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Estado de Minas

Minas Gerais pede mais vacinas contra a febre amarela

Na corrida contra a febre amarela, Minas pede mais 2 milh�es de vacinas para �reas de risco. Para especialistas, sa�de p�blica falhou ao permitir baixo �ndice de imuniza��o


postado em 18/01/2017 06:00 / atualizado em 18/01/2017 07:51

Procura por vacina cresceu especialmente nos postos próximos a hospital de BH que recebe doentes com suspeita de febre amarela(foto: Túlio Santos/EM/DA Press)
Procura por vacina cresceu especialmente nos postos pr�ximos a hospital de BH que recebe doentes com suspeita de febre amarela (foto: T�lio Santos/EM/DA Press)
Na luta contra o surto de febre amarela em Minas Gerais, que j� contabiliza 184 casos suspeitos, com 53 mortes em investiga��o, as vacinas se destacam e assumem papel de protagonismo para frear o quadro cr�tico que n�o para de piorar. Depois de receber 1,4 milh�o de doses do Minist�rio da Sa�de desde o in�cio do problema, a Secretaria de Estado de Sa�de de Minas Gerais (SES/MG) solicitou mais 2 milh�es de unidades para imunizar a popula��o das �reas de risco, que come�ar�o a chegar na sexta-feira. Especialistas avaliam que essa a��o � essencial para conter o surto e reverter a situa��o negativa, mas criticam a falta de a��es anteriores dos �rg�os de vigil�ncia epidemiol�gica com rela��o ao baixo �ndice de imuniza��o contra a doen�a em Minas Gerais. Segundo a SES/MG, balan�o dos �ltimos 10 anos permite concluir que apenas 49% da popula��o estava devidamente protegida antes do surto. A pr�pria SES/MG admite que a vulnerabilidade � ainda maior nas zonas rurais, justamente os locais que exigem mais aten��o contra a doen�a, segundo o Minist�rio da Sa�de.

�ltimo balan�o oficial da SES/MG mostra que 184 casos s�o considerados suspeitos, dos quais 53 evolu�ram para a morte dos pacientes. At� o momento, j� h� uma primeira confirma��o para 37 casos – entre eles 22 �bitos –, que torna esses diagn�sticos “prov�veis” de febre amarela. Para que ocorra uma confirma��o oficial, ainda � necess�rio concluir a investiga��o sobre hist�rico de vacina e outras informa��es dos pacientes. A rela��o entre mortes e casos prov�veis permite dizer que 59% dos pacientes que tiveram a primeira indica��o para febre amarela em Minas morreram, o que configura uma alta letalidade da doen�a. Se todos os casos e mortes suspeitos forem confirmados, o surto ser�, de longe, o maior dos �ltimos 10 anos no Brasil, j� que, em 2008, morreram 27 pessoas, segundo o Minist�rio da Sa�de. Em Minas, h� registro de 23 �bitos em 2003, n�mero que ser� pulverizado caso o total de suspeitos de 2017 se confirme.

Para a m�dica infectologista Helena Br�gido, que � membro do Comit� de Arboviroses da Sociedade Brasileira de Infectologia, o quadro vivenciado em Minas Gerais tem como uma causa importante a baixa imuniza��o da popula��o mineira. “� inadmiss�vel que tenhamos uma doen�a imunopreven�vel (que pode ser prevenida com vacina��o) e as metas de vacinas n�o sejam alcan�adas, principalmente em �reas pr�ximas de matas”, afirma a especialista. Como a��es para corrigir o problema, a m�dica explica que existem op��es mais a curto prazo, como inclus�o da febre amarela nas grandes campanhas de vacina��o e tamb�m medidas que podem fazer efeito mais a m�dio e longo prazo. “Na escola, por exemplo, o ideal seria que as crian�as apresentassem a carteira de vacina��o. Tamb�m acho que toda campanha vacinal deveria ter a febre amarela, como ocorre com o Z� Gotinha”, afirma.

�REAS DE RISCO Se por um lado a vacina��o � falha na preven��o, ela tem aparecido em larga escala no meio do surto da doen�a nos vales do Rio Doce e do Mucuri, que ocupam as regi�es Leste e Nordeste de Minas. Ontem, a SES/MG informou que j� tinha recebido 1,4 milh�o de doses do Minist�rio da Sa�de e solicitou mais 2 milh�es. As primeiras 550 mil dever�o chegar na sexta-feira. “A medida mais importante � vacinar a popula��o das �reas de maior risco. O ideal � elevar o percentual de imuniza��o a um patamar que evite a circula��o do v�rus”, afirma o pesquisador da Funda��o Oswaldo Cruz (Fiocruz) Guilherme Franco Netto, que � especialista em sa�de, ambiente e sustentabilidade. Tanto Guilherme Franco Netto como Helena Br�gido pontuam que a vacina��o n�o � uma a��o para toda a popula��o, contando todas as cidades, nas �reas urbanas e rurais. Ela deve levar em conta o p�blico de risco, que inclui moradores dos locais onde existe circula��o do v�rus e tamb�m aqueles que v�o visitar os lugares que est�o em �reas de mata na zona rural.
Em Ipatinga, uma UTI com 10 leitos foi criada no Hospital Márcio Cunha apenas para receber casos graves de febre amarela(foto: Cássio Santana/Fundação São Francisco Xavier)
Em Ipatinga, uma UTI com 10 leitos foi criada no Hospital M�rcio Cunha apenas para receber casos graves de febre amarela (foto: C�ssio Santana/Funda��o S�o Francisco Xavier)

MAIS LEITOS O esfor�o de vacina��o se junta a outras a��es que est�o em curso no estado para evitar mais mortes, como a abertura de leitos em cidades como Te�filo Otoni (Vale do Mucuri), Ipatinga e Caratinga (Vale do Rio Doce) para receber os pacientes com suspeita de febre amarela. A SES/MG negocia a abertura de 80 leitos em tr�s hospitais de Te�filo Otoni e Caratinga, mas j� conta com uma estrutura de 10 leitos de Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) no Hospital M�rcio Cunha, em Ipatinga. Segundo Mauro Oscar Soares de Souza Lima, que � superintendente-geral de Hospitais da Funda��o S�o Francisco Xavier, mantenedora da unidade, uma nova UTI foi criada apenas para receber casos graves de febre amarela.

“Somos a refer�ncia dos pacientes graves e recebemos pessoas de toda a �rea de surto. Hoje (ontem), ficou acertado com o estado que teremos apoio de um helic�ptero para transporte de pacientes, porque tr�s ou quatro horas de deslocamento em uma estrada podem ser decisivos para o futuro de algu�m em estado grave”, afirma. Desde o primeiro caso, em 6 de janeiro, 24 pacientes passaram pelo Hospital M�rcio Cunha. Cinco morreram, outros quatro receberam alta e 15 permanecem internados, sendo 10 na UTI.

NO CALEND�RIO De acordo com a SES/MG, a vacina de febre amarela est� recomendada nas a��es de rotina dos programas de imuniza��o que fazem parte do calend�rio nacional de vacina��o e deve ser aplicada em residentes da �rea com Recomenda��o de Vacina (ACRV) e em viajantes que se deslocam para ela, o que � o caso de Minas Gerais. “Portanto, em todas as campanhas de vacina��o realizadas pela SES/MG, � refor�ada a import�ncia de manter o cart�o atualizado. A �ltima campanha ocorreu em setembro do �ltimo ano e, entre as vacinas recomendadas est� a de febre amarela”, informou a pasta em nota.

Ainda segundo a secretaria, n�o h� falta de vacinas no estado. O que pode acontecer s�o desabastecimentos pontuais por tr�s raz�es: organiza��o e planejamento dos munic�pios atingidos pelo surto, falta de espa�o nas cidades para armazenamento de vacina (o que pode inviabilizar doses que n�o tiverem local para ser mantidas) e log�stica de deslocamento das doses, que est�o sendo transportadas em caminh�es pelas estradas e a quest�o geogr�fica pode atrasar a chegada.


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