas a todo tempo procura por banhistas que necessitam de sua ajuda”, destaca o bombeiro.

Em busca de explica��es

Al�m da presen�a do desfibrilador, h� outros equipamentos que s�o obrigat�rios em qualquer tipo clube, segundo o Corpo de Bombeiros: cilindro e m�scara de oxig�nio; m�scara para respira��o artificial; material flutuante, tipo boia; prancha longa e colar cervical pequeno, m�dio e grande – para casos de trauma. O Thermas Internacional informou ter todos esses, � exce��o do cilindro com m�scara, para o qual n�o houve confirma��o.

O problema � que, em um quadro em que equipamentos e tempo fazem toda a diferen�a, essa combina��o deu errado no caso de Bernardo. Nem o clube nem a fam�lia sabe ao certo por quantos minutos o menino ficou submerso. De acordo com uma tia do garoto, a analista comercial Isabelli Lages, de 22 anos, todos brincavam na piscina, quando resolveram descer pelo tobo�gua. Como o brinquedo era proibido para a idade de Bernardo, a fam�lia pediu que ele aguardasse sentado na borda da piscina.

“Todo mundo s� pediu isso e s� permitiu isso porque ele era um menino muito obediente, de �timo comportamento e, al�m de tudo, sabia nadar. A piscina era rasa. A �gua batia na cintura dele. N�o d� para entender o que aconteceu”, conta ela. No dia do acidente, estavam no clube a m�e de Bernardo, o irm�o dela, Isabelli, mulher dele, e os av�s maternos da crian�a. “Foi a conta de a gente subir, uns dois minutos, e ver que ele n�o estava mais no local combinado. A�, j� ouvimos algu�m dizer que havia uma crian�a se afogando e descemos, desesperados”, lembra, emocionada.
Isabelli Lages, que é tia da criança, denuncia que não havia salva-vidas na área de banhistas(foto: Rodrigo Clemente/EM/D.A PRESS)
Isabelli Lages, que � tia da crian�a, denuncia que n�o havia salva-vidas na �rea de banhistas (foto: Rodrigo Clemente/EM/D.A PRESS)


A fam�lia acusa o clube de neglig�ncia e denuncia a aus�ncia de um m�dico para procedimentos de urg�ncia, al�m da falta de desfibrilador e de salva-vidas nas piscinas. “Se havia um salva-vidas, onde ele estava ent�o, j� que foi uma outra pessoa que tirou o Bernardo da �gua? Estamos arrasados com tudo o que aconteceu. Sa�mos de casa para uma comemora��o e nos vimos em meio a uma trag�dia dessas”, lamenta.

CORRERIA Isabelli conta que depois de retirado da �gua, o menino recebeu os primeiros-socorros de uma enfermeira na beira da piscina, mas estava inconsciente. De acordo com o sargento Benedito Eduardo, ele pode ter tido um mal s�bito ao entrar na �gua, pois vomitou muito depois de resgatado. “O v�mito � normal, mas, pelo tipo de alimento que ele expeliu, sugere que ele ainda estava em processo de digest�o, o que exige fluxo de sangue para o est�mago. Se ele entrou na piscina e fez um movimento de pernas e bra�os, for�ou ainda mais o deslocamento sangu�neo para essas �reas e deixou o c�rebro com d�ficit sangu�neo. Nessas circunst�ncias, ocorre o desmaio. E se ele estava na �gua, essa pode ser uma explica��o para o afogamento”, disse.

O menino foi atendido tamb�m pelo Corpo de Bombeiros, que chegou 20 minutos depois do princ�pio de afogamento e pelo Samu, que chegou em 40 minutos. Ap�s aplicar adrenalina, a equipe conseguiu resgatar o batimento card�aco da crian�a. A Pol�cia Civil vai apurar se houve omiss�o de socorro m�dico.

A dire��o do clube assume a falta do desfibrilador e admite que n�o sabia da necessidade de manter o equipamento dispon�vel para salvamentos. Tamb�m informou que prestou toda a assist�ncia � fam�lia e que vai adotar todas as recomenda��es que forem determinadas pelo Corpo de Bombeiros para se regularizar.

Acidente e ocorro

Como foi a epis�dio que rovocou a morte de Bernardo


12h

A fam�lia de Bernardo Fran�a Rocha, de 7 anos, chega ao clube Thermas Internacional de Minas Gerais, em Esmeraldas (a 35 minutos de BH), para passar o dia. O passeio � para comemorar o anivers�rio do garoto, que havia ocorrido um dia antes.

15h30

O grupo de cinco pessoas decide descer de um tobo�gua permitido apenas para maiores de 10 anos. O menino � orientado a ficar sentado na borda da piscina, cuja profundidade era de 50 cent�metros, na altura da barriga de Bernardo, que segundo familiares sabia nadar.

15h32

Dois minutos depois, os parentes do alto do tobo�gua observam que Bernardo n�o est� no local combinado, escutam que uma crian�a est� se afogando e descem. A crian�a � retirada da �gua, inconsciente, por um seguran�a do clube. Na borda da piscina, come�a a receber primeiros-socorros

16h

Bombeiros s�o chamados e chegam em cerca de meia hora, continuando o socorro, no estabelecimento, que n�o tem desfibrilador. Por volta de 16h20, equipe do Samu inicia o atendimento no local. A crian�a segue de helic�ptero para o Hospital Jo�o XXIII, em BH, onde chega no in�cio da noite.

Domingo

Depois de exames e protocolos m�dicos seguidos, � constatada morte cerebral de Bernardo, que ap�s ser recebido no hospital era mantido respirando com ajuda de aparelhos. A fam�lia decide pela doa��o de �rg�os. O corpo ser� velado e enterrado hoje, em Belo Horizonte.

Afogamentos aumentam

O n�mero de afogamentos dos primeiros 10 meses deste ano j� supera em 15% todas as ocorr�ncias desse tipo registradas em Minas em todo o ano passado. Enquanto de janeiro a outubro de 2016 foram 434 casos, em 2015 o total foi de 378. Al�m de a marca j� ter superado a do ano passado, o Corpo de Bombeiros estima que as ocorr�ncias ainda aumentem, devido ao ver�o e diante da hist�rica falta de cuidado das pessoas. “Este ano superou em raz�o das altas temperaturas. Foi um ano quente, mas os casos tendem a aumentar”, disse o sargento Benedito Eduardo.


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