(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Falta de esta��es de tratamento no Norte de Minas piora situa��o do Rio S�o Francisco

Em Pirapora, por exemplo, o S�o Francisco recebe esgotos do C�rrego Entre Rios por falta de redes


postado em 30/01/2017 06:00 / atualizado em 30/01/2017 07:49

Sem as ETEs, o esgoto é jogado diretamente nas águas do São Francisco, aumentando ainda mais a poluição(foto: Aparício Mansur/Esp. para o EM)
Sem as ETEs, o esgoto � jogado diretamente nas �guas do S�o Francisco, aumentando ainda mais a polui��o (foto: Apar�cio Mansur/Esp. para o EM)
Montes Claros/Pirapora/Buritizeiro – Enquanto as obras de revitaliza��o do Rio S�o Francisco n�o s�o executadas por conta da falta de recursos, a situa��o de agonia na bacia se agrava com o avan�o do assoreamento e a redu��o do seu volume. Em v�rios locais, sem a implanta��o das prometidas Esta��es de Tratamento de Esgoto (ETE), o rio se torna cada vez mais polu�do enquanto moradores sofrem com a falta de redes de esgoto.

“Infelizmente, o que temos assistido � o volume do rio diminuir cada vez mais, com o aumento dos problemas ecol�gicos e sociais. Por outro lado, n�o vimos investimentos na bacia por parte do governo federal e dos governos estaduais”, afirma Silvia Freedmann, coordenadora do Alto S�o Francisco do Comit� da Bacia Hidogr�fica (CBHSF). “Na pr�tica, s� existem a��es da sociedade civil e ribeirinhos”, completa Freedman, que coordena uma regi�o que abrange mais de 240 munic�pios na bacia do Velho Chico em Minas Gerais, Goi�s, Distrito Federal e parte da Bahia.

Ela salienta que, embora o governo federal tenha relan�ado o projeto de revitaliza��o do Rio S�o Francisco, com o nome de “Novo Chico”, no ano passado, na pr�tica, ainda n�o foi implementada nenhuma a��o para a preserva��o do rio, pois a libera��o de verbas n�o ocorreu.

Silvia Freedman lembra que o Velho Chico nunca atingiu um volume t�o baixo como o atual, com apenas 700 metros c�bicos por segundo de vaz�o na barragem de Sobradinho (BA). Essa situa��o � decorrente do desmatamento, de retirada de matas ciliares e do assoreamento. E ela chama a aten��o para outro grave problema: a abertura de po�os tubulares de forma indiscriminada, o que provoca a redu��o do len�ol fre�tico e seca as nascentes.

“Com o secamento dos afluentes, as comunidades precisam de �gua para o consumo humano e para manter os animais. A�, s�o abertos po�os de forma desordenada, provocando a redu��o da quantidade de �gua subterr�nea. Isso � uma amea�a ao aqu�fero Urucuia, que contribui com as nascentes do Alto S�o Francisco”, alerta a ambientalista. “Hoje, os dois principais problemas que afetam a bacia s�o o secamento das nascentes, com a explora��o descontrolada de �gua do subsolo e o assoreamento, em fun��o da retirada da cobertura vegetal das margens”, completa Freedman.

VAZ�O REDUZIDA O secret�rio-executivo do Comit� da Bacia Hidrogr�fica do Rio S�o Francisco, Lessandro Gabriel da Costa, considera a falta de recursos para o tratamento de esgoto como uma das quest�es mais s�rias ao longo do Velho Chico. Ele salienta que, com a escassez de chuvas, desaparecimento de nascentes e o assoreamento, a vaz�o do rio tem reduzido drasticamente. Com isso, a polui��o aumenta com maior concentra��o de esgoto na �gua. “O esgoto mata toda a vida aqu�tica”, observa Lessandro.

O secret�rio-executivo do CBHSF afirma que, “desde foi descoberto” por Am�rico Vesp�cio em 4 de outubro de 1504, o Velho Chico sofre com o desmatamento, drenagem de lagoas marginais e veredas para favorecer a agricultura e o pisoteio do gado nas nascentes. Nos �ltimos anos, com o crescimento desordenado das cidades, agravou-se o problema do lan�amento de esgoto e lixo nas �guas, com os munic�pios n�o contando com recursos pr�prios para resolver a quest�o. Ele lembra ainda que, at� ent�o, apesar do prometido plano de saneamento b�sico para “despoluir” o S�o Francisco, Lagoa da Prata (Centro-Oeste de Minas) � a �nica cidade de toda bacia (504 munic�pios) que tem uma Esta��o de Tratamento de Esgoto (ETE) que processa 100% dos detritos.

A agonia do Velho Chico sem os investimentos na revitaliza��o � testemunhada por Sidney Ol�mpio, secret�rio municipal de Cultura, Turismo e Meio Ambiente de Janu�ria (Norte de Minas). “O Rio S�o Francisco est� morrendo por conta da degrada��o. As matas ciliares n�o existem mais. As veredas e afluentes tamb�m est�o secando. O pior � que ao mesmo tempo que fala em recupera��o, o governo libera financiamento para empresas que desmatam e acabam com as veredas e nascentes”, reclama Ol�mpio, lembrando que, como mostrou s�rie de reportagens do Estado de Minas, diversas veredas que formam o Pandeiros (um dos principais afluentes do Velho Chico) j� est�o secas.

"Como toda a popula��o, tive a esperan�a de que pelo menos a rede esgoto da cidade fosse constru�da. Mas, como nada foi feito, a gente tem que usar fossa e, mesmo assim, tem esgoto que cai direto no rio. Fazer o que, n�?" - Messias Nunes, de 47 anos, forneiro (foto: Apar�cio Mansur/Esp. para o EM)

Popula��o recorre a fossas

O programa de revitaliza��o do Rio S�o Francisco, lan�ado no primeiro mandato do ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva, previa a constru��o de uma s�rie de Esta��es de Tratamento de Esgoto (ETE) em munic�pios da bacia. Mas, em v�rios deles, as obras iniciaram e n�o tiveram prosseguimento. Por isso, o manancial continua sendo polu�do e a popula��o sofre com a falta da obra.

A situa��o � verificada em Buritizeiro (Norte de Minas). Em outubro de 2009, o ent�o presidente Lula lan�ou o projeto da ETE do munic�pio. Na ocasi�o, ele garantiu que o projeto n�o seria deixado pela metade e que a revitaliza��o do Velho Chico n�o sofreria interrup��o, citando a��es como o reflorestamento para recuperar as matas ciliares e o tratamento de esgoto como medidas imprescind�veis.

No entanto, pouco tempo depois de iniciadas, as obras da constru��o da ETE e da implanta��o de 100 quil�metros de redes coletoras de esgoto da cidade foram interrompidas. A empreiteira vencedora da licita��o abandonou a obra, ap�s abrir valetas e enterrar a tubula��o.

Por isso, at� hoje, os moradores sofrem com a falta de redes de esgoto, a poucos metros do leito principal do Velho Chico. Mesmo aqueles que n�o despejam esgoto direto no rio o faz indiretamente, pois tem que recorrer a fossas, que contaminam o solo e, consequentemente, poluem o manancial, por meio de len��is subterr�neos.

"Presenciamos esta polui��o no c�rrego por causa da falta de rede de esgoto. Essa �gua aqui (do Entre Rios) � esgoto puro, que vai direto para o S�o Francisco. Assim, a cada dia, o rio recebe mais esgoto 'in natura' e fica mais assoreado" - Cauby Santos Pereira, de 53 anos (foto: Apar�cio Mansur/Esp. para o EM)
O forneiro Messias Nunes, de 47 anos, conta que construiu uma fossa para servir ao �nico banheiro da casa. Mas, como mora praticamente no barranco do Velho Chico, uma parte do esgoto dom�stico da resid�ncia escorre a c�u aberto e cai direto no leito do rio. “Como toda a popula��o, tive a esperan�a de que pelo menos a rede esgoto da cidade fosse constru�da. Mas, como nada foi feito, a gente tem que usar fossa e, mesmo assim, tem esgoto que cai direto no rio. Fazer o que, n�?”, diz Messias.

O almoxarife Josu� Adalto da Silva, de 61, reclama que, diante da falta de rede de esgoto, j� est� iniciando a abertura da terceira fossa no quintal de sua casa, situada pr�xima do leito do S�o Francisco. Ele disse que ficou esperan�oso de que o “sofrimento” iria acabar diante da promessa da ETE. “Na �poca que o (ex-presidente) Lula veio aqui, a expectativa era �tima. Teve muita promessa. Eu acho que at� o dinheiro saiu, s� que n�o foi aplicado em nada para a gente”, afirma.

Da mesma forma, o aposentado Antonio Francisco da Silva, de 78, lamenta que a popula��o continue enfrentando a falta de rede de esgoto. “Parece que o dinheiro para a obra veio. Mas, n�o sei o que fizeram”, diz.

Do outro lado do rio, no munic�pio de Pirapora, Cauby Santos Pereira, de 53, assiste com tristeza a situa��o do c�rrego Entre Rios, que despeja no Velho Chico. “Presenciamos esta polui��o no c�rrego por causa da falta de rede de esgoto. Essa �gua aqui (do Entre Rios) � esgoto puro, que vai direto para o S�o Francisco. Assim, a cada dia, o rio recebe mais esgoto 'in natura' e fica mais assoreado”, protesta.

OUTRO LADO A Companhia de Desenvolvimento dos Vales do S�o Francisco e Parna�ba (Codevasf), por meio da sua Diretoria Regional em Minas Gerais (sediada em Montes Claros), informou que j� foi elaborado novo projeto do sistema de tratamento de esgoto de Buritizeiro. As obras est�o or�adas em R$ 21 milh�es e est� sendo aguardada a libera��o de recursos para a retomada dos servi�os. O novo projeto foi elaborado por uma empresa contratada, que cobrou R$ 486,47 mil para a sua conclus�o.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)