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Estado de Minas

O legado de Oswaldo Cruz est� na raiz do pr�prio SUS, atestam estudiosos

No Brasil e no exterior, o sanitarista tem reconhecimento no campo da sa�de


postado em 12/02/2017 06:00 / atualizado em 12/02/2017 08:44

Oswaldo Cruz, debruçado à direita, na biblioteca entre colegas(foto: Acervo Casa de Oswaldo Cruz)
Oswaldo Cruz, debru�ado � direita, na biblioteca entre colegas (foto: Acervo Casa de Oswaldo Cruz)

Um homem de prest�gio incontest�vel, que junto a outros sanitaristas como Carlos Chagas, Belis�rio Penna, Arthur Neiva e Adolfo Lutz sa�ram dos hospitais e laborat�rios e cruzaram as divisas de estados no Brasil n�o s� para prestar atendimento m�dico, mas para estudar formas de transmiss�o e vetores das doen�as que tanto matavam � �poca. No Brasil, bem como no mundo cient�fico internacional, Oswaldo Cruz tem reconhecimento imensur�vel no campo da sa�de.

Esteve � frente da Instituto Soroter�pico Federal e da Diretoria Geral de Sa�de, que no futuro e depois de profundas mudan�as se transformou no Minist�rio da Sa�de. Atuou contra a peste bub�nica, a var�ola e a febre amarela, doen�a esta que conseguiu derrotar no Rio de Janeiro e no Par�. Realizou a campanha de saneamento da Amaz�nia e permitiu, tamb�m, o t�rmino das obras da Estrada de Ferro Madeira-Mamor�, cuja constru��o havia sido interrompida pelo grande n�mero de mortes entre os oper�rios, provocadas pela mal�ria.

Com tantos feitos, Oswaldo Cruz � visto por especialistas em sa�de p�blica como um grande exemplo de sua �poca e seu trabalho um legado para a sa�de p�blica que os 100 anos de sua morte – em 11 de fevereiro de 1917 – n�o deixam esquecer.


A data � para a doutora em hist�ria das ci�ncias Ana Luce Gir�o uma “grande varanda” para observa��o da obra do sanitarista. A pesquisadora, que atua na Casa de Oswaldo Cruz, unidade que se dedica � mem�ria da Funda��o Oswaldo Cruz (Fiocruz), destaca o valor simb�lico e o respeito que o trabalho do m�dico teve ao longo do tempo, bem como o valor pr�tico e a consolida��o das pesquisas feitas em v�rias �reas que continuam sendo t�o importantes dentro da sa�de p�blica brasileira.

“Ele deixou heran�as t�o ricas que contribu�ram para a forma��o do que hoje � o SUS (Sistema �nico de Sa�de), que n�o � s� atendimento m�dico, mas � pesquisa, produ��o de medicamentos, de vacinas, controle epidemiol�gico e tantos outros aspectos que nos fazem continuar a batalhar por esse sistema t�o importante”, afirma.

Conhecido por um m�todo de trabalho e pesquisa obstinado que se tornou relevante para a �poca, Oswaldo Cruz tamb�m deixou importante feito para a educa��o em sa�de. A hist�ria da Fiocruz, centro de pesquisa que leva seu nome, teve in�cio em 1900, com a cria��o do Instituto Soroter�pico Federal, na buc�lica Fazenda de Manguinhos, Zona Norte do Rio de Janeiro.

Inaugurada originalmente para fabricar soros e vacinas contra a peste bub�nica, a institui��o experimentou, desde ent�o, uma intensa trajet�ria, que se confunde com o pr�prio desenvolvimento da sa�de p�blica no pa�s e com a hist�ria de vida do sanitarista.

A Fiocruz foi palco de grandes avan�os, como o isolamento do v�rus HIV pela primeira vez na Am�rica Latina e o deciframento do genoma do BCG, bact�ria usada na vacina contra a tuberculose. “Oswaldo Cruz foi o maior sanitarista brasileiro e, pelo seu trabalho inicial, temos hoje um dos maiores programas de vacina��o do mundo”, afirma o especialista e mestre em sa�de p�blica Kleber Rangel Silva, que � assessor da Diretoria-Geral da Escola de Sa�de P�blica do Estado de Minas Gerais (ESP-MG).

Kleber explica que o pioneirismo de Oswaldo Cruz foi marcado essencialmente pelo trabalho de descri��o dos ciclos das doen�as e dos vetores, da forma como elas afetavam as popula��es e pelo combate, que criou uma consci�ncia sanit�ria em uma �poca de condi��es prec�rias de saneamento b�sico, limpeza urbana e abastecimento de �gua.

EXPEDI��ES


O Instituto Oswaldo Cruz tamb�m colaborou com a Secretaria dos Neg�cios da Agricultura, Com�rcio e Obras P�blicas do Minist�rio da Via��o, promovendo expedi��es ao interior. Seus principais m�dicos e cientistas acompanharam obras de infraestrutura, como a constru��o de ferrovias, a inspe��o sanit�ria de portos e a extra��o de borracha na Amaz�nia, com o objetivo de reverter quadros epid�micos em �reas restritas.

Em 1906, Carlos Chagas parte em expedi��o a S�o Paulo, para debelar um surto de mal�ria na regi�o em que a Companhia Docas de Santos constru�a uma usina hidrel�trica. No mesmo ano, ele, Arthur Neiva e Rocha Faria partem para Xer�m, na Baixada Fluminense, em campanha contra a mal�ria, onde eram constru�dos reservat�rios de �gua pela Inspetoria Geral de Obras, para o abastecimento da cidade do Rio de Janeiro.

Em 1907, Arthur Neiva vai a S�o Paulo, a servi�o da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil, em expedi��o de combate � mal�ria, enquanto Carlos Chagas e Belis�rio Penna seguem para Minas Gerais, tamb�m em combate � mal�ria, que dificultava os trabalhos de prolongamento da Estrada de Ferro Central do Brasil. J� em 1910, foi a vez de Oswaldo Cruz seguir para Ribeir�o das Lages (RJ), em inspe��o sanit�ria das obras de constru��o da usina hidrel�trica da Cia. Light and Power. E no mesmo ano, ele e Belis�rio Penna seguem para a Amaz�nia, em a��o de controle da mal�ria para a Madeira-Mamor�.

Entre outras viagens, os cientistas percorreram lonjuras do interior do pa�s passando ainda pelos rios Solim�es, Juru�, Purus, Acre, Iaco, Negro e o Baixo Rio Branco, em expedi��o requisitada pela Superintend�ncia da Defesa da Borracha. Tamb�m percorreram Piau�, Pernambuco, Bahia e Goi�s para o reconhecimento topogr�fico e o levantamento sanit�rio das regi�es secas, por requisi��o da Inspetoria de Obras Contra as Secas, �rg�o do Minist�rio dos Neg�cios da Ind�stria, Via��o e Obras P�blicas.

 

 Revolta da vacina

(foto: Reprodução do livro: Só rindo da saúde - Exposição Itinerante/Fundação Oswaldo Cruz)
(foto: Reprodu��o do livro: S� rindo da sa�de - Exposi��o Itinerante/Funda��o Oswaldo Cruz)

O trabalho de Oswaldo Cruz tamb�m foi alvo de rea��es populares contr�rias e n�o foi poupado por artigos, discursos, charges e poemas sat�ricos. Em 1903, quando assumia a Diretoria-Geral de Sa�de P�blica, o m�dico sanitarista deu in�cio a um programa de moderniza��o do Rio de Janeiro (ent�o capital do pa�s), cujo grande objetivo era a reforma urbana do prefeito Pereira Passos.

Seu objetivo principal era o saneamento, centrado no combate a tr�s doen�as – a peste bub�nica, a febre amarela e a var�ola. Para isso, Oswaldo Cruz adotou brigadas contra mosquitos, pol�cia sanit�ria, expurgo de resid�ncias sem condi��es sanit�rias adequadas, al�m de demoli��o dessas habita��es. A rea��o n�o tardou, j� que o processo de remodela��o urbana e sanit�ria teve impactos sociais e pol�ticos e o trabalho de Oswaldo Cruz enfrentou resist�ncia da popula��o.

Com o lan�amento do novo regulamento sanit�rio, que impunha, entre outras coisas, a obrigatoriedade da vacina��o contra a var�ola, em 1904, a resist�ncia contra o sanitarista chega ao �pice. Al�m de ser por princ�pios ideol�gicos, essa recusa em ser vacinado ocorreu porque as pessoas n�o sabiam o que era a vacina e tinham medo de seus efeitos, o que gerou, em novembro de 1904, o movimento conhecido como a “Revolta da Vacina”.

 

 As hip�teses do surto


No EM.com.br, confira v�deo explicativo sobre como a degrada��o ambiental e o descuido com a vacina��o ajudam a entender o pior surto de febre amarela da hist�ria recente do Brasil. O Estado de Minas conversou com infectologistas e primatologistas, que apontam os dois fatores como hip�teses da dissemina��o da doen�a, que j� matou 68 pessoas apenas em Minas Gerais. Segundo eles, ecossistemas mais fr�geis t�m mais chances de sofrer com a doen�a porque t�m menor diversidade.

Isso significa menos predadores dos mosquitos que transmitem a febre no meio silvestre – Haemagogus e Sabethes – e menos macacos, que s�o os primeiros a sofrer com a doen�a, acendendo o sinal amarelo para os humanos. Falta de cobertura vacinal, que n�o chega a �reas isoladas, m� conserva��o das vacinas e instabilidade pol�tica e econ�mica das regi�es afetadas tamb�m contribu�ram para o surto, que tem Minas como epicentro. Na noite de ontem, o v�deo tinha 1.985 compartilhamentos, 556 curtidas e seu alcance superava os 49 mil, Confira em https://bit.ly/2ltrtx6.


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